O Dom Maior

O Dom Maior

BEM VINDO(A)

2016-03-27

QUEM INFLUENCIOU QUEM?



FACULDADES INTEGRADAS URUBUPUNGÁ – FIU
CURSO DE FILOSOFIA





FLÁVIO DA CUNHA GUIMARÃES E
EVA LÚCIA COELHO






QUEM INFLUENCIOU QUEM -
A CORRENTE FILOSÓFICA GNÓSTICA NO CONTEXTO DO CRISTIANISMO INICIANTE









PEREIRA BARRETO – SP
2015
FACULDADES INTEGRADAS URUBUPUNGÁ – FIU
CURSO DE FILOSOFIA





FLÁVIO DA CUNHA GUIMARÃES E
EVA LÚCIA COELHO




QUEM INFLUENCIOU QUEM -
A CORRENTE FILOSÓFICA GNÓSTICA NO CONTEXTO DE CRISTIANISMO INICIANTE




Monografia apresentada às Faculdades Integradas Urubupungá - FIU - de Pereira Barreto, como requisito parcial para conclusão do Curso de Filosofia, orientada pelo Prof..º Natal Bíscaro Neto





PEREIRA BARRETO – SP
2015
AGRADECIMENTOS






            Queremos agradecer, em primeiro lugar, a Deus, o criador do Universo e sustentador, que nos deu a vida e conserva-a; nos dando a capacidade de pensar, de raciocinar, de racionalizar e expressarmos os pensamentos, o raciocínio em palavras audível e escritas.

            Em segundo lugar, aos familiares pelo apoio, incentivo, compreensão e a doação do tempo para que pudéssemos dedicar aos estudos e as pesquisas. Apoio este, importantíssimo nos momentos de dificuldades quando o tempo era escasso.

            Em terceiro lugar, a FIU – As Faculdades Integradas Urubupungá, da Estância Turística de Pereira Barreto/SP, por nos proporcionar a oportunidade de estarmos graduando em Filosofia e nos oferecer o suporte para que este sonho se tornasse realidade, juntamente com os seus funcionários.

            Em quarto lugar, ao corpo docente, os professores-mestres que nos trouxe conhecimento, incitou os pensamentos, incentivou aos estudos e as pesquisas para que não ficássemos no reducionismo, bem como a paciência em atender as dúvidas, respondendo as variadas perguntas ou considerações feitas no decorrer das aulas.

            Em quinto lugar, o agradecimento especial, ao professor-mestre, Natal Bíscaro, que é o nosso orientador quanto ao trabalho de conclusão de curso, que tão gentilmente aceitou tal incumbência de nos auxiliares nesta engenhoca tarefa. E,

            Por último, aos colegas de turma, pela convivência, amizade, pelo compartilhamento, as ajudas mútuas em um ambiente acadêmico sadio, nestes três anos de aprendizado e produção.









EPÍGREFE












     “Quando um filósofo se converte ao Cristianismo, no mínimo percebe ele ter mais uma vez diante de si os problemas centrais da filosofia”, (RICHARDSON, 1978, P. 187), problemas estes que são o não ter resposta para todas as questões da filosofia quanto a metafísica, mas só terão através da teologia. Além de ter que harmonizar a filosofia a fé cristã e vice-versa.













RESUMO

Guimarães, Flávio da Cunha e Eva Lúcia Coelho. QUEM INFLUENCIOU QUEM. 2015. Total de 80 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso de Filosofia das Faculdades Integradas Urubupungá – FIU – de Pereira Barreto–Brasil.

Esta Monografia tem como objetivo, fazer uma abordagem da Corrente Filosófica Gnóstica, a desconhecida da filosofia, que surgiu na Ásia Menor, antes de Cristo, que se fortaleceu no contexto do Cristianismo iniciante e desmistificar os aparentes equívocos abordados pelos autores de livros afins e citações em salas de aula, que a Filosofia Grega é que trouxe embaraços e ameaças para o Cristianismo, o que ao nosso ver e diante de pesquisas bibliográficas, tendo como base o autor Russel Norman Champlin e sua obra, “Enciclopédia Bíblica Teológica e Filosófica”, em seis volumes entre outros, não foi a Filosofia Grega o problema principal para o Cristianismo iniciante; pelo Contrário, os autores dos livros do Novo Testamento a usou em seu benefício. O que perturbou foi o Gnosticismo com seu sincretismo filosófico e religioso, do Primeiro ao início do Terceiro Século do Cristianismo, que perturbou também a Filosofia Grega. Portanto, se o gnosticismo é uma corrente filosófica como fica claro na pesquisa, ela deve merecer a atenção devida e ser estudada como as demais, o que não tem acontecido, até porque ela rompeu os séculos, está em plena atividade em nossos dias, em várias instituições e ramificações como estão citadas neste trabalho, com a Logosofia e Gnosiologia.

Palavras-Chaves: Cristianismo, Filosofia, Gnosticismo, Influencia e Ontologoia
























ABSTRACT


Guimarães, Flávio da Cunha and Eva Lucia Coelho. Who influenced whom. 2015. Whole 80 leaves. Work philosophy of Course of Integrated Schools Urubupungá - FIU - Pereira Barreto, Brazil.

This monograph aims to make an approach to the current Philosophical Gnostic, the unknown of philosophy, which originated in Asia Minor, BC, in the context of Christianity beginner, to demystify the apparent misconceptions addressed by the authors of related books and quotes in rooms class, that Greek philosophy is that brought embarrassment and threats to Christianity, which in our view and before literature searches, based on the author Russel Norman Champlin and his work, "Biblical Encyclopedia Theological and Philosophical" in six volumes, was not Greek philosophy the problem for Christianity beginner; On the contrary, the authors of the New Testament books used it to their advantage. What disturbed him was Gnosticism with his philosophical and religious syncretism, the first to the early third century of Christianity, which also disturbed the Greek Philosophy. So if Gnosticism is a philosophical current as is clear from the research, it should be given due attention and be studied as the other, which has not happened, because it broke the centuries, it is in full swing today, in multiple institutions and branches as are mentioned in this work, with Logosophy and Gnosiology.

Key Words: Christianity, philosophy, Gnosticism, Influences and Ontologoia
















SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 09

1 UMA CORRENTE FILOSÓFIA DESCONHECIDA DA PRÓPRIA FILOSOFIA:
    INTRODUÇÃO, ORIGEM E DEFINIÇÃO ...................................................................... 12

2 EXPOENTES DA FILOSOFIA GNÓSTICA ..................................................................... 18
   2.1 Os Principais Ensinamentos de Márcion ....................................................................... 23

3 DIALÉTICA DA FILOSOFIA GNÓSTICA ....................................................................... 27

4 ONTOLOGIA DA FILOSOFIA GNÓSTICA .................................................................... 32
   4.1 O Deus Ontológico da Filosofia Gnóstica ..................................................................... 34
   4.2 O Jesus Ontológico Para a Filosofia Gnóstica .............................................................. 35
   4.3 A Filosofia Gnóstica e os Aeons ................................................................................... 37
   4.4 O Espírito Santo Ontologicamente ................................................................................ 37

5 A ÉTICA DA FILOSOFIA GNÓSTICA ............................................................................ 39

6 A LITERATURA DA FILOSOFIA GNÓSTICA ............................................................... 41

7 FILOSOFIA GREGA X CRISTIANISMO: UMA RELAÇÃO DE AMOR E ÓDIA? ...... 44

8 A RELAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO COM A FILOSOFIA GNÓSTICA ............... 51
   8.1 Finalidade do Novo Testamento .................................................................................... 52
   8.2 O Combate Continua com os Pais Apostólicos ............................................................. 54
   8.3 Os Dois Lados da Moeda – Quem Influenciou Quem ................................................... 57

9 OS APOLOGISTAS CONFRONTAM AS HERESIAS ..................................................... 59

10 QUEM INFLUENCIOU QUEM? ..................................................................................... 65

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 69

12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 74

13 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 79





























                                                                                                                                     9
INTRODUÇÃO

            Ao estudarmos Filosofia, percebemos que os escritos e professores, dão um salto de Aristóteles para Agostinho de Hipona, com pequena pincelada sobre a filosofia patrística, com a ênfase e o enfoque quanto aos pais Eclesiásticos, que os mesmos estavam preocupados em defender os Dogmas do Cristianismo dos ataques da Filosofia Grega, quando na verdade, esse período foi de produção filosófica em que os pais Apostólicos, os Pais da Igreja e os próprios apologistas, se defenderam, não contra a Filosofia Grega; pelo contrário, alguns autores do Novo Testamento até usaram de conceitos, de ideias e de palavras dos grandes filósofos, como o LOGOS de Platão usado pelo Apóstolo João, no Evangelho de Jesus Cristo que ele escreveu. A grande dificuldade do Cristianismo iniciante e dos patrísticos, foi contra a Corrente Filosófica Gnóstica, a desconhecida da filosofia e que não é estudada em filosofia. Ela sim, naquele período confrontava as principais Doutrinas do Cristianismo que eram a Divindade, a Humanidade, a Morte, a Ressurreição de Jesus Cristo e a Salvação por meio DELE.

            Portanto, o objetivo desta pesquisa é trazer o enfoque para tal Corrente Filosófica quanto ao seu surgimento, o que pensava, o que defendia, o real perigo que ele ofereceu ao Cristianismo e o por que não é estudada nos cursos de filosofia já que é uma Corrente Filosófica como tantas outras que são estudadas. Não é estudada no curso de filosofia por qual razão? Por falta de conhecimento? Ou por considerar uma filosofia sem importância? A abordagem tem como pretensão demonstrar a sua importância dentro da história da filosofia, tanto quanto foram as outras correntes filosóficas, em seu tempo que influenciou pensadores, o Cristianismo, a própria Filosofia Grega e foi influenciada pela Filosofia platônica. Em vista disto é que no capítulo um (1) discutiremos sobre Uma Corrente Filosófica Desconhecida da Própria Filosofia. Foi o que constatamos através das pesquisas, pois nenhuma literatura fora do meio religioso, fora da história do Cristianismo trata da mesma, a não ser os que se consideram gnósticos. Por que uma Corrente Filosófica de tamanha importância que influenciou, não só o Cristianismo, mas também a própria Filosofia Grega é desconhecida no meio filosófico?

            No capítulo dois (2), dissertaremos que assim como a Filosofia Grega teve seu início,
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os seus grandes expoentes e escolas; a Corrente Filosófica Gnóstica também teve os seus grandes expoentes e suas escolas com um poder de persuasão tremendo. Entre vários, Márcion foi o mais proeminente e ousado, pois foi ele quem começou a selecionar os livros para a formação do cânon do Novo Testamento, o que forçou as Igrejas Primitivas a se posicionarem quanto aos livros que elas consideravam inspirados e que deveriam fazer parte da coleção do Novo Testamento. A Corrente Filosófica Gnóstica surgiu, não como inimiga da fé cristã a princípio, mas a intenção era reunir elementos cristãos aos elementos especulativos que já existiam no gnosticismo para a formação de um sistema filosófico religioso universal, que se tornou conhecida, forte e atingiu o seu apogeu no segundo século do Cristianismo através dos seus principais expoentes, na Síria, Saturnino; no Egito, Basilides; e em Roma, Valentino, Cerinto e Márcion, o que destacaremos a contribuição de cada um.

            Em se tratando do capitulo três (3), abordaremos a dialética da Corrente Filosófica Gnóstica, em que o conhecimento, a sabedoria e o dualismo eram os carros chefes do sistema. Conhecimento e sabedoria essas secretos, místicos, completos, mágicos, transcendentais e superiores, revelados por um agente divino como base para a salvação e todo o sistema ético das escolas gnósticas, bem como os ensinamentos e crenças. Defendiam um dualismo que pintava a clara divisão entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, entre o mundo material e o espiritual, Deus e Lúcifer e os aeons emanados de Deus.

            Já no capítulo quatro (4), discutiremos sobre a ontologia da Filosofia Gnóstica relativo aos homens, em que eram divididos por categorias, não sociologicamente, mas os psíquicos, os pneumáticos, os materialistas, os meio-espirituais e os espirituais. E que o Deus Altíssimo estava muito distante deste mundo, porque Ele não poderia ter contatos com a matéria se não seria contaminado e que Jesus Cristo era apenas mais um entre muitos aeons ou alguém de emanação angelical que havia alcançado o mais auto grau de auto iluminação.

            Prosseguimos discutindo no capítulo cinco (5), sobre a ética da Filosofia Gnóstica, em que ensinava que era necessário abusar do corpo mediante o ascetismo ou a licenciosidade, dependendo de escolas, porque assim ajudaria a destruir o corpo físico, a matéria que era má e contaminava, para libertar o espírito para que o mesmo voltasse a origem divina, alicerçados no dualismo em que defendiam. Dando uma pincelada quanto a literatura gnóstica no capítulo seis (6), para a seguir discorremos sobre o capítulo (7) que trata da Filosofia Grega X Cristia-
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nismo: Uma Relação de Amor e Ódio? No decorrer dos séculos as vezes sim, outros não. Tudo dependeu e ainda depende de ponto de vista, que na maioria dos casos são pessoas extremadas e radicais nos dois extremos. Chegamos ao capítulo oito (8) para tratarmos da relação do Novo Testamento para com a Filosofia Gnóstica. Relação essa de auto exclusão, pois são antagônicos. Para no capítulo nono (9) abordarmos a Relação dos apologistas com a Filosofia Gnóstica e Grega. Em relação a gnóstica foi repelente, já com a Grega foi amistosa e de cooperação a princípio. Para outros apologistas, no entanto, foi antagônica e se agravando a partir de Agostinho de Hipona e com Tomás de Aquino quando o mesmo afirmou que a filosofia era serva da teologia, havando aqueles, que foram poucos, que atacaram a Filosofia como pagã e inútil para a fé cristã, bem como destacamos aqueles que eram filósofos que vieram para o Cristianismo e que enriqueceram, dando a fé cristã uma expressão filosófica. Apologia esta que vasou os séculos e está em plena atividade em nossos dias, não só dentro do Cristianismo, mas também na própria filosofia em que a usa para reivindicar como sendo a mãe de todas as demais ciências. Relação essa que nos dias atuais parece estar em um ringue boxe em vias de fato. Para no capítulo dez (10), fazermos uma abordagem de Quem Influenciou Quem? Que é o título de nossa pesquisa. O que concluímos que as influencias foram recíprocas, tanto filosófica, religiosa e gnóstica. Em que as religiões, principalmente de mistérios, as fés influenciaram a Filosofia Grega, como esta influenciou na formação de conceitos elevados do Novo Testamento e do Cristianismo e os dois deram combustíveis para a criação da Corrente Filosófica Gnóstica e influenciaram-na também.











1 UMA CORRENTE FILOSÓFIA DESCONHECIDA DA PRÓPRIA FILOSOFIA: INTRODUÇÃO, ORIGEM E DEFINIÇÃO







































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            INTRODUÇÃO: Ao estudarmos Filosofia, observamos que tanto os escritores como os professores, em sala de aula, dão um salto da filosofia de Aristóteles para Agostinha de Hipona, dando uma pincelada superficial sobre o período Patrístico, deixando séculos em obscuro que foi de grandes discussões filosóficas e de grande produção, que é o caso da Corrente Filosófica Gnóstica, Uma Corrente Filosófica Desconhecida da própria filosofia. Foi o que constatamos através das pesquisas, pois não encontramos nenhuma referência em autores, livros de Filosofia Grega, nem mesmo na internet que fazem abordagens sobre a Corrente Filosófica Gnóstica. Nenhuma literatura fora do meio religioso trata da mesma, a não ser os que se consideram gnósticos. Por que uma Corrente Filosófica de tamanha importância que influenciou, não só o Cristianismo, mas também a própria Filosofia Grega é desconhecida no meio filosófico? Pelo fato de ser tratada só através de literatura que fala do Cristianismo? É por falta de conhecimento? Ou é intencional por estar ligado ao Cristianismo e, portanto, ser uma filosofia teológica?

            Portanto, se faz necessário apresentarmos a Corrente Filosófica Gnóstica para a Filosofia, pois a mesma não a conhece. – “Filosofia Grega, eis aí a Corrente Filosófica Gnóstica”. – “Prazer em conhece-la. Seja bem-vinda. Se sinta bem em nosso meio”. – “Obrigada. Para mim é uma honra fazer parte de um meio tão conceituado, divulgado, estudado e que faz com que tantas pessoas pensem um pouco mais antes de saírem por aí dizendo que são detentores da verdade, quando não o são. Para mim, é um privilégio estar em meio a tantas outras correntes filosóficas estudadas, visto que quero ser estudada, amada e respeitada tanto quanto as outras são”.

            ORIGEM: Para a maioria dos autores pesquisados são de comum acordo que a Corrente Filosófica Gnóstica, originou na Ásia Menor como se segue. Assim como a Filosofia Grega e Clássica tiveram seu início séculos antes de Cristo e chegou a Ásia Manor implantando o helenismo, assim também a Filosofia Gnóstica é pré-existente ao Cristianismo, foi o que constatamos em nossas pesquisas. Segundo Barros, Disponível em:  <http://www.dicionarioinformal.com.br/gnosticismo>, acessado em: 24/03/2015, diz que ela

Originou-se provavelmente na Ásia Menor, e tem como base as filosofias pagãs, que floresciam na Babilônia, Egito, Síria e Grécia. O gnosticismo combinava alguns elementos da Astrologia e mistérios das religiões gregas, como os mistérios de Elêusis, com as doutrinas do Cristianismo. Em seu sentido mais abrangente, o Gnosticismo significa a crença na Salvação pelo Conhecimento (Joan O'Grady) (1).
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O que Hagglund (1981), p. 27, é do parecer também que o “gnosticismo já existia quando o Cristianismo surgiu. [...] veio do Oriente, onde foi influenciado pelas religiões da Babilônia e da Pérsia” (2). Bem como Walker (1980), p. 79, indica que a origem do gnosticismo é preexistente ao Cristianismo e sua manifestação (3). O que Champlin, (2008), V. 2, p. 919, é do parecer também que “O gnosticismo já existia no mundo pré-cristão, como aliado das religiões místicas orientais. [...], com influência babilônicas, egípcias, iranianas e hindus” (4). Apesar de percebermos que os autores citados acima têm pequenas discrepâncias quanto as influências que a Corrente Filosófica Gnóstica sofreu, por outro lado são de comum acordo que teve sua origem antes do Cristianismo. E havia dois tipos de gnosticismo: o judaico e o pagão. Defendendo o dualismo exposto por Platão, a Corrente Filosófica Gnóstica tinha como base duas falsas premissas para o Cristianismo iniciante: Primeira – Defendia o dualismo entre o espírito e a matéria, de que ambos se opõem um ao outro. Segunda – Que a matéria é essencialmente má, o espírito é bom; portanto, não havendo a possibilidade de estarem juntos ou unidos. Filosofia essa que se espalhou como uma Corrente Filosófica Religiosa Sincrética de maneira ampla, popular por todo o mundo greco-romano, pelos séculos I e II d. C, influenciando as religiões e a Filosofia Grega, difundindo que era detentora de um conhecimento superior ao conhecimento religioso e filosófico de então.

            DEFINIÇÃO: Não era e ainda é difícil definir o Sistema Filosófico Gnóstico, visto que era e ainda é, por demais variados os seus pensamentos filosóficos, crenças, doutrinas e mistérios, que eram diferentes de lugar para lugar, de escola para escola, de autor para autor e em diversos períodos de sua história, o que abordaremos alguns de seus ensinamentos no decorrer desta pesquisa. Não há a possibilidade de o Cristianismo absorver o gnosticismo, pois hão de se auto excluírem, visto que são antagônicos.

            A Filosofia Gnóstica vem do termo grego (γνόσις – gnósis), que para os gnósticos significava ciência, conhecimento superior, interno, completo, transcendental, misterioso, secreto, especial e divino que brotava no coração do homem. Esse homem possuindo a gnósis era um homem, de acordo com o grego (δύναμις – dúvamis = poder), possuidor do poder espiritual, o que o fazia (πνευματκός – pneumáticos = espiritual); portanto, participante da natureza divina, fazendo-o imortal. Conhecimento esse que completa o ser, trazendo sentido para a vida; o que equivale, no grego a palavra (επιστεμη – episteme) (5), (MOULTON, 2007, P. 86) que originou a corrente Filosófica Epistemológica que caracteriza o conhecimento
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 cientifico que se opõe a opinião, enquanto que a Corrente Filosófica Gnóstica se opõe a ignorância e reivindica para si o conhecimento secreto sobre o universo e a existência humana. Portanto, como está caracterizado acima, ela é uma Corrente Filosófica Religiosa Pagã, que encontrou no Cristianismo os elementos necessários para o seu sincretismo religioso e dele fazendo uso para as suas conveniências, infiltrando no mesmo e lhe causando grandes controvérsias, que teve de ser combatida vigorosamente desde dos Evangelhos até ao Apologistas, já pelo III e IV séculos d C, Portanto, é uma Corrente Filosófica que deve ser estudada nos cursos de filosofia como tantas outras, tais como: “Os Idealistas”, “Os Materialistas”, “Os Escolásticos”, “Os Racionalistas”, “Empirismo”, “Os Pragmáticos”, “Os Fenomenologistas”, “Os Existencialistas” e “Os Pós-Modernos” (6), Ferreira, Disponível em: <http://vejamaisfilosofia.blogspot.com.br/p/ascorrentes-filosoficas-osidealistas.html>, acessado em 28 de setembro de 2015; bem como o  “Realismo”,  o “Ceticismo” e o  “Positivismo”(7), Celito Meier, disponível em: <http://celitomeier.com/anexos/CORRENTES%20FILOS%C3%93FICAS.pdf>, acessado em 28 de setembro de 2015.

            Como as correntes filosóficas arroladas acima são estudadas ou mencionadas no estudo contemporâneo de Filosofia, de igual modo deve-se estudar a Corrente Filosófica Gnóstica dentro do curso de filosofia e incluída nos livros de conteúdo programático, que ao nosso ver, diante das pesquisas, isso não acontece. E por que não acontece? Será que é por falta de conhecimento? Ou o não aparente interesse em estudar, pesquisar ou escrever sobre esta Corrente Filosófica se deve aos fatores, a seguir: Primeiro: Por falta de escritos seculares, isto é, fora do meio religioso-cristão, pois, os registros que se tem são dentro da História do Cristianismo e no meio religioso, mesmo diante das descobertas da biblioteca de Nag Hammadi, no Egito, em 1945, que são escritos gnósticos, porém, de cunho místico? Segundo: Por se tratar de uma Corrente Filosófica Religiosa Sincrética que veio para dentro do Cristianismo e até mesmo para a Filosofia Grega, criou-se barreiras, preconceitos em estuda-la, principalmente diante da disputa, no decorrer dos séculos, quem é detentora da verdade ou do conhecimento: a Filosofia Grega, o Cristianismo com os seus dogmas ou a Corrente Filosófica Gnóstica? Ao nosso ver, parece ser as razões acima que tem impedido o estudo desta Corrente Filosófica como as demais, o que apesar de não ser levada em consideração e a sério, isso não nega a sua existência, nem desmerece a sua importância e sua contribuição para o saber.
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            Deve ser estudada, também, para preencher o vácuo, que tanto os livros como os mestres, em sala de aula, dão um salto da Filosofia de Aristóteles, dando pequenas pinceladas no período do Cristianismo iniciante, aos pais Eclesiásticos, com a ênfase de que a Filosofia Grega trouxe embaraço e problemas para a fé cristã, o que para nós tal abordagem está um tanto equivocada como exporemos mais adiante, para considerar a Filosofia de Agostinho de Hipona, já no quinto século d C. Dando outro salto para considerar a Filosofia de Tomás de Aquino já no decimo terceiro século. Ficando, portanto, períodos obscuros como se não existisse nenhuma filosofia ou que a única filosofia existente nesses períodos foi agostiniana e a Tamasiana. Ou se existiu, não é digna de ser considerada, estudada e levada a sério. Por outro lado, concluímos que o período citado acima foi riquíssimo em produção de acirrados debates filosóficos, de influência recíproca, o chamado helenismo; e o filósofo mais estudado desde o tempo da diáspora até Agostinha de Hipona foi Platão, vindo em seguida Aristóteles.

            Deve ser estudada também porque ela não deixou de existir. A Corrente Filosófica Gnóstica sobreviveu pelos séculos e está atuante nos dias atuais de maneira vigorosa, no meio evangélico em que defende um Jesus muito mais divino do que humano, bem como através do espiritismo kardecista(8), exposto por Costa, disponível em <http://blogespiritismo.blogs.sapo.pt/espiritismo-ou-gnosticismo-codificador-345827>,  acessado em 27/10/2015, às 13:00h, e propagada pela Sociedade Gnóstica Internacional, Disponível em: <http://www.sgi.org.br/gnosticismo-antigo/>, acessado em 27/10/2015, que diz:

O estudo dos princípios fundamentais desta versão clássica do Gnosticismo permite entrever elementos metafísicos, míticos e teológicos que são comuns a grandes tradições filosóficas e religiosas do mundo. Em especial, estes elementos são mais visíveis no Budismo, no Hinduísmo, no Judaísmo e no Helenismo (9).

            Além das religiões citadas acima, podemos incluir outros grupos, tais como os Testemunhas de Jeová que negam que Jesus Cristo é o Próprio Deus encarando, o Deus-Homem. A Seicho-no-ie que ensina a filosofia de auto-bem-viver. Que o ser humano salva a si mesmo, com o slogan: “O modo feliz de viver em harmonia com a natureza” (10) e consigo mesmo, pensando de maneira otimista, ensinamentos estes que podem ser encontrados no site oficial, (SEICHO-NO-IE DO BRASIL), disponível em; <http://www.sni.org.br/>, acessado em 08/11/2015, às 15:00h). A Igreja da Unificação que ensina que Jesus Cristo falhou em sua missão, que Jesus realizou apenas a redenção espiritual do homem; portanto, Deus incumbiu o
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 reverendo Moon de fazer a obra que Jesus Cristo não fez. Autoproclamou-se o Messias, que ele é o mediador entre Deus e os homens (11), JUNIOR, Viana, Disponível em <http://www.adparanagua.com.br/artigos/2012/09/20/reverendo-moon-e-suas-doutrinas-peri-gosas/>, acessado em 08/11/2015, às 15:00h). O Mormonismo, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em que o Livro dos Mórmons é chamado de outro evangelho, o que o Apóstolo Paulo refuta em (Gálatas 1:6-9). O Islamismo em que dentre os vários princípios do mesmo, cinco são regras fundamentais para os mulçumanos e um deles é Crer em Alá, o único Deus, e em Maomé, seu profeta. Aqui já vemos que Jesus Cristo está excluído como salvador e como o principal dos profetas, a base essencial para o Cristianismo. Grupos Esotéricos. Nova Era. Rosacruz que é uma organização internacional de caráter místico-filosófico. E a Maçonaria em que o iniciante é considerado cego, profano e nas trevas em busca de luz, isto é, em busca da sophia, no grego (σοφιά = o saber) e da gnosis (γνῶσις = Conhecimento). Enfim, todos os grupos que negam a salvação exclusiva em Jesus Cristo, a sua deidade ou a sua humanidade, o Deus encarnado, podem ser classificados como gnósticos. O gnosticismo está presente em muitos seguimentos sistematizados e organizados muito mais do que se possam imaginar, como por exemplo na grande mídia, fala e escrito. Influenciando e fazendo proselitismo muito presente em nossa sociedade hodierna. Além das correntes gnósticas atuais, como Logosofia e a Gnosiologia Iluminativa, temas a serem pesquisados.















2 EXPOENTES DA FILOSOFIA GNÓSTICA
































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            Assim como a Filosofia Grega teve os seus grandes expoentes e escolas, a Corrente Filosófica Gnóstica teve também os seus grandes expoentes e suas escolas com um poder de persuasão tremendo. Entre vários expoentes, Márcion foi o mais proeminente e ousado, pois foi ele quem começou a selecionar os livros para a formação do cânon do Novo Testamento, o que forçou as Igrejas Primitivas a se posicionarem quanto aos livros que elas consideravam inspirados pelo Espírito Santo e que deveriam fazer parte da coleção do Novo Testamento. Como a Corrente Filosófica Gnóstica existiu de fato, neste capitulo abordaremos os principais expoentes da mesma, não todos, por dois motivos: Primeiro – Por não ser necessário listrar todos, a não ser os principais; Segundo – Para não fazer um rosário de nomes que não foram tão expressivos e relevantes na exposição da mesma. Por outro lado, os aqui citados são os mais relevantes e de maior influência tanto para o Cristianismo, bem como para a Filosofia Grega Clássica quanto a influencia-la.

            Para Hagglund, (1981), p. 28, a Corrente Filosófica Gnóstica surgiu, não como inimiga da fé cristã, mas a intenção era reunir elementos cristãos aos elementos especulativos que já existiam no gnosticismo para a formação de um sistema religioso universal, que se tornou conhecida, forte e atingiu o seu apogeu no segundo século do Cristianismo através dos seus principais expoentes, na Síria, Saturnino; no Egito, Basilides; e em Roma, Valentino (12), Cerinto e Márcion, o que destacaremos a contribuição de cada um e o que fizeram, entre outros, obedecendo a ordem que se segue:

            Saturnino foi um Renomado Teólogo Gnóstico em Antioquia da Síria que ensinava a seus discípulos sobre a Sobriedade e a Castidade, por volta do ano 125 d C. Antes, porém, sua atuação foi entorno do ano 100 d C, na região de Éfeso, hoje Turquia e adversário ferrenho do Apóstolo João, Pastor da igreja cristã daquela cidade. É o primeiro mestre gnóstico da raça judia, que temos informações seguras. O sistema doutrinário de Saturnino foi o resultado do desenvolvimento de um dualismo negando o significado judaico na liberação do bem e do mal. A sua gnosis ou Doutrina Secreta, ensinava e pregava nas Escolas de Mistérios da antiguidade, o que se percebeu em outros escritores e místicos da Filosofia Gnóstica. De acordo com Bettenson, (1967), p. 68,

O salvador, conforme Saturnino, não nasceu, não teve corpo nem forma, mas foi visto em forma humana apenas em aparência. O Deus dos judeus, segundo ele, era

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um dos sete anjos; visto que todos os príncipes quiseram destruir Seu Pai, Cristo veio para aniquilar o Deus dos judeus e para salvar os que nele mesmo acreditassem;
esses são os que possuem uma faísca da vida de Cristo. Saturnino foi o primeiro que afirmou a existência de duas estirpes de homens formadas pelos anjos: uma de bons e outra de maus. Sendo que os demônios davam seu apoio aos maus, o Salvador veio para destruir os demônios e os perversos, salvando os bons. Mas, ainda segundo saturnino, casar-se e procriar filhos é obra de Satanás (13).

            Basilides, esteve no auge da fama, em 130 d C, influenciado pelo helenismo em Alexandria, influenciou os ensinamentos gnósticos, foi o principal expoente da Corrente Filosófica Gnóstica do II século d C e companheiro de Valentino a quem abordaremos mais adiante. Os princípios que ele defendia eram: A – Deus é totalmente transcendental, vivendo fora do mundo; B – Deus criou o Logos, a Palavra divina; C – Que o sofrimento humano é a prova da existência do pecado, “e a transmigração da alma seria necessária para solucionar o problema, a fim de que o indivíduo possa chegar à perfeição” (14), (CHAMPLIN, 2008, V. I, p. 454); D – A sua ética estava centrada em que os homens precisam exercer o controle sobre todos os seus desejos, “não amando e nem odiando a ninguém-uma espécie de apatia estoica moderna” (15), CHANPLIN, 2008, Vol. I, P. 454). De acordo com Bettenson, (1967), p. 68 diz que Basilides

Ensinou que a Mente foi o primogênito do Pai Ingênito. A Razão foi gerada pela Mente e, por sua vez, gerou a Prudência, e esta gerou a Sabedoria e o Poder. Da sabedoria e do Poder nasceram as Virtudes, os Príncipes e os Anjos, que são chamados também de ‘Os Primeiros’. Estes fizeram o Primeiro Céu, do qual derivaram outros céus que, também, geraram outros céus... [perfazendo um total de 365 céus]. Os anjos que presidem sobre o Céu inferior, que é visto por nós, ordenaram todas as coisas que há no mundo, dividindo entre si a Terra e as nações da Terra. Seu chefe é aquele que tem sido criado como o Deus dos judeus. Ele pretendeu sujeitar os demais povos aos judeus, provocando a resistência dos outros príncipes que se coligaram contra ele... Então o Pai Ingênito e Inominado... enviou sua Mente primogênita (chamado o Cristo) para libertar os que nEle cressem dos poderes que fizeram o mundo. Ele apareceu assim entre as nações dos príncipes, em forma de homem, e realizou atos de poder. Ele, porém, não sofreu, mas certo Simão de Cirene foi movido a levar a cruz por Ele: Simão foi equivocadamente crucificado, tendo sido transfigurado por Ele de tal sorte que o populacho o tomou por Jesus. Jesus, entretanto, transmutou-se na forma de Simão, presenciando a agonia de seu sósia e dele escarnece3ndo. [...] Basilides ensina também que a salvação só concerne à alma, pois o corpo e naturalmente corruptível (16).

            Valentino, Nasceu em Alexandria, Egito, viveu por volta de 135 a 165 d C. Influenciado pelo helenismo. De mente brilhante e líder gnóstico. Foi para Roma e veio morrer em Chipre. Em seu ensinamento havia um sistema dos pensamentos platônicos, estoicismo com poucas ideias do Cristianismo, acentuando o dualismo. Em sua mitologia ensinava a união do Pai do Abismo ao princípio feminino, surgindo daí o Silêncio. União esta
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que resultou no nous, que no grego (νοός – noós) mente e a (ὰλήθειαν- aletheian) verdade. Ele ensinava sobre os (αιώνς – aeons), os seres menores e intermediários emanados de Deus, que formam o pleroma, isto é, a totalidade de Deus; porém, a sua explicação para os aeons era que:
ele incluía o Verbo, a Vida, o Homem Primevo, a Igreja, Sofia (a Sabedoria) e o Purificador (Cristo). Retornamos à espiritualidade por meio da Sofia, e assim obtemos a união com o pai Primevo. O purificador tomou sobre si mesmo a tarefa da redenção. Os remidos subirão na escala do ser e tornar-se-ão parte da pleroma (A). Então o mundo material será destruído em uma grandiosa e Toda Poderosa conflagração, (CHAMPLIN, 2008, V. VI, P. 575) (17).

            Segundo Walker, (1980), p. 80-81, diz que

O gnosticismo dividia-se em muitas seitas e apresentava-se em grande variedade de formas. [...] notadamente a escola de Valentino, falava numa tríplice divisão: os ‘espirituais’, os únicos capazes de atingir o ‘conhecimento’; os ‘psíquicos’, capazes de fé e de um certo grau de salvação, e os ‘materiais’, totalmente sem esperança (18).

            Para o Apóstolo Paulo, na Epístola aos Colossenses, Cristo é o “Logos”, é a Essência da Pleroma. Ele é a própria Pleroma. Com essa afirmação, o Apóstolo está eliminando a ideia das emanações de aeons quanto a salvação, ainda que Paulo falava de uma escala de seres angelicais, como vemos em (Efésios 1:21). A principal diferença entre Basilides e Valentino era quanto ao sistema de emanações. Para Basilides o desenvolvimento da divindade se dera do menor para o maior, da terra para o céu; já Valentino defendia o inverso, que as emanações vinham do Deus Altíssimo para o menor, até o criador da terra que era o menor aeon e mau.

            Cerinto foi contemporâneo do Apóstolo João na cidade de Éfeso, rejeitava todo o Antigo Testamento e o Deus do mesmo, o que era comum aos gnósticos. Ele ensinava um sincretismo filosófico religioso contendo elementos gnósticos e ebionitas, com noções judaicas cristãs, que a criação não era obra do Deus Supremo, mas de um poder intermediário, inferior, o que poderia explicar o mundo imperfeito que vivemos. Em seus ensinamentos incluía a necessidade da circuncisão e a guarda do sábado. Negava o nascimento de Jesus Cristo de maneira virginal, fazendo DELE, um homem comum filho de José e Maria, embora
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(A) – No Sistema gnóstico de Valentino o Pleroma ou Plenitude, eram emanações de Deus com os atributos divinos. Eram as ordens angelicais. Para os gnósticos havia trinta aeons, os maiores poderes oriundos de Deus. Pensamento semelhante ao de Platão, de que todas as coisas existentes na terra eram apenas cópias das ideias, pelo que eram defeituosas, temporais e imitativas. Em Jesus, os poderes e atributos do pleroma teriam manifestado, de tal modo que Ele se tornara a perfeita beleza e estrela do pleroma (19), (CHAMPLIN, 2008, V. 5, p. 298).
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Ele seja superior aos demais homens em justiça, em prudência e em sabedoria. O sobrenatural aconteceu em seu batismo quando o Espírito Santo desceu sobre Ele, (Mateus 3:3-17). Ensinava também que a matéria por natureza é má, somente o espírito é bom e puro. Que no momento da crucificação de Jesus Cristo, o Espírito de Cristo abandonou o Jesus, e não houve divindade em Jesus em sua natureza humana, isto é, enquanto aqui viveu como homem. Foi ele o grande expoente de ideias filosóficas pagãs dentro do Cristianismo. “O gnosticismo tem reaparecido em todas as eras da história da Igreja, com vários nomes. Uma de suas mais patentes manifestações modernas é o russelismo” (20), (CHAMPLIN, 2008, V. I, p. 699), isto é, através dos Testemunhas de Jeová que negam que Jesus Cristo é cem por centro Deus ou divino, entre outros grupos que foram citados acima.

            Márcion: Filho de um bispo cristão, viveu de 81 a 165 d C, nasceu em Sinope, no Ponto, às margens do Mar Negro, hoje faz parte da Turquia. Não se sabe ao certo a data de seu nascimento, mas de sua morte sim, que se deu pelo ano 165 d C. Mestre influente, dominava a arte de influenciar através da dialética. Era um rico navegante que abandonara a atividade para se dedicar a fé religiosa. Sucedeu a Cedron e ampliou a doutrina dele. Ele foi fundador de uma escola gnóstica, sendo o mestre influente cristão, que mantinha uma rivalidade com o Cristianismo. Persuadia seus seguidores de que merecia mais créditos do que os Apóstolos que escreveram os Evangelhos. Foi excluído da igreja em 144 d C, mas o que sabemos dele é através dos escritos de seus oponentes, principalmente através de Tertuliano e Epifânio, que combatiam a sua filosofia gnóstica ferozmente. Ele negava a ressurreição de Cristo e tinha a intenção de reformular o Cristianismo, rejeitando o Antigo Testamento, aceitando parte apenas do Novo Testamento e as Epistolas do Apóstolo Paulo. Ele distinguia as Leis do Antigo Testamento do Evangelho, o Novo Testamento; a antiga da nova aliança, admitindo que havia dois deuses. O Deus das Leis que era severo, irado, vingativo de seus inimigos e escravizava os seus seguidores como escravos da Lei, do Deus do Novo Testamento que era o Deus de bondade, de misericórdia e benevolente.

            Ele era um gnóstico diferente entre tantos de posições diferentes. Misturava as doutrinas paulinas com suas ideias e especulações. Fundador de igrejas, viajava para visitar as mesmas, pensava que tinha uma importante missão, que era pregar o Evangelho puro, estabelecer as igrejas. Na igreja do Ocidente seus ensinamentos, ou seja, seu movimento desapareceu por volta do século IV d C. Já no oriente persistiu seu movimento até o século
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 VII d C, movimento este que foi proibido pelo imperador romano Constantino. Diz Champlin, (2008), v. IV, p. 120, que “Sua existência forjou a corrente principal do Cristianismo a formular cuidadosos credos, pronunciando-se sobre o cânon das Escrituras, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento” (21).

            Para Márcion, o Deus Supremo não era uma essência espiritual abstrata, infinito e transcendente; era apenas o Deus desconhecido que se revelou em Jesus Cristo ao mundo, o Deus do Novo Testamento, da graça, de misericórdia e do amor puro. O mesmo combateu o deus da Lei, da justiça e pela graça pura, salvou os que creram NELE. O proclamador do Evangelho do amor foi Jesus Cristo. Por ser diferente do Deus Criador, Jesus Cristo não podia ter assumido a condição humana, pois, esta era corrupta. Portanto, para ele, Jesus Cristo nada mais era do que um fantasma. Era por demais acético, a ponto de afirmar que o matrimônio era mau. Ensinava que o ascetismo ético ajudava a libertar o homem do demiurgo, o Deus criador, da Lei do Antigo Testamento.

            Em seu tempo estava em formação o cânon do Novo Testamento, ele influenciou e muito, pois, rejeitava o Antigo Testamento como sendo do Deus da Lei, o Deus judaico, que o Messias do antigo Testamento ou dos judeus nada tinha a ver em comum com o Cristo. Quanto ao Novo Testamento ele rejeitava tudo o que se referia ao Antigo Testamento, as Leis e o judaísmo. Portanto, se compreende que as ameaças para o Cristianismo não vieram da Filosofia Grega-Romana ou helenística, como alguns autores insinuam, mas da Corrente Filosófica Gnóstica defendida, ensinada nas escolas pelas personagens citadas acima.

            2.1 Os Principais Ensinamentos de Márcion

            A – O Deus do Antigo Testamento era um demiurgo menor, irado cheio de maldade, amigo de guerras, inconstante nos juízos e incoerente consigo mesmo, que criara este mundo, por isso que o mesmo vive cheia de problemas. O Deus do Antigo Testamento era diferente e menor do que o Deus do Novo Testamento.

            B – O Cristianismo é uma revelação superior e independente do Antigo Testamento que veio para substituí-lo.

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            C – Cristo não foi encarnação divina verdadeira. Jesus Cristo parecia apenas ter vindo em carne.

            D – O Deus maior, do Novo Testamento, enviou seu filho para redimir o ser humano, o que para isso absorveu a miséria dos homens; no entanto, o demiurgo, o Deus irado do Antigo Testamento, providenciou a crucificação de Jesus Cristo por causa da ignorância e não pela ira.

            E – Márcion defendia que Cristo cumpriu de fato a Lei como exigência do demiurgo. Que o Cristo ressuscitado compareceu diante do demiurgo, o acusando de ter Ele equivocado. Que todas as almas humanas foram entregues a Jesus Cristo para serem redimidas, assim sendo, Jesus Cristo tornou-se o cabeça geral da raça humana, comprando a todos pela sua morte.

            F – Para Márcion, o Apóstolo Paulo era o único e verdadeiro Apóstolo de Cristo pregador do verdadeiro Evangelho. E ele Márcion se autodenominou o representante legal do Apóstolo.

            G – Como a Igreja Primitiva não foi fiel aos mandamentos do Apóstolo Paulo, ele, Márcion, se dispôs a cumprir essa missão.

            H – Para Márcion, a salvação é fruto da renúncia do demiurgo e sua mensagem de ira do Antigo Testamento, aceitando o Deus da Graça do Novo Testamento. Que a salvação é somente para as nossas almas, daqueles que aprenderam sua doutrina. O corpo será tirado da terra, não terá parte na salvação.

            I – Para ele a vida religiosa sincera vem através do ascetismo para que o cristão não seja enganado, evitando não só a sensualidade que o mundo oferece, até o casamento que para ele é corrupto.

            J – “O corpo humano de parecer, juntamente com toda a matéria; mas o homem é uma alma eterna, e a alma é que é redimida para receber a glória eterna” (22), (CHAMPLIN, 2008, V. IV, P. 120). Consequentemente os dois itens, o 9 e o 10 demonstram que Márcion foi
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 influenciado em sua corrente filosófica gnósticas, pela Corrente Filosófica Estoicista que ensinava que o homem tem que resistir os prazeres e deles se abster, bem como influenciado também pelos ensinamentos dos Essênios (23), (CHAMPLIN, 2008, V. IV, P. 120. Os Essênios defendiam uma disciplina rígida, o ascetismo como forma de agradar a Deus, a liberdade como o único meio de fazer o homem livre, bem como o celibato e o pacifismo.

            K – Márcion ensinava sobre o batismo pelos mortos, prática esta dos Mórmons (A Igreja de Jesus Cristo dos santos dos Últimos Dias) nos dias atuais, o que o Apóstolo Paulo se refere em (I Corintios 15:29). O que afrontava os ensinamentos de Senhor Jesus Cristo, dos Apóstolos, bem como os Pais apostólicos. E, por último,

            L – Por último, ele negava o nascimento virginal de Jesus Cristo, como obra do Espírito Santo, consequentemente como sendo o Deus Filho.

            Entre todos os movimentos vinculados ao gnosticismo, o de Márcion foi, com certeza, o mais perigoso. Separava o cristianismo de suas raízes históricas de modo tão radical e as mais abstratas. Negava a encarnação real de Jesus Cristo, condenava o antigo Testamento e seu Deus. Portanto, o gnosticismo foi a primeira das heresias que a Igreja Cristã Primitiva teve que combater pelo espaço de 150 anos, que levou os escritores do Novo Testamento a escreverem para refutar a distorção doutrinária, o que percebemos são os livros como o Evangelho de Jesus Cristo que João escreveu; Colossenses; II Pedro; I, II e III João; Judas e Apocalipse.

            O Jesus Cristo histórico, humano e divino. Os escritos do Novo Testamento. O Cristianismo com suas doutrinas sólidas que estava custando a vida de seus autores, como foi o caso do Apóstolo Paulo, provavelmente decapitado no reinado de Nero, por volta de 64-66 d C, corria grande perigo diante das heresias da Filosofia Gnóstica, como afirma Gonzalez, (1980), v. I, p. 96, quando diz:

De todas as diversas interpretações do Cristianismo que apareceram no século segundo, nenhuma foi tão perigosa, nem esteve tão perto de triunfar, como o gnosticismo. O gnosticismo [...] antes de tudo, um movimento que existiu tanto dentro do cristianismo como fora dele e que, dentro do cristianismo, tratava de reinterpretar a fé em termos inaceitáveis para os demais cristãos (24).

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            Portanto, o perigo não era a Filosofia Grega, mas a Filosofia Gnóstica com seus desvios doutrinários e teológicos. Para Allen, (1983), V. IX, p. 233, o gnosticismo, foi sem dúvida, o problema mais difícil, o mais controvertido no relacionamento para com os Evangelhos, principalmente para o de Jesus Cristo que João escreveu, pois o mesmo está usando de linguagem filosófica para combater a corrente Filosófica Gnóstica (25). Concluímos, pois, que a Corrente Filosófica Gnóstica foi a mais perversa, a mais herética e a mais perigosa para a Igreja Primitiva e para a Filosofia.


























3 DIALÉTICA DA FILOSOFIA GNÓSTICA
































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            Qual era a dialética da Filosofia Gnóstica? Que perigo real oferecia ao Cristianismo? A dialética da Corrente Filosófica Gnóstica era pautada, alicerçada no conhecimento que vem da palavra grega (σοφία - sophia), que era de suma importância para o sistema, em que priorizava o conhecimento secreto, místico, mágico, transcendental e superior, revelado por um agente divino como base para a salvação e todo o sistema ético das escolas gnósticas, bem como os ensinamentos e crenças, baseados em um sincretismo filosófico e religioso, que ao mesmo tempo que absorvia tudo o que era aparentemente bom para o sistema sendo religioso ou filosófico; por outro lado, rejeitavam tudo o que estava relacionado com o Antigo Testamento e seu Deus. Além disso, havia várias correntes dentro da Filosofia Gnóstica que divergiam em muitos pontos em seus ensinamentos e crenças, o que destacaremos a seguir quando Champlin, (2008), V. II, p. 205, fala da

DOCTA IGNORANTIA. Essa é a expressão latina que significa ‘ignorância erudita’. [...] visto que todo o presumível conhecimento na verdade é apenas conjectura, o máximo da sabedoria é a docta ignorantia, aquela que reconhece a sua própria ignorância. Esse princípio tem diversas implicações, a saber: 1. todo o conhecimento humano termina em uma frustração autocriada, porquanto nunca chegamos ao verdadeiro conhecimento. 2. Portanto, precisamos ser humildes, porquanto a própria teologia, nas mãos dos homens, e segundo pode ser desenvolvida pelos poderes racionais humanos, é, necessariamente, defeituosa e parcial, apesar das revelações que nos foram dadas, que ultrapassam o nosso conhecimento empírico e racional. 3. O Conhecimento é uma inquirição eterna, e não uma possessão que possamos registrar tranquilamente em livros. Não obstante, é importante fazermos esses registros, embora reconheçamos a limitação dos mesmos (26).

            Defendiam um dualismo que pintava a clara divisão entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, entre o mundo material e o espiritual. Por isso, tiveram que adotar o sistema de emanações para que os princípios espirituais pudessem harmonizar-se com o mundo material, visto que o contato direto dos dois contaminaria o espírito. Dualismo este pregado e defendido dentro de alguns seguimentos evangélicos, caracterizado pelo duelo entre Deus e Lúcifer. Dentro do seguimento kardecista entre o bem e o mal, que a Rede Globo representa muito bem esse dualismo.

            Argumentavam sobre os “Sete poderes, quase maus, quase hostis, que teriam criado o mundo, e que seriam ordens angelicais, seriam as últimas emanações de Deus, das quais se derivariam o mundo material e os poderes malignos” (27), (CHAMPLIN, 2008, V. II, P. 922). Quem gerou os sete poderes foi “a grande deusa mãe dos céus”, por nome (σοφία – sophia)
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que descera do céu a este mundo material dando à luz aos sete poderes. Sabedoria esta do ponto de vista filosófico que tem em Platão uma das quatro virtudes juntamente com a coragem, com a temperança e a justiça que procede do mundo das ideias. Já Aristóteles falava de dois tipos de sabedorias: a sabedoria especulativa e a sabedoria prática. Entre tantos como os filósofos cirenaicos, epicureus e estoicos, Tomás de Aquino, destacamos Spinosa que tinha a sua própria divisão da sabedoria. Ele falava sobre a “ratio – razão”, o conhecimento através das leis cientificas; e a “sciententia intuitiva”, que ele chama de conhecimento intuitivo, conteúdo este extraído de (CHAMPLIN, 2008, V. VI, P. 9) (28). A sabedoria ou conhecimento para os gnósticos é o motor propulsor para o sistema funcionar, pois, do grego (γνόσις – gnosis) que, para eles, significava sabedoria superior, transcendental, secreta, mística e completa dada por um agente divinal, o que era necessário para a salvação; salvação esta que o próprio homem produzia ao ingressar neste conhecimento. Em outras palavras, o ser humano salvava a si mesmo através da gnosis, descartando o sacrifício vigário de Jesus Cristo na cruz para essa finalidade. Portanto, aqui está um perigo real para todo o ensinamento do Novo Testamento e do Senhor Jesus Cristo.

            Argumentavam que o primeiro homem a existir antes do mundo material, veio com o propósito de declarar guerra as trevas que é companheira inseparável da materialidade. Quando o mundo apareceu, deu-se o início dramático de sua história, visto que ele é dominado pelas trevas. Por fim, consegue se libertar das mesmas. Outro princípio que afronta diretamente o contexto bíblico, principalmente o que está em Gêneses 1:1-2. O agente que agiu para dissipar as trevas sobre o abismo, não foi um homem, mas o Espírito de Deus que pairava sobre o abismo. O hebraico indica que o pairar do Espírito de Deus sobre as águas é a mesma ideia de uma galinha chocando os ovos para dar vida. Logo, o Espírito de Deus estava dando vida ao caos e organizando para que este universo funcionasse de maneira maravilhosa como aí está.

            Pensavam que o (σότηρ – soter), que no grego é o salvador, era idêntico ao homem primitivo, o qual ao libertar-se também das trevas, abrira a porta para a liberdade para os iniciantes do gnosticismo, bem como ele tinha a tarefa de libertar a “sophia”. A união da sabedoria com o homem trouxe a salvação para os eleitos. Criam que através do conhecimento esotérico, do ascetismo ou da libertinagem, os gnósticos buscavam separar-se do corpo material, que para eles residia o pecado e a degradação. Através do ascetismo ou da
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libertinagem, a alma era liberta do cativeiro para ir a Deus. As correntes gnósticas tendo por “Grande Mãe, a sophia, desempenhava o papel da prostituição sagrada, a qual fazia parte do processo de libertação. A alma liberta verdadeiramente era reabsorvida pela natureza divina, o que implicava em perder a sua total individualidade” (29), (CHAMPLIN, 2008, V. II, P. 922).

            Portanto, o perigo consistia, quanto a doutrina de Deus e de Jesus Cristo. Para os gnósticos, Deus era totalmente transcendental, sem contatos com a matéria e com os homens. Daí que veio a ideia dos intermediários, que chamara de no grego (αιώνες – aeons) de emanações angelicais. Defendiam que Deus criou mas abandonou a criação ao seu próprio destino, não punindo nem recompensando o homem criado por um aeon. O que contraria os ensinamentos do Novo Testamento que apresenta Deus presente neste mundo na pessoa de Seu Filho, Jesus Cristo. Quanto a Jesus Cristo cria que o mesmo não era o “Logos exaltado. Era apenas mais aeon entre tantos emanado de Deus. Pelo fato DELE encarnar, se fazendo homem e que a matéria era má, diziam que Ele era um aeon pouco elevado. Que seu corpo não era real, apenas parecia ser de carne, que o Espírito-Cristo, nada mais era do que um fantasma. Era apenas mais um salvador dentre muitos outros. O que contrariava os ensinamentos de I João 5:6; II Pedro 2:1; I João 4:2-3 e Colossenses 2:9, textos que foram escritos com a finalidade de rechaçar o gnosticismo.

            A cosmovisão do gnosticismo dividia em dois dramas distintos: O espiritual e cósmico. O histórico e terreno. No histórico e terreno, estava inserida a criação, a existência, os sofrimentos, a morte e a ressurreição. No espiritual e cósmico, o mais elevado, estava os Céus aonde estaria o Ser Supremo, intocável e inabalável. O detentor de todo o poder criador em que delegou poderes a seres inferiores que estariam em contatos com a matéria, que ao mesmo tempo que o Ser Superior não se deixava tocar nem se influenciar pelas mazelas deste mundo inferior. Não podendo ser tocado pela matéria, porque a mesma é o princípio do mal, o que poderia contaminá-lo, por isso afirmava o gnosticismo que havia um demiurgo que criara este mundo e estando em contato com o Ser Superior, o que Platão já postulava tal ideia.

            A Corrente Filosófica Gnóstica defendia a “queda cósmica”, a alienação entre a criação e Deus, o que contribuiu para a queda histórica, da qual o homem estava envolvido. Ainda afirmava que havia o Deus total, o que se manifestava nas dimensões celestiais, através das partículas que emanavam de sua própria natureza, bem como as emanações inferiores,
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através de partículas que manifestavam sua natureza terrena. O Deus todo Poderoso não seria o autor da criação deste mundo, bem como o seu caos, visto que este mundo estava sob o domínio de demiurgo, o que emanou de Deus e Deus era responsável por ele.

            O gnosticismo afirmava que era necessária a libertação da alma aprisionada, que é a parte imaterial do ser humano, do mundo material que é o corpo, visto que a matéria era má e totalmente incapaz de redenção. Logo, era preciso provocar a separação do espírito da matéria, isto é, do corpo humano para que o espírito ficasse isento do mal, voltando a luz e a santidade, já que não há redenção para a matéria; logo, não importa o que fazemos com os corpos, pois, os mesmos poderiam ser punidos com o ascetismo ou ser entregue a licenciosidade para ser aniquilado, apressando assim a morte, o que libertaria o espírito para voltar a Deus, em que podemos dar a nossa contribuição, ou para o processo de libertação, que seria a salvação para os gnósticos; o que só seria possível através da sabedoria superior, esotérica que era revelada somente aos gnósticos através de ritos, sacramentos e práticas mágicas. Assim pensavam os gnósticos que a salvação seria conhecida pelos homens e a alma instruída para a sua libertação. Portanto, esse modo de pensar sobre Deus, criação, homens e salvação contrariavam os ensinamentos do Senhor Jesus Cristo, dos Apóstolos, dos Evangelhos, bem como dos pais apostólicos e eclesiásticos o que apresentaremos mais adiante nesta pesquisa.

            Tomando como base a afirmação de Walker, (1980), p. 81 ele afirma que:

O gnosticismo representava um enorme perigo para a Igreja. Solapava os fundamentos históricos do cristianismo. O seu deus não é o Deus do antigo Testamento, o qual era por eles considerado obra de um ser inferior e até mesmo perverso. O seu Cristo não tivera encarnação, morte ou ressurreição reais. Sua salvação restringia-se aos poucos capazes de iluminação espiritual. O perigo era ainda aumentado pela circunstância de o gnosticismo ser representado por alguns dos cérebros mais brilhantes da Igreja do século II. Vivia-se uma era de sincretismos, e, em certo sentido, o gnosticismo não passava de fruto último e amadurecido do amálgama entre a perquirição filosófica helênica e oriental com primitivas crenças cristãs, amálgama esse que, nessa época, ainda estava em processo de maior ou menor desenvolvimento em todo o pensamento cristão (30).

            A Filosofia Gnóstica oferecia perigo, sim; a Filosofia Grega, não tanto, pois os autores do Novo Testamento até fizeram uso da última para expressar a revelação máxima de Deus em seu Filho, Jesus Cristo o que trataremos mais adiante.

4 ONTOLOGIA DA FILOSOFIA GNÓSTICA
































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            Ontologia é uma palavra composta do grego (οντος – ontos = Ser, λογίας – logías = Estudo, discurso). Portanto, significa o estudo da natureza do ser enquanto ser. O significado mais formal de ontologia é caracterizar a realidade, identificando todas as categorias essenciais e estabelecendo as relações do ser que mantém entre si.

            Para a Corrente Filosofia Gnóstica, os homens dividiam-se em categorias, não sociologicamente, mas como segue: “os hílicos, os psíquicos, os pneumáticos, [...] ‘os materialistas’, os ‘meio-espirituais’ e os ‘espirituais’. Os hílicos estariam presos à matéria [...] sujeitos ao mal, as astúcias de satanás, às influencias do reino das trevas, pelo que seriam totalmente incapazes de receber a redenção” (31), (CHAMPLIN, 2008, V. 2, P. 919). Os hílicos eram a massa anônima do povo que, por causa de sua ignorância e estariam, na sua maioria, condenados a ser excluídos da salvação. O que abrangeria a maioria dos homens, os quais sem nenhuma esperança de salvação. Já os Pneumáticos eram os membros da elite social que teriam à salvação mediante (η σοφία - a sophia) a sabedoria, não só grande, elevada, mas também acumulada que para os gnósticos, sophia era uma figura feminina, análoga à alma humana e simultaneamente um dos aspectos femininos de Deus. O que poderia ser confrontado com os textos bíblicos em (II Coríntios 5:19; Colossenses. 1:20 e I Timóteo 2:4). O Apóstolo Paulo escreveu com a intenção de combater as heresias gnósticas, isso entre os anos 49 a 60 d. C.

            Os homens psíquicos estariam sujeitos a uma redenção inferior, através da fé. Nessa categoria de homens, a Filosofia Gnóstica classificava os profetas do Antigo Testamento, os homens bons de todas as classes, todavia era uma salvação que não garantia a glória celestial a eles. A glória celestial estava garantida ou reservada para os homens pneumáticos, para os verdadeiros espirituais, que eram reabsorvidos ao ser divino, o que levava perder totalmente a individualidade. Logo, esse homem se transformava em um super-homem. A redenção ou a salvação, portanto, que só era possível mediante a (γνόςις – gnosis), ou seja, através de conhecimento, da sabedoria elevado, superior, profundo, sobrenatural e transformador; através da experiência direta e uma fé reservada a poucos iniciados; conhecimento este que não se opõe ao conhecimento dialético, empirista, mas sim, a ignorância. Este sistema de crença, de fé e doutrina da Filosofia Gnóstica é que oferecia, e ainda oferece um perigo tremendo para o Cristianismo, pois, excluía e ainda excluiu o sacrifício de Jesus Cristo na cruz que foi para nos trazer a salvação; e não a Filosofia Grega em que os autores do Novo
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Testamento lidaram com ela sem constrangimento e sem embaraços, o que os escritores filosóficos e estudiosos da Filosofia Grega querem supor, uma dificuldade tremenda, que ao nosso ver não houve o que destacaremos nos seguintes itens.

            4.1 O Deus Ontológico da Filosofia Gnóstica

            O conceito da Filosofia Gnóstica quanto a Deus é deísta e totalmente transcendental, que não entrava em contatos com os homens, nem poderia ter esse contato, a não ser pelos mediadores inumeráveis, que são os aeons, as emanações divinas. “O deísmo ensina que há um Ser Supremo, mas que não teria qualquer interesse pela sua criação (ou emanação), não interferindo na história humana, porquanto nem puniria e nem recompensaria” (32), (CHAMPLIN, 2008, V. II, p. 920), criou o universo, todavia o abandonou ao seu bem destino. O que contraria o ensinamento do Novo Testamento, que o teísta que ensina de maneira claríssima que Deus é imanente no mundo, através de Cristo, tendo contatos com o mundo, recompensando, punindo e modificando o curso da história humana, é o que (I Tim. 2:5) afirma que Deus mesmo sendo transcendental, está presente em Jesus Cristo como mediador único e salvador da raça humana.          Para a Filosofia Gnóstica, o Deus Altíssimo estava muito distante deste mundo, porque Ele não poderia ter contatos com a matéria se não seria contaminado, afirmando ainda que Deus é um Ser desconhecido, infalível, porém, a quem nada pode ser atribuído. O que contraria o que o Apóstolo Paulo afirma no texto acima. A Filosofia Gnóstica tinha dificuldades para explicar como que Deus emanava de Si Mesmo; como criara o universo e a terra. Procuravam explicar através da doutrina dos aeons e dos demiurgos. Diziam que havia trinta emanações superiores que estavam próximas do Fogo Central. “Cada uma dessas emanações originou a emanação imediata inferior, pelo que haveria uma especial de resplendor divino cada vez menor, com poderes cada vez mais limitado. Bem longe da chama divina, eis que chega uma emanação, a mais distante das trinta, que chegaria na linha separatória entre o que é celeste e o que é terreno. Visto estar ela tão distante de Deus, quando criou a terra, fez um mau trabalho, o que explicaria a confusão e os sofrimentos que há neste mundo, como o problema do mal, o mais difícil de todos os problemas da teologia e da filosofia. Essa última das trinta emanações eles chamavam de ‘demiurgo’, sendo identificado com o Deus do Antigo Testamento, o Deus dos judeus” (33), (CHAMPLIN, 2008, V. II, p. 920).

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            Os ensinamentos da Filosofia Gnóstica contrariavam o que o Senhor Jesus Cristo afirmava, o que está em (João 10:30) “Eu e o Pai somos um”; bem como (João 14:8-9) quando Ele diz: “Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” E ainda (Mateus 28:20) [...] “e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (34), OLIVEIRA, Marcelo Ribeiro de. Bíblia Sagrada Versão Digital 6.7 Freewere. 2015. Disponível em: <http://www.baixaki.com.br/download/a-biblia-sagrada-versao-digital.htm>. Acesso em: 15 julho de 2015.

            4.2 O Jesus Ontológico Para a Filosofia Gnóstica

            Para o Docetismo, termo este usado para designar uma das seitas que surgiu dentro da Filosofia Gnóstica, já na parte final do segundo século d. C, palavra esta que vem do grego (δοκέο – dokéo) que significa parecer, foi um dos movimentos da Filosofia Gnóstica que surgiu antes mesmo da formação do Novo Testamento e que já perturbava os Apóstolos com suas heresias, como vemos em (I João 4:2 e II João 7). Gnosticismo e Docetismo eram inseparáveis em suas convicções e crenças. Em vários grupos queriam explicar quem era Jesus Cristo com os seus poderes e obras sobrenaturais. Começou com a Filosofia Gnóstica e fortaleceu no final do II século, questionando o poder sobrenatural do Senhor Jesus. Como Jesus Cristo fazia todos aqueles milagres? Seria Jesus Cristo um anjo disfarçado em forma humana? Era Jesus Cristo o Logos encarnado? Era Ele apenas um homem com alto poder dado pelo Espírito de Deus? Ou era apenas uma figura mitológica que fora criada pela Igreja Primitiva?

            Para a Filosofia Gnóstica, Jesus Cristo era apenas mais um entre muitos aeons ou alguém de emanação angelical que havia alcançado o mais auto grau de auto iluminação. Entretanto, não consideravam sendo Ele o Próprio Deus. Era apenas um salvador dentre muitos outros salvadores ou um pequeno deus, jamais divino como Deus é divino. Portanto, negavam a divindade de Jesus Cristo, o que os Evangelhos procuram provar a divindade do Senhor. Para eles Jesus Cristo era um aeon com pequenas participações na essência e atributos divinos, já que Ele teve contatos com a matéria, sendo esta má; logo, Jesus Cristo era um aeon não elevado. Portanto, Ele não poderia ser o Verbo divino encarnado, porque envolveria a
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corrupção do mal. Acreditavam que o aeon chamado de Cristo, na verdade não foi encarnado, pois, seria impossível, visto que seria ele corrompido. Jesus Cristo não tinha um corpo físico, humano, mas era um fantasma, e tudo o que Jesus fazia aqui nada mais do que uma peça teatral. Outros gnósticos, porém, pensavam que o “Espírito-Cristo”, encarnara em Jesus quando de seu batismo e abandonou-o em sua morte crucificado, o que não tinha valor algum expiatório, que ele não teria vindo pelo sangue, daí que o Apóstolo João escreveu a sua Epistola (I João 5:5-8) afirmando que:

Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade. Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num,(35) OLIVEIRA, Marcelo Ribeiro de. Bíblia Sagrada Versão Digital 6.7 Freewere. 2015. Disponível em: < http://www.baixaki.com.br/download/a-biblia-sagrada-versao-digital.htm>. Acesso em: 15 julho, 2015.

            A Filosofia Gnóstica afirmava que houve um homem real chamado Jesus, cujo corpo foi possuído e usado pelo Filho de Deus, que o abandonou na morte na cruz. Portanto, Negava a morte de Jesus, bem como a ressurreição do corpo de Jesus Cristo, porque o corpo era mal e nada tem de espiritual. Não aceitavam que Cristo é Deus e Homem simultaneamente, as duas naturezas em uma só pessoa. Outros gnósticos, porém, afirmavam que o suposto corpo de Jesus Cristo, utilizado pelo (αεον – aeon), poder angelical ou pelo Logos, era um corpo que não passava de uma sombra ou um fantasma. Era algo teatral e não um corpo humano verdadeiro. Assim sendo, tanto os gnósticos como os Docéticos negavam a humanidade de Jesus. Afirmavam que a fusão do Logos com a matéria era apenas aparente e não real. A ideia dos gnósticos era que a matéria era o princípio do pecado, o que impediria qualquer ser divino envolver-se com a matéria em bases morais ou existenciais. Jesus Cristo só parecia estar envolvido na matéria, no entanto não estava de fato.

            Alguns gnósticos criam e ensinavam que o Logos, era algum (αεον – aeon) angelical que veio possuir o corpo humano de Cristo quando foi batizado, temporariamente e que o abandonou quando de sua crucificação. O corpo era perfeitamente humano, porém, foi apenas instrumento de uma possessão, e não a dimensão do Logos ou (νοός- nous), mente. Portanto, negavam a existência terrena de Cristo como o “Deus-Homem”. Negando assim, o ensinamento de Jesus Cristo, dos Apóstolos, bem como dos Evangelhos e do Novo Testamen-
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to, o que oferecia o perigo para o Cristianismo que perdura até hoje dentro das igrejas evangélicas que veem Jesus Cristo sendo muito mais divino do que humano em seus “milagres”, ainda que O confesse como homem, porém, na explicação e na prática boa parte dos evangélicos são docéticos. A humanidade de Jesus Cristo é divinizada de tal maneira que não podemos dizer que há uma autêntica humanidade NELE. O seu corpo humano não possa de uma entidade espiritual e não um corpo físico, embora parecer um corpo físico.

            4.3 A Filosofia Gnóstica e os Aeons

            Para os gnósticos, entre Deus e os homens, havia os (αιώνς – aeons), seres intermediários, que eram emanações de poderes superiores entre Deus e os homens, entre Deus e a criação; aeons esses que seriam iguais aos anjos. Grupos Gnósticos ensinavam a existência de numerosas divindades inferiores e parte deles acreditava na existência de divindades de sexo masculino e feminino. Esse sistema de pensamento surgiu como resultado do encontro das Religiões de Mistérios Orientais com o Judaísmo e o Cristianismo. Esses aeons são poderes que emanam de Deus, possuidores da plenitude divina, de natureza divina, emanações dos raios do sol divino e do fogo central. Pensamentos que perduram até hoje conforme diz Samael Aun Weor, (2015), disponível em <http://gnosisbrasil.com/artigos/o-cristo-em-substancia> e acessado em: 21/07/2015,

Cristo não é um indivíduo humano nem divino. Cristo é uma Substância Cósmica latente em cada átomo do infinito. A substância Cristo é a substância da Verdade. Cristo é a Verdade e a Vida. Quando um homem se assimila à substância Cristo no físico, no psíquico e no Espiritual, se Cristifica, se transforma em Cristo, converte-se em Cristo vivente. Precisamos formar o Cristo em nós, é urgente encarnar a Verdade (36).

            O que o Apóstolo Paulo contesta com a doutrina exposta em (Colossenses. 1:19 e 2:9), onde verificamos que Cristo é possuidor completo do pleroma de Deus, o que (Colossenses 2:10) aponta para os remidos como cheios da plenitude divina. Como percebemos, o Apóstolo Paulo, o primeiro a escrever no Novo Testamento, já estava lidando com a Filosofia Gnóstica e suas heresias entre os anos 49 a 60 d. C.

            4.4 O Espírito Santo Ontologicamente

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            O que constatamos é que não há registros na literatura gnóstica, livros, internet nem mesmo os que combateram o gnosticismo, que fale sobre o Espírito Santo de Deus. Simplesmente há um silêncio total. Só há registros sobre os homens que ao possuir a gnose, que era a sabedoria divina, esse homem de acordo com o grego, (δύναμις – dúvamis = poder), possuía o poder espiritual e divino, o que o fazia (πνευματκός – pneumáticos = espiritual); portanto, participante da natureza divina, fazendo-o imortal. Ao possuir a gnose, que do grego (γνόσις – gnósis) significava ciência, conhecimento superior, especial e divino, esse homem possuindo a gnósis era um homem mais poderoso e espiritual do que os que não a possuíam.

























5 A ÉTICA DA FILOSOFIA GNÓSTICA
































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            Os gnósticos ensinavam que era necessário abusar do corpo mediante o ascetismo ou a licenciosidade, porque assim ajudaria a destruir o corpo físico, a matéria que era má e contaminava, para libertar o espírito para que o mesmo voltasse a origem divina. Essa maneira de pensar dos gnósticos colidia frontalmente com os ensinamentos do Novo Testamento sobre a santificação do corpo como está escrito em (Romanos 12:1) que é o processo de se ausentar da licenciosidade para a preservação do corpo sadio para o Senhor.

            A ética da Filosofia Gnóstica estava condicionada ao dualismo que defendia entre o bem e o mal. Havia escolas que ensinavam a abstinência estrita como era o caso dos chamados “encratitas”. Uma seita herética do II século d C conhecida por suas práticas ascéticas, os quais pregavam a abstinência do casal, negando o plano de Deus para a raça humana e Proibindo o casamento entre às pessoas. Outros, porém, diziam que as ações externas não eram importantes quanto a salvação. Afirmavam que a matéria só seria independente quando a pessoa se entregava plenamente ao libertinismo ou às concupiscências para martirizar o corpo, assim sendo libertaria o espírito da escravidão do corpo. Outras, porém, eram libertinas como os nicolaítas, os cainitas e os seguidores de Márcion. Outras, no entanto, regiam suas vidas em conformidade à lei dos judeus, como os ebionitas. Os gnósticos não criam na salvação por meio da morte e ressurreição de Jesus Cristo; não acreditavam no pecado, nos anjos, nos demônios, e nem no pecado original. Por exemplo, o casamento era tido como mal porque através dele o homem corporal se multiplicava, o que levou o Apóstolo Paulo a escrever em (1 Timóteo 4:1-4) que diz:

MAS o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência; Proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças; Porque toda a criatura de Deus é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com ações de graças (37), OLIVEIRA, Marcelo Ribeiro de. Bíblia Sagrada Versão Digital 6.7 Freewere. 2015. Disponível em: <http://www.baixaki.com.br/download/a-biblia-sagrada-versao-digital.htm>. Acesso em: 21 dez. 2015.

Este texto é claríssimo quanto ao combate a ética da Filosofia Gnóstica. Bem como em (Colossenses 2:8, 16, 20-23) que diz:

Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo; [...] Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por
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causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, [...] Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne (38), OLIVEIRA, Marcelo Ribeiro de. Bíblia Sagrada Versão Digital 6.7 Freewere. 2014. Disponível em: <http://www.baixaki.com.br/download/a-biblia-sagrada-versao-digital.htm>. Acesso em: 29 setembro 2015.

            Portanto, a ética da Filosofia Gnóstica contrariava os ensinamentos e a ética do Novo Testamento, os planos e os ensinamentos do Senhor Jesus Cristo para o ser humano, em (I Tessalonicenses 4:3), que diz: “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da prostituição” (39), OLIVEIRA, Marcelo Ribeiro de. Bíblia Sagrada Versão Digital 6.7 Freewere. 2014. Disponível em: <http://www.baixaki.com.br/download/a-biblia-sagrada-versao-digital.htm>. Acesso em: 29 setembro 2015(36). Como se vê, a Filosofia Gnóstica foi grande vilã da Igreja Primitiva e não a Filosofia Grega ou helenismo, como alguns supõem que seja.




















6 A LITERATURA DA FILOSOFIA GNÓSTICA
































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            A literatura da Filosofia Gnóstica, infelizmente, grande parte não chegou até nós, se perdendo no decorrer dos séculos, até mesmo os escritos dos opositores ao gnosticismo, exceto o achado na Biblioteca de Nag Hommadi, no Egito, em caracteres cópticos em 1945. Mas temos os livros apócrifos que perduraram pelos séculos e que chegaram até nós, como o “Evangelho da Verdade” que pode ter sido escrito por Venâncio; o “Evangelho de Tomé” que traz declarações de Jesus Cristo ressuscitado, que nada mais é do que algumas variações de algumas declarações já existentes nos Evangelhos Canônicos. Já as obras seguintes são de teor totalmente gnóstico, tais como: “O Evangelho de Eva”, “Sofia de Jesus”; “Os Livros de Jeú”; “O Evangelho dos Doze Apóstolos”; “O Evangelho de Filipe” em que um dos primitivos escritores como Irineu mencionou; “O Evangelho de Judas”; “O Evangelho de Maria”; “O Evangelho de Pedro”; “O Atos de João”; “Pregação de Pedro”. O mais gnóstico de todos: “Atos de Tomé” (40), (CHANPLIN, 2008, V. II, p. 922-923). Isso é apenas uma parte de uma farta relação de escritos gnósticos a disposição dos pesquisadores. Além das partes dentro do próprio Novo Testamento para combater o gnosticismo que estão citados nesta pesquisa; bem como as Epistolas dos “Pais Apostólicos”, dos “Pais Eclesiásticos” e também dos “Apologistas”, que falaremos mais adiante, que não só citam os escritos gnósticos, como combatem em defesa da sã doutrina, destaca a importância dos ensinamentos do Novo Testamento e do Senhor Jesus Cristo.















7 FILOSOFIA GREGA X CRISTIANISMO: UMA RELAÇÃO DE AMOR E ÓDIA?































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            Em meio a discussão com a Filosofia Gnóstica surgiram aqueles pais Eclesiásticos, como Tertuliano, que atacou a Filosofia Grega, bem como Arnóbio e Lactâncio que viam ameaça, não quanto aos dogmas do Cristianismo, mas como produto do paganismo penetrando nas igrejas através do helenismo, como sendo a filosofia improdutiva para a fé cristã. Por outro lado, houve os pais da Igreja como Justino Mártir, Clemente de Alexandria, Orígenes, entre outros que eram simpatizantes da Filosofia Grega para conduzir os gentios a Cristo. É daí que vem a pergunta: Uma ralação de amor e ódio? Para o Padre Leonel Franca, (1990) p. 80-81(41), diz que o pensamento cristão inicial se valeu da filosofia helenística, principalmente a platônica, pois que Platão era o filósofo mais estudado nesse tempo. Sim, o que concordamos. O que os escritores cristãos fizeram foi combater a filosofia pagã com as mesmas armas. O que não concordamos visto que o combate dentro do Novo Testamento, até os pais eclesiásticos não foi contra a Filosofia Grega, exceto os citados acima, mas sim, contra a filosofia gnóstica. Os escritores do Novo Testamento usaram, sim, as ideias e termos da filosofia Grega para expressar de maneira clara a revelação divina em Cristo de maneira compreensiva para os gregos. Já os pais apostólicos e eclesiásticos, corrigiram o dualismo irredutível, entre Deus e a matéria, que permeava todas as correntes filosóficas antigas, apresentando Deus como o Único Ser Transcendental, que governa tudo e todos, sanando assim, as dúvidas que a Filosofia Grega não era capaz de responder, como governo das criaturas, a questão espiritual, a imortalidade da alma humana, a obrigatoriedade da lei moral e a finalidade do Universo.

            Sabemos também que a influência da Filosofia Grega se deu no judaísmo, mais de um século a C, numa época em que os judeus estavam sob forte influência da cultura grega racional e pagã. Influenciaram o Judaísmo e os judeus que não falavam mais o hebraico, mas o grego. Daí que que o Antigo Testamento, escrito no Hebraico, foi traduzido para o grego, em Alexandria, para a comunidade judaica, entre os anos 280 a 150 a. C, feita por 72 tradutores, de onde vem o nome de LXX e também de septuaginta. Partindo do pensamento de Inês e Tânia, (1988), p.13) (42), afirmando que, tendo como centro cultural e comercial do Oriente, a cidade de Alexandria, e nela unindo as correntes de pensamentos e filosóficas oriundas de diferentes povos, o misticismo oriental vai aos poucos permeando a consciência helênica preparando a passagem da filosofia a teologia, da razão à fé cristã. Prosseguindo neste raciocínio, segundo Inês e Tânia (1988), p. 18-19 diz que:

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Desde muito cedo, uma dupla atitude desenhou-se entre os padres da Igreja: uns rejeitaram em bloco a herança dos filósofos pagãos; outros esforçaram-se para salvar dela tudo o que poderia ser preservado sem dano para a autoridade da revelação. Esta última postura foi gradativamente fortalecendo-se à medida que os cristãos viam-se obrigados a tomar posição em face da sabedoria pagã, fosse para combate-la, absolve-la ou utilizar-se na formulação do dogma e na defesa da fé. [...] compelidos, na luta contra o paganismo e as heresias, ao esforço de formulação conceitual do dogma, os escritores cristãos dos primeiros séculos recorreram aos instrumentos de que dispunham (pensamento helenístico), tratando de utilizar a filosofia a fim de aprofundar o conhecimento das Sagradas Escrituras ou para resistirem com a sua ajuda às investidas dos adversários que dela se valiam nos ataques ao Cristianismo (43).

            De acordo com os autores acima, entre outros, bem como os professores em sala de aulas, pensam que o grande problema para o Cristianismo foi a Filosofia Grega, o que ao nosso ver parece não ser a principal dificuldade para o Cristianismo. Concordamos em parte, quando os autores dizem que os escritores do Novo Testamento, os pais apostólicos e eclesiásticos cristãos, utilizaram-se da Filosofia Grega ou pagã, o que podemos perceber no Evangelho de Jesus Cristo, que João escreveu, (1:1), utilizando-se, inclusive de termos filosóficos, como o “Logos” de Platão. Por outro lado, temos ponto de vista diferente das autoras Inês e Tânia quando dizem que o Cristianismo teve que se posicionar em face da sabedoria pagã, pois, entendemos que elas se referem a Filosofia Grega e que os cristãos tiveram que lutar contra ela. Ao nosso ver, o Cristianismo lutou, sim, contra as heresias da Filosofia Grega que já estava miscigenada com o sincretismo religioso das fés egípcia, caldaica e judaica. Contudo, não só contra as que vinham da Filosofia Grega que ameaçou muito pouco o Cristianismo, mas principalmente contra as heresias da Corrente Filosófica Gnóstica. Essa, sim, ofereceu perigo real ao Cristianismo inicial até o segundo Século, já que no Terceiro ela perdeu seu poder de influência, todavia ela não deixou de existir, está até os dias atuais em plena atividade e continua negando a Jesus Cristo como o único meio de salvação. É o que afirma Jerfferson Silva Figuereiro, Disponível em: <http://www.aigrejaprimitiva.com/dicionario/HERESIAS.html#I>, acessado em: 24/08/2015, às 11:45h e que é o nosso parecer:

A primeira heresia que a igreja primitiva enfrentou foi o gnosticismo, a qual contava com numerosos maestros e seitas, que sustentavam uma diversidade de ensinos. No entanto, teve alguns ensinos básicos que todas as seitas gnósticas tinham em comum. Entre estas se acha o ensino de que os homens e o mundo não foram criados pelo Pai de Jesus. Ao invés, foi o Demiurgo: um anjo malvado ou uma deidade inferior, quem os criou. E, devido às imperfeições do Demiurgo, todas as coisas materiais (incluindo a carne do homem) são inerentemente imperfeitas e incapazes de salvação. Os Gnósticos ensinavam que o Deus do Antigo Testamento era severo e

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cruel; e este era o Demiurgo. Alguns deles o chamaram o ‘Deus justo’, em contraste ao Pai de Jesus que era o ‘Deus bom’ (44).

            A prova contundente que a Filosofia Grega não foi o principal problema para o Cristianismo é o que chamamos de a Filosofia no Novo Testamento. Tanto o Apóstolo João que tomou de empréstimo o termo “Logos”, que era usado com o significado de palavra, verbo, razão e conhecimento, para descrever quem era Jesus Cristo, (João 1:1), bem como o Apóstolo Paulo em seus escritos ao filósofo estoico romano, Sêneca, seu contemporâneo e este ao Apóstolo compartilhando conceitos, que influenciaram nos escritos de Paulo no Novo Testamento. O fato do Apóstolo Paulo refutar na Primeira Epistola aos Coríntios, capítulo um, versos de (17-24), isso não quer dizer que ele rejeitava toda a Filosofia Grega. Rejeitava a gnóstica. Da Filosofia Grega rejeitava somente a que era prejudicial, não só a igreja que ficava dividida, como a fé cristã que com sua mensagem de redenção centrada na cruz de Cristo, em que queriam substitui-la pela sabedoria humana, mistérios trazidos das religiões de mistérios da época, entre elas, a Filosofia Gnóstica que se instalou na Igreja em Corinto, com um agravante, orgulhavam-se do admirável poder de oratória que assemelhavam aos sofistas. O Apóstolo Paulo queria também “que compreendêssemos que não pode haver substituto para a mensagem simples da cruz; porquanto é através da mesma que o homem é levado de volta a Deus, através da reconciliação que há em Cristo” (45), (CHAMPLIN, 2008, V. II, P. 780). O Apóstolo se opunha contra as especulações filosóficas gnósticas que dilaceravam a importância de Cristo como o redentor espiritual, o que era filosofia de mau gosto que não podia realizar a reconciliação do homem com Deus; e não contra o uso da verdadeira filosofia na mensagem cristã. Ele não atacava a filosofia como toda, mas somente a modalidade que surgira na Ásia Menor, o sistema filosofia gnóstico, aonde os cultos misteriosos mesclavam a filosofia gnóstica com as artes mágicas, denominadas de “nutrimento gêmeos da alma” (46) (CHAMPLIN, 2008, V. II, P. 779). O Apóstolo Paulo usou os conceitos éticos da corrente filosófica dos estoicos romanos em seus escritos.

            Nos dias atuais ainda existe uma tensão entre a filosofia e a fé religiosa. Os extremos estão em que pessoas religiosas opõem-se à filosofia e outras chegam até despreza-la abertamente, como alguns filósofos desprezam a teologia como sendo um estudo banal e desprezível. No decorrer da história do Cristianismo houve uma disputa entre ambas e uma sobrepondo a outra, o que Tomás de Aquino afirmara que a filosofia era serva da teologia. Ao nosso ver uma disputa desnecessária, pois, são áreas estanques, independentes, de estudos di-
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 ferentes, que tem em comum a busca do conhecimento e da verdade. A filosofia busca a verdade científica e também a religiosa. Já a teologia busca a verdade religiosa e teológica, principalmente sobre Deus que podem ajudar-se mutuamente, uma recorrendo a outra. O teólogo com o conhecimento filosófico será um teólogo melhor capacitado, assim como o filósofo com um conhecimento teológico será um filósofo melhor dotado em suas considerações. A filosofia é importante para a teologia e no campo do conhecimento bíblico, isso é inquestionável quanto a organização do pensamento, do raciocínio apesar de não fornecer as respostas para os mistérios da existência, que atribulam o espírito humano, mas que a filosofia fornece ao ser humano uma série de perguntas bem colocadas que somos incapazes de encontrar-lhes respostas e soluções. Por exemplo: “Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?” (47) (CHAMPLIN, 2008, V. II, P. 779). A filosofia apenas indaga, não tem a resposta, às vezes. Por outro lado, a teologia através da revelação divina é que dará as respostas, como se segue: “O espírito humano pergunta, o Espírito de Deus responde”(44) (Ibidem). Há questões, dúvidas na Filosofia Grega que ela mesmo não tem resposta, como Quem Somos? De onde viemos? Para onde vamos? A filosofia indaga, por outro lado ela precisaria recorrer a teologia para encontrar a resposta. E seria muito bom se assim o fizesse! Ambas recorrendo uma a outra com humildade para se socorrerem mutuamente.

            O Apóstolo Paulo não foi hostil a filosofia grega, mas sim, a Filosofia Gnóstica. Ele expôs uma importante declaração em relação a posição central de Jesus Cristo no universo, usando termos e conceitos da Filosofia Grega, como vemos em (Colossenses 1:15-20),

O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse, E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus (48), (OLIVEIRA, Bíblia Sagrada Versão Digital 6.7 Freewere. Disponível em: < http://www.baixaki.com.br/download/a-biblia-sagrada-versao-digital.htm>. Acesso em: 26/ 08/2015.

            O que ele rejeitava ou repudiava era a Corrente Filosófica Gnóstica que não levava em conta a contribuição moral e religiosa que a revelação cristã dá quanto à compreensão da vida, chamada falsamente de sabedoria. O grande problema, entre a filosofia e a teologia, ao nosso ver, é se o filósofo é “deísta” ou “teísta”. O deísta admite a existência de Um Ser que é a cau-
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sa primária, que podemos chamar de Deus para a criação de todas as coisas, o que os cientistas renomados admitem, que é o caso do físico teórico, Michio Kaku, que afirmou em uma entrevista à revista Scientific American, dizendo que acredita que há uma força que rege o Universo (49), Tiago Chagas, (2015), disponível em <http://noticias.gospelmais.com.br/cientista-encontrado-evidencias-existencia-deus-63005.html>, acessado em 18/11/2015, às 19:00h. Como o Física Polonês, Michael Heller, que ganhou um prêmio de US$ 1,6 milhão, entre outros cientistas. Já o cientista brasileiro Marcelo Gleiser, em entrevista ao Jornal “Zero Hora”, ao ser perguntado: “Pessoalmente, qual é o enigma científico que o senhor mais gostaria de ver resolvido?” Gleiser respondeu: “Acho que é a origem da vida” (50), Itamar Melo, (2013), disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/planeta-ciencia/noticia/2013/10/na-pratica-estamos-sozinhos-no-cosmos-diz-o-cientista-marcelo-gleiser-4298954.html>, acessado em 18/11/2015. Se os cientistas não têm respostas nem para a origem da vida, como ter prova para negar a existência de Deus? Já o teísta admite que houve uma força cósmica que deu origem a criação do universo, porém, não se interessou pela mesma, dela divorciando, não intervindo nem para o bem nem para o mal. Ideia esta que o Apóstolo Paulo não comungava, pois estudou filosofia, conviveu com ela e foi a Atenas, ao Areópago, para debater filosoficamente a sua experiência com Deus como vemos em (Atos 17:18-23) que diz:

E alguns dos filósofos epicureus e estoicos contendiam com ele; e uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece que é pregador de deuses estranhos; porque lhes anunciava a Jesus e a ressurreição. E tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas? Pois coisas estranhas nos trazes aos ouvidos; queremos, pois, saber o que vem a ser isto (Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade). E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio (51), (OLIVEIRA, Bíblia Sagrada Versão Digital 6.7 Freewere. Disponível em: <http://www.baixaki.com.br/download/a-biblia-sagrada-versao-digital.htm>. Acesso em: 26/ 08/2015.

            Ao dizer para os filósofos atenienses que era o representante do Deus desconhecido deles, ele está admitindo a existência de Deus, o que é lógico para quem crê na revelação divina e para o teólogo. Para nós está claro, como estava claro para os autores do Novo Testamento, para os “Pais Apostólicos” e para os “Pais Eclesiásticos” que o grande problema quanto as heresias surgidas no primeiro e segundo séculos de Cristianismo e a necessidade de resisti-las, não são advindas da filosofia grega, mas da filosofia gnóstica. O que percebemos é
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que, a influência foi recíproca e simultânea o que concordamos. Mas observamos que o diálogo com a filosofia grega de maneira mais acirrado, aceita por alguns e rejeitada por outros, se deu mais tarde com os apologistas a partir do segundo até o quarto séculos do Cristianismo e ficou tensa a partir de Tomás de Aquino que afirmara que a filosofia era serva da teologia, (CHAMPLIN, 2008, V. 6, P. 359) (52), o que perdura até os nossos dias qual ciência tem a preeminência. Debate este que demorará harmonizar por falta de bom senso de ambos os lados e devido aos extremismos de ambas as partes. Discussão desnecessária, visto que a Filosofia trata da Razão pura, já a teologia estuda a revelação divina e ambas devem andar juntas, auxiliando uma a outra.
























8 A RELAÇÃO DO NOVO TESTAMENTO COM A FILOSOFIA GNÓSTICA































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            A única parte do Novo Testamento que se usa a palavra filosofia é em (Colossenses 2:8), onde o Apóstolo Paulo está opondo-se às especulações inúteis da Corrente Filosófica Gnóstica e não à Filosofia Grega por completa. Em Efésios, capitulo primeiro Paulo usa métodos filosóficos para propor princípios amplos e universais, em sua cosmologia, como expõe a sua ética no capitulo sete na Epistola aos romanos, bem como a história da filosofia nos capítulos nono ao décimo primeiro aos romanos. A formação do Novo Testamento se deu entre os anos 49 aos 90 d. C. Os primeiros escritos foram do Apóstolo Paulo, entre 49 a 64 d. C. Dos Evangelhos, Marcos foi o primeiro a ser escrito, por volta dos anos 50 d. C e Apocalipse o último pelos anos 90 d. C.

            Três necessidades básicas contribuíram para os escritos do Novo Testamento: 1 – Algum registro escrito que narrasse a história, o ministério, a vida de Jesus Cristo, ensinamentos e princípios deixados por Ele enquanto aqui viveu e quem era Esse Ser que tanto influenciou o mundo de então. 2 – Que o Cristianismo fosse reconhecido como legal pelo Império Romano, já que o mesmo dava sinais de perseguição religiosa. E 3 – Para enfrentar os ataques heréticos, as ameaças as doutrinas e a teologia do Cristianismo pela Filosofia Gnóstica que já estava em curso pelos os anos 40 a 50 d. C. Pelo o que o Apóstolo Paulo, ao escrever as Epistolas aos Efésios, aos Colossenses, a Timóteo, o Evangelho de Jesus Cristo que João escreveu e o Apocalipse, já tinham a intenção de confrontar tal filosofia e bani-la do meio do Cristianismo. Filosofia essa que negava a divindade de Jesus Cristo, o que o Apóstolo João destaca através do Logos encarnado, de que Jesus Cristo é o Messias prometido no Antigo Testamento. Além dos escritos do Novo Testamento, podemos contar com o manual para as igrejas chamado de (Διδαχń – didachê) em grego, que significa: Ensino, Doutrina e Instrução dos Doze Apóstolos, escrito do século primeiro d. C. É constituído de dezesseis capítulos, e ainda que uma obra pequena, é de grande valor histórico, teológico e doutrinário para o Cristianismo, um manual para as igrejas em defesa de sua fé. Segue de igual importância, as cartas dos pais apostólicos endereçadas uns aos outros, bem como as igrejas o que destacaremos mais adiante. Entre tantos, temos Policarpo, Irineu, Clemente de Roma, Clemente de Alexandria entre outros, o que se segue em ordem numérica:

            8.1 Finalidade do Novo Testamento.

            A finalidade do Novo Testamento é combater a Corrente Filosófica Gnóstica por com-
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pleto, como o veremos mais adiante; já a Filosofia Grega, ele usou os termos e conceitos, que contribuíam para expressarem, com clareza, a revelação e a encarnação divina, os ensinamentos de Jesus Cristo, suas doutrinas, teologia e a fé cristã. Com isso, não queremos dizer que em determinados momentos, dependendo de escritores e o que pensavam, que não houve certa tensão e até hostilidade de ambas as partes, entre razão e fé cristã e vice-versa. Por outro lado, também, é preciso destacar que a fé cristã, em alguns seguimentos, aceita com mais facilidade a inferência da razão do que a razão a fé cristã, pelo menos no meio das igrejas históricas e tradicionais. Este é um fato inegável no decorrer da história do Cristianismo e da Filosofia Grega.

            Allen, (1990), V. XII, p. 227-228 (53) ele afirma que o Apóstolo João escreveu as suas Epistolas para advertir as igrejas contra os falsos mestres, que eram os mestres gnósticos, que tinham uma ideia distorcida contra Jesus, o Cristo. Ele deixa claro em seus escritos a sua aversão contra esses falsos mestres, chamando-os de anticristos, os quais ele atacava de maneira enfática. Gnosticismo este que era uma filosofia baseada no princípio de que a matéria é maligna. Um grupo negava que Jesus Cristo era homem, que apenas parecia sê-lo. Outro grupo afirmava que o Cristo de Deus não se envolveu com o sofrimento humano, diziam que o Cristo veio sobre o homem Jesus quando de seu batismo, todavia o deixou antes da morte na cruz. A filosofia gnóstica queria perverter a fé cristã e se tornou uma ameaça para a saúde moral e espiritual das igrejas primitivas. Confiando na gnosis criam que podia ludibriarem a Satanás participando de toda sorte de pecados, prazeres e concupiscências carnais, sem, no entanto, cometerem pecados ou envolverem a alma, a ponto de afirmarem que “não temos pecado nenhum”, I João 1:8. A ameaça estava instalada, pois as igrejas estavam fragmentando e a comunhão se rompendo diante de tais ensinamentos que se consideravam superiores em sua gnosis.

            Os textos que confrontam a Filosofia Gnóstica e não a Grega são vários que passaremos a citá-los: (Colossenses capítulos de 1 a 3; I João 2:18 e 2:22; 4:3; II João 7; I Timóteo 1:4; 4:3; 2:18 e Tito 1:14). Os termos usados pelos escritores do Novo Testamento, como no grego (πλήρωμα – Pleroma), em (Col. 1:19 e 2:9) significa “plenitude”. “Espíritos elementares” em (Col. 2:8), que no grego é (στοιχεῖα – stoicheia); nomes angelicais como “potestades”, “principado”, “domínio” e “poder” encontrados e (Efésios 1:21); bem como a palavra “mistério” que no grego é (μυστήριον- mistérion) encontrada em (Efésios 3:3; Colos-
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senses 1:26 e 2:2), foram tiradas do vocabulário dos gnósticos, das Religiões de Mistérios para serem usadas do ponto de vista cristológico que não feriria a essência da revelação divina em Cristo.

            Para a Filosofia Gnóstica, a humanidade de Cristo era apenas aparente e não real. O Logos não poderia ter encarnado; portanto, não havia identidade de uma pessoa em Jesus, nem divina, nem humana.

O Espírito-Cristo não se teria tornado humano em qualquer sentido. Portanto, ‘Cristo’ não era humano, e nem sofreu ou morreu. Jesus, o homem, é que seria humano; ele não era o Cristo. Serviu apenas de instrumento, por algum tempo. A humanidade de Cristo, pois, não seria uma realidade, mas apenas uma ‘aparência’. O ‘aeon’ agia como se fosse um ser humano, porquanto manipulava um corpo físico, um corpo humano que não era seu – não estava de modo algum identificado como mesmo (54), (CHAMPLIN, 2008, V. II, P. 205).

            Daí que o Apóstolo João em sua Epistola, (I João 4:1-4), demonstra que Jesus é o Cristo, que é o Verbo encarnado e NELE há as duas naturezas, a divina e a humana, isto é, Jesus Cristo é cem por cento Deus e Homem. Com isso está rejeitando os ensinamentos da Filosofia Gnóstica. O que observamos que praticamente todos os livros apócrifos no período do Novo Testamento são gnósticos e circulavam nas igrejas do primeiro século. O que forçou a escrever os livros canônicos do Novo Testamento, para defenderem, com rigor, a vida de Cristo como humano e divino diante dos milagres; o sofrimento de Jesus Cristo e não somente o homem Jesus, mas também o Cristo Divino que vemos em (II Coríntios 1:5 e I Pedro 1:3). Em (Filipenses 3:10) afirma a nossa comunhão com o sofrimento de Cristo. Já em (I Pedro 2:20) fala que Cristo sofreu em nosso lugar e (I Pedro 4:1) afirma que Cristo sofreu na carne.

            “Oito livros do Novo Testamento combatem o gnosticismo que assediou a igreja pelo espaço de 150 anos. Esses livros são as três epistolas joaninas, a epistola aos Colossenses, Judas, e em certas passagens, Efésios, o Evangelho de João e o Apocalipse” (55), (CHAMPLIN, 2008, V. II, p. 922). Está evidente, que a preocupação dos escritores do Novo Testamento, não era a Filosofia Grega Clássica, mas a Corrente Filosófica Gnóstica.

            8.2 O Combate Continua com os Pais Apostólicos

            Pais Apostólicos, são termos usados para se referirem a vários, líderes cristãos, que vi-
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veram no final do século I d C, até a metade do século segundo, incluindo os seus escritos que caracterizavam pela simplicidade literária, honestidade e convicção religiosa. Obras essas, que não fazem parte do Novo Testamento, mas que zelavam em defesa do mesmo, seus ensinamentos, doutrinas em face das perseguições, heresias, principalmente, as gnósticas e os cismas teológicos dentro do cristianismo que já davam sinais bem no início. Os Pais Apostólicos combateram a Filosofia Gnóstica e não necessariamente, a Filosofia Grega ou clássica. Combate esse que continuou através dos escritos dos pais apostólicos como vemos no texto de (Walker, (1980), p. 62).

escritores cristãos (que) receberam o cognome de ‘Pais Apostólicos’ por ter-se acreditado durante muito tempo – erroneamente, porém – na sua qualidade de discípulos diretos dos apóstolos. Entre eles contam-se: Clemente de Roma (93-97 aproximadamente), Inácio de Antioquia (110-117 aproximadamente), Policarpo de Esmirna (110-117 aproximadamente), Hermes de Roma (100-140 aproximadamente), o autor que escreveu com o nome de Barnabé, possivelmente em Alexandria (131 aproximadamente), e o sermão anônimo chamado Segunda Clemente (160-170 aproximadamente). A essa literatura deve ser acrescido o Ensino dos Doze Apóstolos (130-160 aproximadamente, retratando, porém, condições muito primitivas). A Epistola a Diogneto, não raro incluída entre os escritos dos Pais Apostólicos, é provavelmente posterior a esse período (56).

            Entre os escritos dos Pais Apostólicos, temos a Epistola de Clemente de Roma, escrita por volta do ano 95 d C, provavelmente não foi Clemente o seu autor. A Didache, que é chamada também de o Ensino dos Doze Apóstolos, de autoria composta que parece que foi escrito na Síria. E Pastor de Hermas, de Roma que foi escrito por volta de 125 d C.

            “Características”: Nos diz Champlin, (2008), v. IV, p. 14, que:

São de antiga data, geralmente ortodoxas, defendendo a fé cristã, a maioria endereçada a cristãos. Abordam questões práticas, as relações entre a Igreja e o Estado, princípios éticos gerais, as ordenanças da Igreja, com uma elevada concepção da pessoa de Cristo, além do tema comum escatológico. Foram obras escritas em grego, sem exceção (57).

            Citaremos alguns desses pais apostólicos, que consideramos mais importantes que viveram com alguns dos Apóstolos e seus escritos, porém, não havia ainda um cânon das Escrituras do Novo Testamento; período este, entre a morte dos Apóstolos que foi turbulento, em que os Pais Apostólicos conviveram no auge da Filosofia Gnóstica, que tiveram que assumir posição e escrever para combate-la. Por exemplo:

            Policarpo de Esmirna. Policarpo de Esmirna, viveu de (69-159 d. C), portanto, quando havia ainda Apóstolos vivos e o Novo Testamento estava sendo escrito e em formação, que
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foi discípulo presencial do Apóstolo João, fato atestado por Irineu de Lyon. Sofreu o martírio, queimado vivo em uma fogueira em 155 ou 156 d C, quando o Imperador de Romano era Marco Aurélio, foi martirizado na cidade de Esmirna, atual cidade de Ismir na Turquia moderna. Irineu dizia que fora escolhido para ser pastor pelos Apóstolos que o tinha conhecido ainda quando era menino. Policarpo escreveu uma Epístola aos Filipenses em 110-117, citando as Epístolas do Apóstolo Paulo que já circulavam pelas igrejas, como Mateus, Lucas, Atos, Hebreus e I Pedro, enfatizando, defendendo que Jesus Cristo veio em carne, morreu e ressuscitou verdadeiramente, o que os Apóstolos ensinavam, com a intenção de combater o Docetismo, que nada mais era do que os ensinamentos do gnosticismo. Assim o disse, para combater as heresias da Filosofia Gnóstica, que negava a existência de um corpo físico a Jesus Cristo, que seria apenas espírito, defendendo que o corpo de Jesus Cristo era uma ilusão e que sua crucificação teria sido apenas aparente, (CHAMPLIN, 2008, V. IV, P. 318-319) (58). No dia de seu martírio, queimado vivo, para responder ao juiz que não negaria a sua fé a Jesus Cristo, proferiu a celebre frase: “Vivi oitenta e seis anos servindo-lhe, e nenhum mal me fez. Como poderia eu maldizer ao meu rei, que me salvou?” (59), (GONZALEZ, 1980, P. 70-71).

            Papias de Hierápolis. Papias foi pastor em Hierápolis. Não se sabe ao certo o ano de seu nascimento, todavia se pensa que o mesmo nasceu entre os anos 60 a 70 d C. Se assim é, com certeza foi testemunha ocular e audível de algum Apóstolo e dentro do processo de formação do Novo Testamento. Se destacou por volta de 130 d C. Irineu diz que Papias foi discípulo de João, o Apóstolo e amigo de Policarpo, este discípulo do Apóstolo João também. Bettenson, (1967) p. 57, diz que Papias assim se expressou:

declara apenas ter recebido a norma da fé de familiares dos apóstolos. ‘Não hesitarei em comunicar-vos, juntamente com minha interpretação, tudo quanto outrora aprendi diligentemente dos mais antigos, confiando-o cuidadosamente à minha memória: tenho plena certeza de sua fidelidade. Pois, nunca gostei de seguir, como costumam outros, a homens abundantes em palavras, senão a homens que ensinam a verdade; nem a homens que relembram preceitos estranhos e desusados, mas a homens que recordam os mandamentos que o Senhor confiou à nossa fé e que procedem da verdade em pessoa’ (60).

            A declaração de Papais acima está implícita que estava discordando de ensinamentos que contrariavam o que o Senhor Jesus Cristo deixara e que os Apóstolos transmitiam as gerações futuras.

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            Clemente de Roma. Clemente de Roma foi pastor da igreja em Roma entre 81 a 101 d C. Entre vários Clementes citados na história do cristianismo, nos deteremos ao Clemente de Roma e suas Epistolas escritas aos coríntios em que tanto Irineu como Eusébio o considerava magnifico. Clemente viveu um período em que havia Apóstolo vivo como era o caso de João. No reinado do Imperador Domiciano. Sua Epistola é o mais antigo documento escrito depois do Novo Testamento. E a principal obra dele é, “Colcha de Retalhos”, que em parte é um ataque a Filosofia Gnóstica. Faz referência a Filosofia Grega Clássica, a usando em seu favor e não se defendendo dela ou atacando-a. Para Clemente, os cristãos verdadeiros são os autênticos gnósticos, detentores do conhecimento ou sabedoria. Para Champlin, (2008), v. I, p. 768,

O grande problema da Filosofia Grega é que ela é incompleta, e não tanto que ela está essencialmente equivocada. A crença e a revelação cristãs são necessárias a fim de separar a verdade do erro. O verdadeiro gnóstico e o cristão, cujo o conhecimento recebeu a iluminação provida pelo Logos. Nele encontramos uma iluminação mesclada com o amor. Portanto, há dois grandes pilares ou sustentáculos da verdade: O conhecimento e o amor. O crente, bem preparado em seu conhecimento, pode usar a verdade que ele obteve por parte da fé (61).

            Inácio de Antioquia. Eusébio afirma que Inácio de Antioquia morreu no décimo ano do reinado do Imperador Trajano, que foi 108 ou 109 d C. Escreveu suas sete cartas durante o reinado de Trajano, de 98-117 d C, combatendo os ensinamentos heréticos do gnosticismo e encorajando os cristãos perseguidos. Escreveu também a Policarpo recomendando a obediências dos cristãos aos seus líderes, o que dá para supor que os cristãos gnósticos insurgiam contra os líderes que os contrariavam. Como prova que combatia os ensinamentos do gnosticismo, defendia o nascimento virginal do Senhor Jesus Cristo, sua divindade, seu sofrimento expiatório e a sua ressurreição.

            Irineu de Lyon. Irineu, pastor em Lyon na França. Nascido em 125-202 d C, tudo indica que foi em Esmirna, líder e teólogo cristão. Declarou ter conhecido Policarpo, do qual se diz ter conhecido o Apostolo João pessoalmente. Irineu em seus escritos atacou o gnosticismo. Escreveu vários livros, mas por razões desconhecidas só há dois escritos em grego conhecidos hoje, um traduzido para o latim, que no original chamava-se: “Detecção e Refutação da Pretensa, mas Falsa Gnosis” (62), (CHAMPLIN, 2008, V. III, P. 367). Escritos esses que tinham como objetivo reafirmar que Cristo é o Deus-Homem para atacar de maneira enfática as ameaças dos grupos gnósticos que queriam solapar o cristianismo histórico.
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            8.3 Os Dois Lados da Moeda – Quem Influenciou Quem
           
            A Filosofia Grega, há séculos, vinha flertando com as religiões como diz Champlin, (2008), v. II, p. 770 que: “A medida que foi declinando a cultura clássica, a filosofia foi-se transformando em um misticismo religioso. As especulações gregas vieram fundir-se às fés egípcia, caldaica, judaica e cristã” (63). O resultou dessa mistura foi o gnosticismo. A relação com a Filosofia Gnóstica foi repelente e não poderia ser outra, a não ser de auto exclusão, pois são antagônicos. Já com a Filosofia Grega, a princípio foi amistosa, com pequenos incidentes, ora de aceitação, ora de rejeição. Ora de amor, ora de hostilidade. Ora de defesa, ora de acusação mútua. O que veremos a seguir quando falarmos sobre os apologistas. Por hora, queremos destacar que existe uma certa tensão entre a Filosofia e a Teologia em nossos dias. Mais pelo lado da Filosofia em relação a Teologia, do que da Teologia para com a Filosofia, visto que nas grades curriculares dos cursos de Teologia, a matéria de Filosofia é estudada para uma visão geral da mesma e as correntes filosóficas, como pré-requisito, o que não acontece dentro dos cursos de Filosofia estudar teologia. Ao nosso ver, são áreas distintas que se completam, uma socorrendo a outra e não repelentes como é a visão de muitos, colocando a Teologia como nada tendo para contribuir naquilo que a Filosofia não tem resposta quanto a metafísica. Ao nosso ver, nos cursos de Filosofia quando se refere a Teologia é como se a mesma fosse conteúdo de segunda categoria, desprezível e que não tem conhecimento a acrescentar, pois cai no campo da metafísica e de hipóteses que nada pode provar. Contudo, entendemos que uma pessoa para ser um bom filósofo, o bom seria que entendesse bastante de teologia. O que de igual modo, o bom teólogo precisará entender um bocado de filosofia para ampliar o seu horizonte quanto ao questionamento e conhecimento para falar de uma teologia mais consistente do que a vemos por aí.










9 OS APOLOGISTAS CONFRONTAM AS HERESIAS































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            Definição: O termo apologia vem do grego (ἀπολογία – apologia), que significa defesa falada ou escrita, discurso de defesa, a defesa sistematizada da fé e da verdade cristã, sua origem, credibilidade, autenticidade, superioridade em relação às demais religiões e cosmovisões. Recurso esse, usado por Platão, quando expõe a defesa de Sócrates diante de seus acusadores. O termo apologista é usado para se referir aos pais da igreja, que escreveram depois dos “Pais Apostólicos”, para defenderem a fé e a Igreja Cristã contra os ataques diversos, entre eles: do judaísmo, do paganismo, do Estado Romano e das correntes de pensamentos, entre elas, as filosóficas. Quando a Filosofia se comparam e se julgam superiores uma a outra, a própria filosofia está fazendo a apologia em sua defesa, bem como a teologia.

            Os autores do Novo Testamento, os Pais Apostólicos, os Pais Eclesiásticos, bem como os Apologistas tiveram tarefa árdua para defender a Igreja Primitiva e o Cristianismo das heresias que surgiam de todas as direções, não só de fora como da Filosofia Grega que ameaçou muito pouco do nosso ponto de vista, pois o maior perigo estava na Filosofia Gnóstica; bem como dentro das próprias igrejas como foram os casos da Igreja da cidade de Corinto, da Galácia, de Colosso e de Éfeso. Exemplo bíblico de defesa. Em (I Pedro 3:15) assim diz: “[...] e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós” (64), OLIVEIRA, Marcelo Ribeiro de. Bíblia Sagrada Versão Digital 6.7 Freewere. 2015. Disponível em: <http://www.baixaki.com.br/download/a-biblia-sagrada-versao-digital.htm>. Acesso em: 15 outubro, 2015. O Novo Testamento está repleto de provas apologéticas e o mesmo é uma apologia a favor do Cristianismo que está em conflito com o judaísmo e contra o paganismo. O Evangelho de Jesus Cristo, escrito por Lucas, a um oficial romano é uma apologia em defesa da fé diante das perseguições, como vemos em (Lucas 1:3-4) que diz: “Pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelente Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio; Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado” (65), OLIVEIRA, Marcelo Ribeiro de. Bíblia Sagrada Versão Digital 6.7 Freewere. 2015. Disponível em: <http://www.baixaki.com.br/download/a-biblia-sagrada-versao-digital.htm>. Acesso em: 15 outubro, 2015.

            Ainda sob a influência da Corrente Filosófica Gnóstica, porém já um tanto cambaleante, vieram os apologistas, que tiveram que lidar, não só com os resquícios da Cor-
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rente Filosófica Gnóstica, com a Filosofia Grega, com os ataques de perseguição do Estado Romano, com a Filosofia Eclética Romana defendida por Cícero, o eclético; Sêneca; Epicteto e Marco Aurélio que enfatizavam o estoicismo, porém de maneira eclética e modificado. Os apologistas e posteriormente os concílios colocaram as verdades de Jesus Cristo, do Novo Testamento e do Cristianismo em destaque, de maneira que o gnosticismo deixou de influenciar como antes. O neoplatonismo continuava como um grande movimento, isso já pelo segundo século d C, em que o relacionamento entre a igreja e a Filosofia Grega era de amor e ódio. Foi um período em que a igreja conquistava pessoas intelectuais e inteligentes. Diz Walker (1980), p. 72 que “Vários dos apologistas saíram dentre os filósofos, e sua interpretação filosófica em muito favoreceu o desenvolvimento da teologia” (66). Diz Champlin, (2008), V. I, p. 235, que:

Os pais alexandrinos. Clemente, Orígines, etc. Proposital e habilidosamente eles usavam a filosofia platônica e estoica para dar à fé cristã uma expressão filosófica. A filosofia pode aguçar os conceitos teológicos. Qualquer pessoa que tenha estudado filosofia pode usá-la para definir, aclarar e aprimorar seus conhecimentos teológicos. Um teólogo que tenha estudado filosofia pode tornar-se um melhor teólogo. Podemos evitar abusos (67).

            Havia os apologistas favoráveis e os contras ao uso da Filosofia Grega dentro do Cristianismo do segundo para o terceiro século d C. Por exemplo: Os apologistas latinos rejeitavam a Filosofia Grega como sendo produto do paganismo. Por outro lado, os apologistas da Igreja do Oriente eram favoráveis ao uso da Filosofia Grega para conduzir os gentios a Cristo e explicar as doutrinas cristãs. Citemos alguns deles que foram contrários como se segue enumerados:

            Tertuliano. Datas aproximadas 155-222 d C. Nasceu na África, província romana, na cidade de Cartago. De grande conhecimento filosófico, direito e literatura, antes de sua conversão a Cristo. Apologista intransigente que atacou a filosofia grega, o paganismo com argumentos filosóficos o que levou os filósofos a não perdoarem, bem como o gnosticismo e o paganismo em geral. Para ele a filosofia era produto da mente pagã. Falhou, porém, ao não perceber que a fé e a filosofia devem ser avaliadas pela pesquisa da razão, para separar o falso do verdadeiro, para que o verdadeiro seja melhor compreendido. Diz Champlin, (2008), V. VI, p. 392, uma frase famosa de Tertuliano que diz: “Creio, por ser absurdo” (68), assim o disse por achar que a fé não faz sentido diante da razão humana.

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            Taciano. Cristão do final do II século d C, nasceu na Assíria e estudou na Grécia. Viveu em Roma e foi discípulo de Justino, o Mártir, que também se posicionou contra a filosofia grega, sendo um crítico severo defendendo a superioridade do cristianismo, tornando-se mais tarde um gnóstico parecido com Valentiniano. Sua obra apologética conhecida é Um Discurso aos Gregos onde fala sobre os deuses gregos em que Homero e os demais poetas gregos dizem coisas que são dignas de vergonha, visto que entre eles praticavam a mentira, o incesto e o infanticídio. Como cobrar dos cristãos que honrem tais deuses, se são, em todos os sentidos, inferiores a nós? Não podemos nos esquecer que as esculturas que os gregos adoram são estatuas de “mulherzinhas”, prostitutas que os escultores tomaram por modelos. Diz Gonzales, (1980), V. I, p. 90-91, “Portanto, os mesmos gregos que criticam aos cristãos por serem de baixa classe social, na realidade adoram a pessoas de mesma classe” (69).

            Aristides. Ele saiu em defesa do Cristianismo contra o paganismo, sendo ele ateniense, o mesmo escreveu sua apologia por volta de 147 d C, ao Imperador Antônio, chamando os cristãos de raça superior e digna de ser tratada de maneira humanitária. A sua obra ataca as formas de adoração dos caldeus, dos gregos, dos egípcios e dos judeus enaltecendo o Cristianismo acima dessas formas de adoração, bem como a moral do Cristianismo. Entretanto, nem todos os cristãos adotaram a postura de que a cultura pagã era totalmente desprezível. Nem todos os apologistas eram contrários a filosofia grega. Há aqueles que a usaram a favor do Cristianismo. Para eles a Filosofia Grega era compatível para com o Cristianismo. Extraíram o que havia de melhor na Filosofia para o benefício do Cristianismo, principalmente do platonismo e do estoicismo. Dela tirando o maior proveito como se segue os nomes enumerados.

            Justino Mártir. Estudioso das filosofias de seu tempo, antes de sua conversão, ao converter-se faz a sua apologia por volta de 150 d C, escrevendo aos Imperadores Adriano e a Marco Aurélio, afirmando que a Filosofia Grega apesar de útil, porém era incompleta, não terminado, todavia foi aperfeiçoado e suplantado em Cristo e pela sua revelação. Para ele, o Cristianismo era a verdadeira filosofia. A filosofia era vista como as leis do Antigo Testamento como precursora de uma revelação superior. Ele via vários pontos que convergiam entre o Cristianismo e a Filosofia pagã. E que os melhores filósofos falaram de um ser supremo que se encontra acimas de todos os demais seres, de onde se origina toda a
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existência. Para Justino, o Mártir, a esperança do cristão não está na imortalidade da alma, mas na ressurreição do corpo. A fusão entre fé e filosofia, Justino faz uso do “Logos, que para ele era tanto a palavra como a razão universal. Justino reivindicou para o Cristianismo tudo quanto de bom poderia encontrar na filosofia clássica, apesar de ser ela a cultura pagã. Se não bastasse o que escreveu, selou o que defendia com o sangue do martírio.

            Clemente de Alexandria. 150-215 d C. Atacou o gnosticismo e não a Filosofia Grega, já que era de formação filosófica. Para ele, a Filosofia Grega era compatível para com o Cristianismo. Extraído o que havia de melhor na Filosofia para o benefício do Cristianismo, principalmente do platonismo e do estoicismo, que vemos em sua obra como em “Stromata ou Miscelâneas” que falam de religião e filosofia. Diz Walker, (1980), p. 108, que

o Logos divino foi sempre a fonte de toda a inteligência e moralidade existente na raça humana, o mestre universal da humanidade. ‘Nosso pedagogo é o Deus santo, justo, o Verbo que é o guia de toda a humanidade’. É ele a fonte de toda filosofia verdadeira [...] A instrução da humanidade pelo Logos fora, portanto, uma educação progressiva (70).

            Entre tantos que poderíamos citar, terminaremos com...

            Orígenes. Deve ter nascido em Alexandria, por volta de 185 d C, vindo a morrer em Tiro pelos anos 254. Grande conhecedor das Escrituras sagradas. Filósofo e erudito. Homem de espírito puríssimo de mais nobre propósito. Com sua erudição pôs fim às ameaças do gnosticismo ao Cristianismo. Conseguiu harmonizar os escritos de Platão com as doutrinas cristãs. As bases teológicas do Novo Testamento ficaram com mais consistência com a inferência da filosofia do que com o judaísmo. Ele contribuíra para que a teologia do Oriente fosse superior a teologia romana. Graças a Orígenes, a filosofia adquiriu importância, reconhecimento dentro do Cristianismo. Apologia e discussões, estas, que continuaram com Agostinho de Hipona, Tomás de Aquino, chegando aos dias modernos com o Bispo Anglicano Joseph Butler; Kalr Barth e Rudolf Bultmann. Que com certeza, não terminará com esses autores, pois enquanto existir o Cristianismo, existirá os ataques a sua teologia, fé e doutrinas. Portanto, serão necessários os apologistas pós-modernos em sua defesa.

            A apologia se fez necessária diante dos ataques diversos que o Cristianismo sofreu desde o início e que ainda sofre até os dias atuais. Entretanto, o ideal é que ambos, a filosofia,
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o Cristianismo e a teologia andem de acordo com o que Alan Richardson, (1978), p. 183, afirma:

Os homens podem alcançar uma compreensão racional do mundo e de seu propósito, ou finalidade, mas só quando guiados pela revelação divina. É preciso que a fé tome a razão pela mão e a leve a palmilhar o caminho certo. A razão por si não pode descobrir a verdade acerca de Deus e do destino humano, e, mesmo quando tropeça em verdades particulares, não pode ela com certeza saber que não são falsas; não obstante a razão é guiada pelos conceitos da revelação cristã, pode ela edificar uma filosofia verdadeira, à medida que avança, ainda que sempre esteja limitada pelas deficiências de nosso conhecimento empírico. Na filosofia, quer-se dizer que a razão deve ser justificada ou corrigida pela fé; sem a fé cristã, a filosofia poderia, até certo ponto, se aproximar da verdade, mas não poderia saber que assim o fez. O progresso atual da história da filosofia, contudo, nos mostra que ela mais facilmente conduz ao erro positivo ou a um ceticismo radical (71),

portanto, esta deve ser a relação entre a fé cristã e a razão. Do contrário ambas podem incorrer em erros. Para que nem a filosofia, nem a fé cristã caia neste ceticismo radical, o ideal é que ambas socorram uma a outra em suas dificuldades em esclarecer a verdade. O que fica claro, portanto, para nós, é que a filosofia depende da teologia e a fé, para reafirmar algumas verdades, como por exemplo, a origem da vida, a imortalidade e o estado final da alma ou espírito e a existência de Deus etc, como Platão já afirmava. Como a teologia e a fé cristã, precisam da filosofia e da razão para embasarem as convicções religiosos alicerçadas na revelação, sem os erros de um sincretismo religioso incoerentes pensando que estão expondo as verdades bíblicas e religiosas, quando na verdade estão distorcendo os ensinamentos divinos. O ideal é que nem a filosofia, nem a teologia queira sobrepor uma a outra, mas que andem lada a lado, ajudando mutuamente uma a outra naquilo que é deficiente em ambas. Como afirma Richardson, (1978), p. 186, “A razão não pode caminhar com sua própria luz, e precisa buscar a iluminação de algum princípio de interpretação que a razão não contém em si” (72), princípio este que é a fé defendido por Justino Mártir, por Agostinho e Tomás de Aquino. Por outro lado, tornar-se cristão não é preciso renunciar a razão. Pelo contrário, fé e razão habilitam o homem a raciocinar de maneira certa e verdadeira. Ao tornar-se cristão, o homem está preparado para ser o filósofo no verdadeiro sentido da palavra, pois estará unificando as verdades filosóficas com as verdades teológicas e fechando as lacunas de ambas as partes.




10 QUEM INFLUENCIOU QUEM?
































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            A Filosofia bem como a língua grega influenciaram o Judaísmo e o Cristianismo, tanto positivo como negativo, visto que o Antigo Testamento, escrito no Hebraico, foi traduzido para o grego, em Alexandria, para a comunidade judaica, entre os anos 280 a 150 a. C, feita por 72 tradutores, daí o nome de LXX e também de septuaginta. Influenciaram também na formação do Novo Testamento, em que foi escrito na língua grega, com pequenas partes em aramaico, bem como na evangelização através do Apóstolo Paulo que se preocupou principalmente com a Grécia. A prova é que, o grego koinê, foi a língua falada por quase todo o Império Romano, por cerca de dois séculos a C, até o segundo século d C. Tanto a filosofia aristotélica, bem como a platônica, principalmente o último, influenciaram o judaísmo. Filo em (30 a C a 50 d C), fez com que florescesse uma filosofia judaica grega em Alexandria, em que

ensinava que Deus é a fonte originária de todas as coisas: Deus é corpo, mente, matéria e forma; a causa sem causa. Ele é o Único, excluindo toda pluralidade e diversidade; Ele contém todas as coisas e está acima do ser, acima de qualquer explicação. Dele emanam-se todas as coisas, em três estágios: Em Primeiro lugar, o pensamento, a mente, a inteligência. Em segundo lugar, a alma, inferior à mente, uma cópia do pensamento puro. Volveu-se para o pensamento puro, por um lado, mas para a matéria, por outro lado. Essa é a alma do mundo, da qual as almas humanas individuais são uma parte. Em terceiro lugar, a mais inferior de todas as emanações é o corpo físico. Apesar de residir na pluralidade, tem o selo do absoluto (73), (CHAMPLIN, 2008, V. II, P. 770).

            Os autores do Novo Testamento usaram a linguagem filosófica para falarem de Jesus Cristo, como o eterno LOGOS que Platão usava que serviu de ponte entre a Filosofia Grega, a encarnação de Deus Pai, na pessoa de Seu Filho e a teologia do Novo Testamento. Segundo Champlin, (2008, V. III, P. 897), afirma que “O Novo Testamento tirou proveito da antiga ideia filosófica do Logos para explicar certos aspectos da doutrina do Deus e seu ofício messiânico” (74). O Apóstolo o usa em (João 1:1) com o sentido de revelação divina. “O Grande Desconhecido, jamais visto por olhos mortais, tornou-se conhecido por meio do Logos. Mas, para João, o Logos também é o Poder Criativo, a inteligência divina por detrás de todas as coisas que vemos” (75), (CHAMPLIN, 2008, V. III, P. 897), o que para o evangelista, João, o Logos se refere a eternidade passada, que sempre existiu. Se Platão usou a palavra Logos como força geradora que é o começo de tudo; João o usa com a ideia de que já estava no princípio expressando a sua existência eterna. Se para Platão o Logos era o princípio da criação, para João é a preexistência absoluta antes da criação de qualquer coisa. Se para Platão era o (αρχῃ - arche = princípio), o que para (João 1:1) é o (ἦιν – ein = Era) que
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significa existência absoluta, a preexistência. João poderia usar a palavra (γενέσθαι – ghenestai = vir a ser, existir ou começou a ser), como vemos em (João 8:58). Pelo contrário, ele usa a palavra grega (ἦιν) de maneira intencional para dar o sentido de eternidade a Jesus Cristo, o Logos de Deus Pai. Já encontrava a ideia do Logos em Heráclito (800 a C), ainda que a palavra Logos não foi empregada por ele, mas o sentido se faz presente.

[...] “no grego dos dias de Heráclito, esse termo significasse ‘discurso’, ensino ou talvez, ‘sabedoria’ e, assim sendo, não pudesse ser utilizado para expressar a elevada ideia metafísica do ‘Logos’, contudo, já estava delineada a doutrina, embora não expressa por essa palavra” (76), (CHAMPLIN, 2008, V. III, P. 898).

            Filon, filósofo judeu, no final do século um a. C. e início do primeiro século d. C, identificava o Logos como a sabedoria divina. Para os gnósticos essa sabedoria da qual Filon se referia, como vinda de Deus era um conhecimento divino, superior e sobrenatural. João ao escrever o Evangelho, recorreu da ideia que já era conhecida no mundo helenístico, para expressar a profunda verdade a respeito da pessoa de Cristo encarnado. A encarnação do Deus-Homem não é uma doutrina no vácuo, ela está alicerçada na doutrina filosófica grega. No Evangelho de Jesus Cristo, que João escreveu, o Logos aparece como uma força controladora; uma pessoa, ainda que identificada com Deus, porém, é distinta de Deus Pai. O Logos é uma personalidade de natureza divina, ainda que encarnado como homem, ou seja, o Deus-Homem. O Logos estava com Deus. Sendo Deus eterno, o Logos também o é; sendo, no entanto, uma pessoa distinta que desfruta da comunhão com o Pai. O que podemos perceber é que o Apóstolo João ampliou, evoluiu o conceito de Logos existente em Platão e em Filon de Alexandria, (280-150 a C), que faz o elo entre a Filosofia Grega e a teologia dos hebreus neoplatônica.

            Orígenes, que nasceu provavelmente em Alexandria, Egito, por volta de 185 d C, vindo a morrer em Tiro, em torno de 254 d C. Diz Champlin, (2008), v. I, p. 108, que “Orígenes criou o último conceito da ‘eterna geração’ do Filho, conferindo ao Logos um eterno aspecto de filiação. Essa ideia ajudou na formulação da doutrina da Trindade” (77).

            A Filosofia Grega ofereceu pouca ameaça ou perigo para o Cristianismo. E o que ofereceu de perigo era porque a Filosofia já estava contaminada por doutrinas de religiões de mistérios, o que afirma Champlin, (2008), V.II, P. 770), o período compreendido entre 350 a C ao início da era cristã, gradativamente
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a própria filosofia deixou de ser uma disciplina separada e refugiou-se na religião, no neoplatonismo, nas religiões orientais e no cristianismo. [...] a filosofia deixou de ser uma disciplina distinta tendo-se serva de sistemas religiosos. A medida que foi declinando a cultura clássica, a filosofia foi-se transformando em um misticismo religioso. As especulações gregas vieram fundir-se às fés egípcia, caldaica, judaica e cristã. O principal sistema resultante dessa mistura foi o gnosticismo (78).

            O que é reafirmado por Alan Richardson (1966), p. 44, que diz

“Na época do N T o mundo antigo sofrera grande malogro. Desaparecera o otimismo dos filósofos clássicos a respeito do poder da mente humana, de contemplar a verdade eterna e manter comunhão com o Reino Ideal; o cepticismo e o relativismo da filosofia posterior, combinados com a insidiosa expansão de certos tipos de crenças orientais, notavelmente de cultos mágicos e misteriosos, haviam destronado a intelecto filosófico e exaltado a crendice. A religião ‘estabelecida’ dos antigos deuses do Monte Olímpico não era mais uma realidade viva no coração do povo, mas mero cerimonialismo exterior para as celebrações do Estado; o ‘não conformismo’ florescente dos cultos de mistério oferecia aos iniciantes o aprendizado secreto necessário a salvação e lhes conferia poderes sobrenaturais. Embora a verdade última fosse considerada inacessível a razão do homem, sem qualquer auxilio, os cultos de mistérios afirmavam revela-la aos seus participantes; deus concede a gnose na visão extática ou mística, e o iniciado é renascido através da operação mágica da palavra regeneradora (logos palinguenesías) (79).

            Concluímos que, as religiões, principalmente de mistérios, as fés influenciaram a Filosofia Grega, como esta influenciou na formação de conceitos elevados do Novo Testamento e do Cristianismo. O que os Escritores do Novo Testamento, os Pais Apostólicos, os Pais Eclesiásticos e os Apologistas rejeitaram da Filosofia Grega, o rejeitaram, não por causa da RAZÃO em si, mas aquilo que nela continha, porque a mesma já estava distorcida em certo grau, o que era prejudicial para o Cristianismo. Ora, todos os sistemas, sejam eles quais forem, influenciam e são influenciados no decorrer do tempo. O que não foi diferente para a Filosofia Grega, para com o Cristianismo e a Filosofia Gnóstica. O que o Cristianismo rejeitou da Filosofia, foi o que ela mesma já era vítima, ao ser influenciada pelas religiões de mistérios e pelo próprio gnosticismo. As influencias foram recíprocas, tanto filosófica, religiosa e gnóstica. As religiões, principalmente de mistérios, as fés influenciaram a Filosofia Grega, como esta influenciou na formação de conceitos elevados do Novo Testamento, do Cristianismo e ambos deram combustíveis para a Corrente Filosófica Gnóstica e influenciaram-na também.




CONSIDERAÇÕES FINAIS
































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            O gnosticismo é uma Corrente Filosófica recheada com o sincretismo religioso místico do Oriente, que veio das religiões da Pérsia, Iraniana, Babilônica, Religiões de Mistérios Greco-Romana, Judaísmo e Cristianismo, que surgiu na Ásia Menor, antes de Cristo que teve o seu apogeu nos séculos primeiro e segundo do Cristianismo, de cunho neoplatônico como o seu alicerce filosófico. Ela é uma corrente filosófica como tantas outras, que nem se quer é citada nos livros que tratam de conteúdo filosófico, muito menos em sala de aulas. Ao nosso ver, essa omissão se dá por ser uma Corrente Filosófica Sincrética que não é considerada importante tanto quanto é, principalmente quando a Filosofia Grega Clássica deu uma guinada diante das influencias de outras filosofias e principalmente pelas religiões tanto as de mistérios, como a necessidade de lidar com o Cristianismo que se tornou o centro das atenções dos séculos primeiro e segundo depois de Cristo. Ainda que a Corrente Filosófica Gnóstica seja omitida nos dias atuais, isso não nega a sua existência, nem desmerece a sua importância e sua contribuição para o saber. É uma corrente filosófica que deve ser estudada como todas as demais nos cursos de filosofia, se queremos entender a filosofia daquele período.

            Foi o gnosticismo que trouxe as grandes dificuldades, problemas e ameaças para o Cristianismo iniciante, e não a Filosofia Grega, como é suposto pelos escritos e mestres em sala de aula. As ameaças para o Cristianismo podem ser alistadas como se segue: Os judaizantes, a perseguição institucionalizada do Império Romano e as heresias da Corrente Filosófica Gnóstica, negando ora o nascimento virginal; a divindade; a humanidade; a morte; a ressurreição; a salvação por meio de Jesus Cristo, pois o gnosticismo afirma que a salvação ou a redenção se dá através da gnose e da sophia – sabedoria e conhecimento, ora afirmando que Jesus Cristo nada mais era do que um fantasma. Gnosticismo este que sobreviveu pelos séculos, está em pleno vigor e atuante, em nossos dias, através de grupos evangélicos que defendem um Jesus muito mais divino do que humano, Grupos Esotéricos, Nova Era, Espiritismo Kardecista, Seicho-no-ie, Rosacruz, Maçonaria, religiões como Budismo, Hinduísmo, Judaísmo, “Testemunhas de Jeová’, Islamismo e os Mórmons.

            Entre os expoentes da Corrente Filosófica Gnóstica, o que mais influenciou, perturbou, ameaçou e ofereceu perigo para o Cristianismo foi Márcion. Não só por formar escolas gnósticas, mas também pelo argumento persuasivo e pela oratória, bem como a ousadia em criar o seu próprio cânon do Novo Testamento, com isso forçando as igrejas a se posiciona-
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rem quantos aos escritos que elas consideravam inspirados e rejeitando os livros apócrifos.

            O perigo para o Cristianismo consistia, quanto a doutrina de Deus e de Jesus Cristo. A Cosmovisão do gnosticismo dividia em dois dramas distintos: O espiritual e cósmico. O histórico e terreno. No histórico e terreno, estava inserida a criação, a existência, os sofrimentos, a morte e a ressurreição. No espiritual e cósmico, o mais elevado, estava os Céus aonde estaria o Ser Supremo, intocável e inabalável. O detentor de todo o poder criador em que delegou poderes a seres inferiores que estariam em contatos com a matéria, que ao mesmo tempo que o Ser Superior não se deixava tocar nem se influenciar pelas mazelas deste mundo inferior. Não podendo ser tocado pela matéria, porque a mesma é o princípio do mal, o que poderia contaminá-lo, por isso afirmava o gnosticismo que havia um demiurgo que criara este mundo e estando em contato com o Ser Superior, o que Platão já postulava tal ideia.

            A Ontologia da Corrente Filosofia Gnóstica, dividia os homens em categorias como segue: em físicos ou hílicos que são os materiais, terrestres em que predomina o corpo, os carnais, que estão em oposição ao espiritual. É o homem que está mais preocupado, ou ocupado com as coisas materiais, da carne, enquanto encarnado. Os psíquicos em que predomina a alma, aqueles que estão na média entre os pneumáticos e hílicos ou físicos. E os pneumáticos em que predomina o espírito, os enviados para que unidos ao psíquico, por essa união, recebem aqui em baixo a sua formação, predominados pelo Espírito. Os que querem desincorporar para voltarem ao pleroma original.

            A ética dos gnósticos era paradoxal de acordo com as escolas. Ensinavam algumas escolas que era necessário abusar do corpo mediante o ascetismo total ou a licenciosidade sem limites, porque assim ajudaria a destruir o corpo físico, a matéria que era má que contaminava o espírito, para libertar o mesmo para que voltasse a origem divina. Isso porque a ética da Filosofia Gnóstica estava condicionada ao dualismo entre o bem o mal. Essa maneira de pensar dos gnósticos colidia frontalmente com os ensinamentos do Novo Testamento sobre a santificação do corpo que é o processo de se ausentar da licenciosidade, sem, no entanto, martirizar o corpo, para a preservação do corpo sadio para o Senhor, o que o Apóstolo Paulo ensina em I aos Coríntios 6:15,18-19, I Tessalonicenses 4:3-4,7 e Hebreus 12:14.

            O grande problema do pensamento humano, da filosofia e da ciência nos dias atuais, é
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querer negar AQUELE que é a fonte e a origem de todo o pensamento, sabedoria e razão, para afirmar e firmar a razão como a única verdade, o que a Filosofia Clássica admitia um motor inicial que chamamos de Deus. Entretanto, até que se prove o contrário, o que é praticamente impossível, a razão não é a única verdade. A filosofia reconhecendo ou não; valorizando ou não a teologia, ela está aí para responder aquilo que a filosofia apenas levanta questões, no entanto, não tem respostas que acalma a inquietação da mente, da alma ou do espírito do homem pós-moderno. E a teologia que dá a resposta e a esperança, principalmente para a vida além. Por outro lado, existem grandes filósofos antigos e modernos, cientistas renomados como o físico teórico Michio Kaku afirmou em uma entrevista, à revista Scientific American que acredita que há uma força que rege o Universo, Tiago Chagas, (2015), disponível em <http://noticias.gospelmais.com.br/cientista-encontrado-evidencias-existencia-deus-63005.html>, acessado em 18/11/2015, às 19:00h, força essa que para a teologia, nada mais é do que o Deus Soberano e Todo-Poderoso. E é aí que entra a importância da teologia como auxiliar da filosofia, em que ambas devem andar juntas, de mãos dadas e não se digladiando como muitos pensam e querem.

            O grande equívoco, do nosso ponto de vista, é quando alguns filósofos modernos, e, até em sala de aula, dá a entender que a filosofia que falava de deuses gregos, como sendo o período teológico, em que tal consideração soa como se a filosofia iniciante fosse de segunda categoria, e, portanto, de pouco valor. Jamais podemos nos esquecer, que tudo tem um começo e no passar do tempo vai aperfeiçoando. E porque aperfeiçoou, o início não tem menor valor? Com o aperfeiçoamento isso não quer dizer que devemos desmerecer o alicerce, a base. A sua importância está, não em sua perfeição, mas também no espírito empreendedor. Entendemos que, se a própria filosofia reconhece que a mesma iniciou basicamente em estudos teológicos, a filosofia baseada nos deuses, logo, a teologia é de suma importância para a filosofia e esta é uma das razões, entre tantas que devem ser inseparáveis, que neste caso, a filosofia-teológica é a mãe da filosofia.

            A Corrente Filosófica Gnóstica, desde que apareceu, ainda que enfraquecida diante da firmeza das convicções do Cristianismo, durantes milênios, jamais deixou de existir, se manifestando de muitas maneiras em movimentos, chegou aos nossos dias de maneira vigoroso e infiltrada em seitas, religiões, grupos afins, já citados acima, bem como na grande mídia; na política; nas escolas, principalmente de graduação; além da nova nomenclatura para
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o velho problema que é a “Logosofia” e a gnosilogia que fica para os leitores desta pesquisa como desafio, pesquisar sobre a influência destas Correntes Filosóficas na mídia, na política, nas escolas, nos grupos afins citados acima.






























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10 SEICHO-NO-IE DO BRASIL, disponível em; <http://www.sni.org.br/>, acessado em 08/11/2015, às 15:00h.


12 HAGGLUND, Bengt. História da Teologia. Tradução de Mário L. Rehfeldt e Gladis Knak Rehfeldt, Editora Concórdia, Porto Alegre, 1981, 375 p, p. 28.

13 BETTENSON, Henry. Documentos da Igreja Cristã. Tradução de Helmuth Alfredo Simon, Ed. ASTR, 2ª Ed, 1967, São Paulo, 370 p, p. 68.


                                                                                                                                      75

14 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Ed. Hagnos, 9ª Ed. V. I, 2008, São Paulo, 995 p, p. 454.

15 Idem.

16 BETTENSON, Hrnry. Documentos da Igreja Cristã. Tradução de Helmuth Alfredo Simon, Ed. ASTR, 2ª Ed, 1967, São Paulo, 370 p, p. 68.

17 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Ed. Hagnos, 9ª Ed. V. I. VI, 2008, São Paulo, 850 p, p. 575.

18 WALKER, Williston. História da Igreja Cristã. Tradução de D. Glênio Vergara dos Santos e N. Duval da Silva. 2ª Edição. Rio de Janeiro e São Paulo, JUERP/ASTE, 1980, 2 volumes, 784 p, p. 80-81.

19 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Ed. Hagnos, 9ª Ed. V. VI, 2008, São Paulo, 850 p, p. 699.

20 _________________ V. I, P. 699

21 _________________ V. IV, p. 120.

22 _________________ V. IV, P. 120.

23 _________________ V. IV, P. 120.

24 GONGÁLEZ, Justo L. A Era Dos Mártires. Tradução de Key Yuasa. 1ª Ed. Edições Vida Nova, V. I, 1980, São Paulo, 177 p. p, 96.

25 ALLEN, Clifton J. Comentário Bíblico Broadman: Novo Testamento. Tradução de Adiel Almeida de Oliveira. Rio de Janeiro, JUERP, V. IX, 1983, 458p, p. 233.

26 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Ed. Hagnos, 9ª Ed. V. II, São Paulo, 2008, 995 p, p. 205.

27 __________________ p. 922.

28 ­­­­­­­­­­­­­­­­­­­__________________ V. VI, p. 9.

29 __________________ V. II, p. 922.

30 WALKER, Williston. História da Igreja Cristã. Tradução de D. Glênio Vergara dos Santos e N. Duval da Silva. 2ª Edição. Rio de Janeiro e São Paulo, JUERP/ASTE, 1980, 784 p, p. 81.

31 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Ed. Hagnos, 9ª Ed. V. II, São Paulo, 2008, 850 p, p. 919.

                                                                                                                                     76
32 __________________ p. 920.

33 ___________________ p. 920.

34 OLIVEIRA, Marcelo Ribeiro de. Bíblia Sagrada Versão Digital 6.7 Freewere. 2015. Disponível em: <http://www.baixaki.com.br/download/a-biblia-sagrada-versao-digital.htm>. Acesso em: 15 julho de 2015.

35 Idem.

36 WEOR, Samael Aun, (2015), disponível em <http://gnosisbrasil.com/artigos/o-cristo-em-substancia> e acessado em: 21/07/2015.

37 OLIVEIRA, Marcelo Ribeiro de. Bíblia Sagrada Versão Digital 6.7 Freewere. 2015. Disponível em: <http://www.baixaki.com.br/download/a-biblia-sagrada-versao-digital.htm>. Acesso em: 21 dez. 2015.

38 Idem.

39 Idem.

40 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Ed. Hagnos, 9ª Ed. V. II, São Paulo, 2008, 995 p, p. 922-923.

41 FRANCA, Leonel. Noções de Hirtória da Filosofia. 24 Ed. Rio de Janeiro, Ed. Agir, 1990, 382 p, p. 80-81.

42 INÁCIO, Inês C. e Tânia Regina de Luca. O Pensamento Medieval. Ed. Ática. 2ª Ed. São Paulo, 1994, 91 p, p.13.

43 _________________  p. 18-19.

44 FIGUEREIRO, Jerfferson Silva, Disponível em: <http://www.aigrejaprimitiva.com/dicionario/HERESIAS.html#I>, acessado em: 24/08/2015, às 11:45h.

45 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Ed. Hagnos, 9ª Ed. V. II, São Paulo, 2008, 995 p, p 780.

46 Idem, p. 779.

47 Idem

48 OLIVEIRA, Bíblia Sagrada Versão Digital 6.7 Freewere. Disponível em: <http://www.baixaki.com.br/download/a-biblia-sagrada-versao-digital.htm>. Acesso em: 26/ 08/2015.

49 CHAGAS, Tiago, (2015), disponível em <http://noticias.gospelmais.com.br/cientista-encontrado-evidencias-existencia-deus-63005.html>, acessado em 18/11/2015, às 19:00h.


                                                                                                                                     77

51 OLIVEIRA, Bíblia Sagrada Versão Digital 6.7 Freewere. Disponível em: <http://www.baixaki.com.br/download/a-biblia-sagrada-versao-digital.htm>. Acesso em: 26/ 08/2015.

52 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Ed. Hagnos, 9ª Ed. V. VI, São Paulo, 2008, 850 p, p 359.

53 ALLEN, Clifton J. Comentário Bíblico Broadman: Novo Testamento. Tradução de Adiel Almeida de Oliveira. Rio de Janeiro, JUERP, V. XII, 1983, 458p, p. 227-228.

54 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Ed. Hagnos, 9ª Ed. V. II, São Paulo, 2008, 995 p, p. 205.

55 ________________ V. II, 995 p, p. 922.

56 WALKER, Williston. História da Igreja Cristã. Tradução de D. Glênio Vergara dos Santos e N. Duval da Silva. 2ª Ed. Rio de Janeiro e São Paulo, JUERP/ASTE, 1980, 784 p, p. 62.

57 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Ed. Hagnos, 9ª Ed. V. IV, São Paulo, 2008, 652 p, p. 14.

58 ________________ V. IV, 652p, p. 318-319.

59 GONGÁLEZ, Justo L. A Era Dos Mártires. Tradução de Key Yuasa. 1ª Ed. Ed. Vida Nova, V. I, 1980, São Paulo, 177 p. p, 70-71.

60 BETTENSON, Hrnry. Documentos da Igreja Cristã. Tradução de Helmuth Alfredo Simon, Ed. ASTR, 2ª Ed, 1967, São Paulo, 370 p, p. 57.

61 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Ed. Hagnos, 9ª Ed. V. I, São Paulo, 2008, 1039 p, p. 768.

62 _________________ V. III, 935 p, p. 367.

63 _________________ V. II, P. 770.

64 OLIVEIRA, Bíblia Sagrada Versão Digital 6.7 Freewere. Disponível em: <http://www.baixaki.com.br/download/a-biblia-sagrada-versao-digital.htm>. Acesso em: 26/ 08/2015.

65 Idem.



                                                                                                                                      78
66 WALKER, Williston. História da Igreja Cristã. Tradução de D. Glênio Vergara dos Santos e N. Duval da Silva. 2ª Ed. Rio de Janeiro e São Paulo, JUERP/ASTE, 1980, 784 p, p. 72.

67 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Ed. Hagnos, 9ª Ed. V. I, São Paulo, 2008, 1039 p, p. 235.

68 _________________ V. VI, P. 392.

69 GONGÁLEZ, Justo L. A Era Dos Mártires. Tradução de Key Yuasa. 1ª Ed. Ed. Vida Nova, V. I, 1980, São Paulo, 177 p. p, 90-91.

70 WALKER, Williston. História da Igreja Cristã. Tradução de D. Glênio Vergara dos Santos e N. Duval da Silva. 2ª Ed. Rio de Janeiro e São Paulo, JUERP/ASTE, 1980, 784 p, p. 108.

71 RICHARDSON, Alan. Apologética Cristã. 2 Ed. Tradução de Waldemar W. Wey. Rio de Janeiro, JUERP, 1978, 200 p, p. 183.

72 Idem, P. 186

73 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Ed. Hagnos, 9ª Ed. V. II, São Paulo, 2008, 995 p, p. 770.

74 _________________ V. III, P. 897.

75 Idem.

76 Idem.

77 _________________ V. I, P. 108.

78 _________________ V. II, P. 770.

79 RICHARDSON, Alan. Introdução a Teologia do Novo Testamento. Tradução de Jaci Correia Maraschin. 1 Ed. São Paulo, Ed. ASTE, 1966, 389 p. p. 44.













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1 ALLEN, Clifton J. Comentário Bíblico Broadman: Novo Testamento. Tradução de Adiel Almeida de Oliveira. V. IX, 1 Ed. Ed. Rio de Janeiro, JUERP, 1983, 458p.

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3 BETTENSON, Henry. Documentos da Igreja Cristã. Tradução de Helmuth Alfredo Simon, 2 Ed, Ed. ASTR, 1967, São Paulo, 370 p.

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7 CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Ed. Hagnos, 9ª Ed. Vol. I, II, III, IV, V, VI, 2008, São Paulo.

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9 FERREIRA, Sueli Rodrigues de Albuquerque, Disponível em: <http://vejamaisfilosofia.blogspot.com.br/p/ascorrentes-filosoficas-osidealistas.html>, acessado em 28 de setembro de 2015.

10 FIGUEREIRO, Jerfferson Silva, Disponível em: <http://www.aigrejaprimitiva.com/dicionario/HERESIAS.html#I>, acessado em: 24/08/2015.

11 FRANCA, Leonel. Noções de História da Filosofia. 24 Ed. Rio de Janeiro, Ed. Agir, 1990, 382 p.

12 GONGÁLEZ, Justo L. A Era Dos Mártires. Tradução de Key Yuasa. 1ª Ed. Edições Vida Nova, V. I, 1980, São Paulo, 177 p.

13 HAGGLUND, Bengt. História da Teologia. Tradução de Mário L. Rehfeldt e Gladis Knak Rehfeldt, Editora Concórdia, Porto Alegre, 1981, 375 p.

14 INÁCIO, Inês C. e Tânia Regina de Luca. O Pensamento Medieval. Ed. Ática. 2ª Ed. São Paulo, 1994, 91 p.

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17 OLIVEIRA, Marcelo Ribeiro de. Bíblia Sagrada Versão Digital 6.7 Freewere. 2015. Disponível em: <http://www.baixaki.com.br/download/a-biblia-sagrada-versao-digital.htm>. Acesso em: 15 julho de 2015.

18 RICHARDSON, Alan. Apologética Cristã. 2 Ed. Tradução de Waldemar W. Wey. Rio de Janeiro, JUERP, 1978, 200 p.

19 _____________________ Introdução a Teologia do Novo Testamento. Tradução de Jaci Correia Maraschin. 1 Ed. São Paulo, Ed. ASTE, 1966, 389 p.

20 ROSA, Merval. Antropologia Filosófica – Uma Perspectiva Cristã. 2 Ed. Ed. JUERP, Rio de Janeiro, 2004, 384 p.

21 SEICHO-NO-IE DO BRASIL, disponível em; <http://www.sni.org.br/>, acessado em 08/11/2015.

22 SOCIEDADE GNÓSTICA INTERNACIONAL, Disponível em: <http://www.sgi.org.br/gnosticismo-antigo/>, acessado em 27/10/2015.


24 WALKER, Williston. História da Igreja Cristã. Tradução de D. Glênio Vergara dos Santos e N. Duval da Silva. 2ª Edição. 2 volumes, Rio de Janeiro e São Paulo, JUERP/ASTE, 1980, 784 p.

25 WEOR, Samael Aun, (2015), disponível em <http://gnosisbrasil.com/artigos/o-cristo-em-substancia> e acessado em: 21/07/20153,

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