Esta Monografia de Conclusão de Curso de Bacharel em Teologia poderá ser copiada desde que seja citada conforme as normas da ABNT, visto que contém citações de textos literalmente em que envolve direitos autorais, ok!
FLÁVIO DA CUNHA GUIMARÃES
A ECLESIOLOGIA EM LEONARDO BOFF:
Seu Aspecto Social, Político e Religioso
Londrina
2009
FLÁVIO DA CUNHA GUIMARÃES
A ECLESIOLOGIA EM LEONARDO BOFF:
Seu Aspecto Social, Político e Religioso
Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado ao Curso de
Teologia do Centro Universitário Filadélfia
– UniFil Como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel.
Orientador: Rev. Carlos Jeremias Klein
Londrina
2009
FLÁVIO DA CUNHA GUIMARÃES
A ECLESIOLOGIA EM LEONARDO BOFF:
Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado ao
Curso de Teologia do Centro Universitário Filadélfia –
UniFil Como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel.
Aprovado em _________ / __________ / ____________
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Rev. Carlos Jeremias Klein
UniFil – Londrina – PR.
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Mis. José Martins Trigueiro Neto
UniFil – Londrina – PR.
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Profª. Mis. Marta Regina Furlan de Oliveira.
UniFil – Londrina – PR.
Dedicatória:
Dedico este trabalho a minha família, esposa: Sílvia Neli Garcia Guimarães; as duas filhas: Quésia Mara Garcia Guimarães e Queila Eurides Gracia Guimarães, bem como a Igreja do Senhor Jesus, Batista Tradicional em Pereira Barreto – SP, a UNITOLEDO – Centro Universitário Toledo Araçatuba – SP e a UNIFIL - Centro Universitário Filadélfia nessa parceria; aos Mestres que nos incitaram aos estudos e as pesquisas, bem como aos colegas de turma como parceiros nessa empreitada tão significativa em nossa vida. A Deus e ao Senhor Jesus Cristo toda louvor, honra e glória para todo e sempre.
Agradecimentos:
Queremos agradecer a Deus em primeiro lugar por nos dar saúde e condições, nos sustentando para que chegássemos ao final do curso e pudéssemos alcançar esta vitória.
A família: A esposa – Sílvia Neli Garcia Guimarães; as filhas: Quésia Mara Garcia Guimarães e Queila Eurides Garcia Guimarães que apoiaram, incentivaram e compreenderam a nossa ausência enquanto dedicamos às aulas, as pesquisas, tempo precioso que poderia ser dedicado à elas, mas não puderam desfrutar de nossa presença nesses momentos.
A Unifil em parceria com a UniToledo que nos proporcionou a oportunidade de não só Convalidar o Curso Livre em Teologia, mas também de reciclar, pesquisar e aprofundar o nosso conhecimento teológico nos garantindo o direito de concursos públicos ou exercer atividades acadêmicas reconhecidos pelo MEC.
Aos mestres que não mediram esforços e sacrificaram tempo precioso que poderiam dedicar a família em deslocarem de Londrina PR até Araçatuba SP para ministrarem em sala de aula o conteúdo programático e por isso que estamos concluindo este curso.
A Igreja Batista Tradicional em Pereira Barreto pelas orações e nos liberar para que pudéssemos estar em sala de aulas.
E por último queremos agradecer de coração e de maneira especial ao querido mestre Rev. Carlos Jeremias Klein como orientador na formulação da monografia para a colação de grau que muito nos ajudou. Nosso muito obrigado.
Epígrafe
“A Igreja foi criada para crescer;
Para toda realização há um preço;
Para todo alvo há um oponente;
Para toda vitória há um problema; e,
Para todo triunfo há uma recompensa”.
Jeremias Pereira da Silva
Resumo:
A Eclesiologia de Boff é tipicamente Católica Romana e não poderia ser diferente, visto que sua formação religiosa, acadêmica e práticas religiosas são Católicas, mesmo que ele discorda de sua Igreja quanto à hierarquia, a institucionalização da mesma e do envolvimento em alianças políticas no decorrer dos séculos que trouxe prejuízos para a mesma. Ainda que ele discorda não consegue deixar de pensar como Teólogo Católico, pois Cristianismo e Igreja Católica, Igreja Católica e Cristianismo, no pensamento dele se fundem, estão interligados, um é o prosseguimento do outro. Entende que a Igreja Católica é a única que tem a ligação com os Apóstolos, tanto histórica como em seus ensinos, menos na prática, pois reconhece que os protestantes são mais praticantes do Cristianismo. Que a Igreja Católica é o próprio Reino de Deus e que Esse tem origem no Céu, todavia ao ser implantado no mundo através de Jesus Cristo e a Igreja, e uma vez introduzido na vida de cada ser humano, esse Reino passa ser real, vivido e o homem começa já a desfrutar de seus benefícios enquanto aqui vive. Não é algo utópico que concretizará só na parousia. No Reino Universal do Senhor não pode haver desigualdade. Sendo a Igreja o próprio Reino de Deus ela tem que promover a justiça social, a igualdade entre todos. A Igreja tem o poder de perdoar pecados e a salvação está em Jesus Cristo, todavia essa salvação chega ao homem através da Igreja mediante os seus Sacramentos. A Igreja precisa passar por transformações para nascer uma nova Igreja do povo para o povo, onde esse povo tenha poder de decisão na mesma.
Palavras-chave: ASPECTO SOCIAL. POLÍTICO. RELIGIOSO. TRANSFORMADA PARA TRANSFORMAR. LIBERTADORA.
Sumário
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 09
2 QUEM É LEONARDO BOFFE? ............................................................................... 11
3 FORMAÇÃO RELIGIOSA DE BOFF ...................................................................... 13
4 FORMAÇÃO TEOLÓGICA DE BOFF ..................................................................... 14
5 A ORIGEM DA IGREJA ............................................................................................ 15
6 OS DESAFIOS DA IGREJA ...................................................................................... 17
7 A FUNÇÃO DA IGREJA ........................................................................................... 20
8 OS PROBLEMAS DA IGREJA .................................................................................. 23
8.1 O Reducionismo Religioso ....................................................................................... 24
8.2 O Reducionismo Político .......................................................................................... 24
8.3 O Reducionismo na Formação de Opinião ............................................................... 25
9 OS DILEMAS DA IGRJA ........................................................................................... 28
9.1 Uma Igreja Patológica em Mutação .......................................................................... 30
9.2 O Catolicismo Romano Oficial e o Popular .............................................................. 32
9.3 Mais Tradição e Menos Tradicionalismo .................................................................. 33
9.4 A Favor ou Contra o Sincretismo Religioso? ............................................................ 33
9.5 O Sincretismo é Verdadeiro ou Falso? ...................................................................... 34
9.6 A Igreja de Uma Classe Social ou Para Todas as Classes? ....................................... 36
10 O FUTURO DA IGREJA ........................................................................................... 38
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 41
BIBLIOGRAFIA: ............................................................................................................. 46
1 INTRODUÇÃO 9
Por que a Igreja que Boff propõe em seus escritos causou uma reação tão acirrada nos Seguimentos Sociais, Políticos e Religiosos? Por que Leonardo Boff criou tanta polêmica nos anos 70 e 80 aponto de ser proibido de exercer qualquer atividade religiosa e acadêmica pelo Vaticano? Qual é o modelo de Igreja que Boff propõe para a Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil da qual ele faz parte? O modelo de Igreja de Boff é tão diferente aponto do romanismo se sentir ameaçado? O que levou Boff a pensar de maneira tão diferente da Igreja Hierárquica e Institucionalizada se ele tem uma formação Católica de berço e é Católico professo?
Leonardo Boff nasceu e teve uma formação religiosa Católica. Aprendeu desde cedo com o pai, um ex-seminarista, a questionar e refletir sobre o que lia. Formou-se e doutorou-se em filosofia e em teologia em Munique na Alemanha. Escreveu em torno de 60 livros em que o conteúdo desses livros está voltado para a injustiça e justiça social; o pecado das instituições, inclusive o da Igreja Católica Apostólica Romana como instituição discriminadora; o pecado da exploração dos pobres. Ele é enfático em suas criticas, não com a intenção de destruir a Igreja da qual faz parte, mas de trazer uma reflexão, mudanças, transformações na estrutura da Igreja, pois para ele a liderança na forma de hierarquia afeta os direitos do cidadão e como a Igreja deveria ser a primeira, não só a defender os direitos dos necessitados, mas praticá-los para dar o exemplo.
Dentro da Eclesiologia em Leonardo Boff vamos tratar no item DOIS quem é Boff; no item TRÊS a formação religiosa de Boff; no item QUATRO a formação teológica e acadêmica de Boff; no item CINCO a origem da Igreja, pois ela surgiu porque Jesus Cristo não conseguiu implantar o Reino de Deus entre os homens; no item SEIS vamos abordar os desafios da Igreja que são eles: Uma Igreja em luta. Luta contra a miséria social e ao mesmo tempo para ter credibilidade na sociedade visto que ela é co-participante e deu sua contribuição para a pobreza e miséria na América Latina explorando os pobres. No item SETE vamos descobrir que a Igreja recebeu uma função dada por Cristo de anunciar as Boas Novas da Salvação, mas a Igreja não só acomodou-se como mudou de rumo quanto ao propósito do Senhor, deixando de ser a Igreja do povo e para o povo para ser a Igreja elitizada, hierárquica e institucionalizada. No item OITO vamos analisar os problemas da Igreja: O Reducionismo Religioso, O Reducionismo Político e O Reducionismo na Formação de Opinião, que nos
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leva ao item NONO que trata dos dilemas da Igreja: Uma Igreja que busca os seus próprios interesses ou os interesses daqueles da sociedade onde ela está inserida? O dilema de uma Igreja patológica que precisa de mutação, continuando com os seus dogmas rígidos e imutáveis ou se transformar para penetrar na sociedade e a sociedade na Igreja? O dilema entre o Catolicismo Romano institucionalizado impopular ou o popular? O dilema de ser uma Igreja tradicional e menos tradicionalista. O dilema de ser a favor ou contra o Sincretismo Religioso? Como, Quando à Igreja distingui que o sincretismo é verdadeiro ou falso? O dilema de ser uma Igreja de uma classe social ou para todas as classes sociais? E no item DEZ o futuro dessa Igreja. Que Igreja Boff propõe para o futuro? Das escolhas que a Igreja fará dependerá o futuro dela, uma Igreja pronta para acolher a todos, servir, profetizar e ter comunhão com todos através das Comunidades Eclesiais de Bases!
2 QUEM É LEONARDO BOFF? 11
Leonardo Boff, pseudônimo de Genézio Darci Boff, nasceu em Concórdia, Santa Catarina, aos 14 de dezembro de 1938. É neto de imigrantes italianos da região do Veneto, vindos para o Rio Grande do Sul no final do século XIX. Fez seus estudos primários e secundários em Concórdia SC, Rio Negro PR e Agudos SP. Cursou Filosofia em Curitiba-PR e Teologia em Petrópolis-RJ. Doutorou-se em Teologia e Filosofia na Universidade de Munique-Alemanha, em 1970. Ingressou na Ordem dos Frades Menores, franciscanos, em 1959.
Durante 22 anos, foi professor de Teologia Sistemática e Ecumênica em Petrópolis, no Instituto Teológico Franciscano. Professor de Teologia e Espiritualidade em vários centros de estudo e universidades no Brasil e no exterior, além de professor-visitante nas universidades de Lisboa (Portugal), Salamanca (Espanha), Harvard (EUA), Basel (Suíça) e Heidelberg (Alemanha).
Esteve presente nos inícios da reflexão que procura articular o discurso indignado frente à miséria e à marginalização com o discurso promissor da fé cristã gênese da conhecida Teologia da Libertação. Foi sempre um ardoroso defensor da causa dos Direitos Humanos, tendo ajudado a formular uma nova perspectiva dos Direitos Humanos a partir da América Latina, com "Direitos à Vida e aos meios de mantê-la com dignidade".
É doutor honoris causa em Política pela universidade de Turim (Itália) e em Teologia pela universidade de Lund (Suécia), tendo ainda sido agraciado com vários prêmios no Brasil e no exterior, por causa de sua luta em favor dos fracos, dos oprimidos e marginalizados e dos Direitos Humanos.
De 1970 a 1985, participou do conselho editorial da Editora Vozes. Neste período, fez parte da coordenação da publicação da coleção "Teologia e Libertação" e da edição das obras completas de C. G. Jung. Foi redator da Revista Eclesiástica Brasileira (1970-1984), da Revista de Cultura Vozes (1984-1992) e da Revista Internacional Concilium (1970-1995).
Em 1984, em razão de suas teses ligadas à Teologia da Libertação, apresentadas no livro "Igreja: Carisma e Poder", foi submetido a um processo pela Sagrada Congregação para a Defesa da Fé, ex-Santo Ofício, no Vaticano. Em 1985, foi condenado a um ano de "silêncio
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obsequioso" e deposto de todas as suas funções editoriais e de magistério no campo religioso. Dada a pressão mundial, (inclusive da CNBB) sobre o Vaticano, a pena foi suspensa em 1986, podendo retomar algumas de suas atividades.
Em 1992, sendo de novo ameaçado com uma segunda punição pelas autoridades de Roma, renunciou às suas atividades de padre e se auto-promoveu ao estado leigo. "Mudou de trincheira para continuar a mesma luta": continua como teólogo da libertação, escritor, professor e conferencista nos mais diferentes auditórios do Brasil e do estrangeiro, assessor de movimentos sociais de cunho popular libertador, como o Movimento dos Sem Terra e as comunidades eclesiais de base (CEB's), entre outros.
Em 8 de Dezembro de 2001 foi agraciado com o premio Nobel alternativo em Estocolmo (Right Livelihood Award).
Atualmente vive no Jardim Araras, região campestre ecológica do município de Petrópolis-RJ, compartilha a vida e sonhos com a educadora e lutadora pelos Direitos a partir de um novo paradigma ecológico, Márcia Maria Monteiro de Miranda. Tornou-se assim ‘pai por afinidade’ de seis filhos, compartilhando as alegrias e dores da maternidade e paternidade responsável. Vive, acompanha e re-cria o desabrochar da vida nos "netos" Marina, Eduardo, Maira, Lucas e Yuri.
É autor de mais de 60 livros nas áreas de Teologia, Ecologia, Espiritualidade, Filosofia, Antropologia e Mística. A maioria de sua obra está traduzida nos principais idiomas modernos1.
(O Conteúdo acima foi extraído na íntegra da Internet do site que segue: http://www.leonardoboff.com/site/boff.htm, em 23.11.2.009).
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1 – Fonte: Internet: http://www.leonardoboff.com/site/boff.htm, em 23.11.2.009. Conteúdo literal.
3 FORMAÇÃO RELIGIOSA DE BOFF: 13
Leonardo Boff nasceu em um lar Católico Apostólico Romano. Portanto a sua formação religiosa básica foi Católica. Podemos perceber que o lar teve uma influência muito grande em sua vida religiosa, acadêmica e porque não dizer até mesmo teológica! Seu pai, um ex-seminarista influenciou-o, e muito, quanto à reflexão e o questionamento ao que lia. Daí ser Boff o homem de reflexão, análise e pensante como é. Em seus escritos, ainda que crítico a algumas práticas, decisões e o que a Igreja Católica Romana faz de errado de seu ponto de vista e deixa de fazer, todavia na sua maneira de ser, crer, pensar e argumentar é tipicamente Católico, inclusive o que ele critica na Igreja Católica, critica para um melhoramento da mesma a qual ele quer bem. Em uma de suas entrevistas dada quando foi pressionado pela Igreja Católica devido as suas criticas a mesma, afirmou que “prefere ficar com a Igreja do que com a teologia, pois a teologia passa, a Igreja continua” 2. Portanto, Boff é um Católico Apostólico Romano professo e jamais deixou de ser, apesar de toda pressão, perseguição, processo e cassação dos direitos que sofreu, mesmo assim continuou professando ser Católico fazendo parte da Ordem dos Frades Menores, franciscanos desde 1959.
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2 – Entrevista à Rede Globo no segundo semestre em 1984.
4 FORMAÇÃO TEOLÓGICA DE BOFF: 14
Quanto a sua formação teológica, começou com os seus estudos críticos e se aprimorou com os mestres Karl Rahner, Paunnenburg, G. Van Rad, L. Scheffczyk e H. Fries em salas de aulas refletindo na situação política, social, econômica, educativa e religiosa em que se encontra o povo da América Latina. Começou a sentir a distância entre a Igreja Oficial, institucionalizada e clerical e a realidade do povo da América do sul. Vendo a situação de opressão aos pobres, sem voz e injustiçados devido o sistema capitalista em que faz os homens desumanos, começou a questionar: Como ser cristão em um mundo onde há tanta injustiça e desigualdade? Como pregar uma fé em um mundo onde a fome, a pobreza, a miséria e a marginalidade predominam? A Igreja e o Evangelho têm uma resposta para o mundo de hoje com valores distorcidos, corrupto e pecador? Como falar do céu se o homem vive em um inferno? Foi pensando nessa situação que começou a buscar uma solução teológica-religiosa para os problemas que afligem o mundo. Encontrando apoio para o seu pensamento no Concílio da Igreja Católica, o Vaticano II, a Segunda Conferencia Geral do Episcopado Latino-Americano em Medellín, bem como a Reunião dos Bispos Latino-Americanos em Puebla quando a Igreja tomou decisões em ser a Igreja dos sofredores e desprezados. Não só os eventos acima influenciaram e muito, bem como as declarações do Papa João XXIII, Papa Paulo VI, bem como João Paulo II em suas encíclicas. 3.
Boff é um estudioso, tem uma paixão pela felicidade e realização do homem. Defende o socialismo cristão e não o marxismo como o acusaram. Está interessada no bem-estar da comunidade e na condição do homem para com o homem, colocando Deus em Cristo como solução absoluta e final dos problemas do homem mediante os Sacramentos da Igreja. Será mais justo classificar Boff de socialista e humanista do que comunista como quiseram chamá-lo anos atrás.
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3 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª Edição. Petrópolis RJ, Vozes, 1982, 249 p, páginas 21, 37, 45-46 e 54-57 encontram-se material vasto quanto às decisões do Concílio e das conferências de Medellín e Puebla, o novo rumo para a igreja católica apostólica romana e a opção que faz pelos pobres, injustiçados e oprimidos a partir do Concílio e das reuniões em que Boff faz referências, comenta e utiliza para embasar suas teses.
5 A ORIGEM DA IGREJA: 15
A igreja surgiu segundo Boff devido a não implantação do Reino de Deus por Jesus Cristo. Com a morte, a ressurreição de Cristo e o Pentecostes deu-se origem a igreja de Cristo. A Tradição Católica crê que a Igreja nasceu no dia de Pentecostes. “A própria Igreja sempre se entendeu como a continuadora de Cristo e de sua causa.” 4. A missão da igreja é a mesma missão de Cristo. Não nasceu tão somente da vontade de Cristo vindo até aos homens, mas também com a atração do Espírito Santo a partir de pentecostes e com a abertura dos homens para Cristo. Para que a igreja seja implantada na sociedade ela precisa dialogar com a cultura e com as religiões do país. O laicato precisa participar na vida da Igreja, pois se não, ela não será o sinal de Cristo entre os homens. Havendo diálogo haverá abertura, aproximação e atendimento as necessidades do povo. No Novo Testamento encontramos vários modelos de igrejas. As Igrejas que o Apóstolo Paulo fundou Corinto, por exemplo, a sua estrutura era carismática. Já a igreja em Jerusalém a sua estrutura era de uma sinagoga, conselho de presbíteros, presidente e etc. No entanto, as Igrejas em que as epistolas pastorais foram enviadas, a estrutura era mais centralizada ao redor dos representantes dos apóstolos como presbitério, já reduzindo desde o início a participação dos batizados que para o Apóstolo Paulo eram portadores do Espírito Santo e com direitos iguais de decisões. Eram Igrejas locais, democráticas e autônomas. A Igreja Piramidal como é o Sistema Católico contraria a mensagem de fraternidade de Jesus Cristo estampada no Novo Testamento. Hoje se faz necessário substituir a Igreja Hierárquica por um modelo de Igreja que à comunidade apareça como a realidade envolvente. A Igreja hoje precisa renovar a sua estrutura, pois nem a Igreja, nem os Sacramentos são intocáveis e irrevogáveis. No pensar de Boff a Igreja tem sua origem em Cristo e no pentecostes, todavia ela precisa nascer da fé do povo. Nas comunidades onde se faz reflexões religiosas, políticas e onde se celebra a fé, se descobre às necessidades humanas. Esse é o pensamento de Boff:
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4 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 220.
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A comunidade cristã e a comunidade política não são dois espaços fechados, mas abertos, por onde circula o cristão: na comunidade cristã, este celebra e alimenta sua fé; aí ele ouve a Palavra de Deus que o envia para o compromisso para com seus irmãos; na comunidade política age e atua ao lado de outros, realizando concretamente a fé e a salvação; aqui ele escuta a voz de Deus que o chama a expressar-se na comunidade cristã 5.
A igreja precisa nascer da fé e da vontade do povo. Essa igreja dispensa a hierarquia, a igreja instituição e nela se distribui o poder que contribui para uma coinonia, profecia e diaconia verdadeira, eficaz e construtiva no seio da mesma. Assim sendo cumprirá a sua função pela qual foi criada pelo Senhor.
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5 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 25.
6 OS DESAFIOS DA IGREJA: 17
Uma Igreja que luta e ora por um povo que sofre a injustiça em vários aspectos, entre outros: A falta de liberdade e o desrespeito aos direitos humanos. 75% da população vivem em situação de marginalidade, isso dados estatísticos dos anos 80. 43% da população têm que sobreviver com apenas um salário mínimo, o que levou o Manoel da Silva afirmar: “O que ganho é tão pouco que dá só para dizer que ainda estou vivo” 6.
Vejamos o que Boff ainda diz a respeito disso:
Não admira que 40% dos brasileiros vivam, trabalham e durmam com fome crônica; que haja 10 milhões de deficientes mentais; 8 milhões atacados de esquistossomose; 6 milhões com malária; 650 mil são tuberculosos e 25 mil leprosos. Para que nos escandalizarmos com tais cifras? Já as conhecemos e infelizmente nos temos habituado a elas ” 7.
Diz o governo que a situação tem melhorado, mas não podemos acreditar nas informações do governo porque nem sempre diz a verdade. Pode até ter melhorado em alguns aspectos tais como: Malária, tuberculosos etc. Mas o que dizer da fome, da violência, dos seqüestros, da injustiça social e da falta de trabalho? Tais situações deveriam despertar a nossa consciência, não deixarmos descansar e lutarmos pela justiça social. A igreja em face do pecado da opressão, do empobrecimento e da desumanização tem despertado o povo de Deus para um compromisso integral da Igreja na solução da miséria que assola a população. A Igreja tem sido e precisa continuar sendo a porta-voz do povo diante de Deus, mas também diante das autoridades. Para Boff Jesus Cristo privilegiou os pobres pelo fato de serem pobres e indefesos. Ao discutir as ações da CNBB em apoio aos grevistas do ABC nos anos 80 e acolhê-los em seus templos, ele faz a seguinte pergunta: “O que há de mais sagrado do que a pessoa humana? O sagrado da pessoa é mais importante que o sagrado dos objetos e os espaços sagrados,” 8.
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6 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 42.
7 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 42.
8 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 44
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A situação de pobreza e miséria no Brasil ainda não melhorou, se não vejamos o quadro atual:
No Brasil, mesmo com mobilização histórica da sociedade civil pela causa e a implantação de políticas públicas de segurança alimentar, como o Fome Zero, ainda é preciso fazer muito para que 14 milhões de brasileiros deixem de sofrer com a fome e a desnutrição.
O Brasil é o 9º país com maior número de pessoas com fome no mundo, com mais de 14 milhões de pessoas consumindo alimentos em qualidade e quantidade insuficientes;
Cerca de 37 milhões de pessoas vivem com menos de 2 dólares por dia;
45% das crianças com menos de 5 anos sofrem de anemia crônica por falta de ferro na alimentação;
45% das crianças com menos de 5 anos sofrem de anemia crônica por falta de ferro na alimentação;
50 mil crianças nascem todos os anos com algum tipo de comprometimento mental devido à falta de iodo na alimentação, 9.
Os dados do Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos de 2006 dizem que:
Os brasileiros, principalmente os pobres e socialmente excluídos, continuaram a sofrer elevados índices de violações dos direitos humanos. Houve poucas iniciativas políticas na área dos direitos humanos, com várias propostas do governo federal ainda aguardando implementação e poucas, senão nenhumas, autoridades locais a introduzirem as prometidas reformas na segurança pública. As violações dos direitos humanos sob custódia policial, incluindo execuções extrajudiciais, tortura e uso excessivo da força, continuaram em todo o país. A tortura e os maus-tratos foram generalizados no sistema prisional, onde as condições eram muitas vezes cruéis, desumanas e degradantes, 10. www.direitos.org.br/index.php?option...
Diante das ações da igreja e pela opção de ficar ao lado dos pobres e oprimidos, levou a igreja a conquistar a credibilidade que havia perdido é o que pensa Boff quando diz:
a igreja foi à voz dos que não tinham voz, se identificou com o pobre e o marginal. Ocorre ainda que 10-15 % (das pessoas) declarou explicitamente: ‘Acredito na Igreja; não acredito na religião’. A Igreja, portanto cobrou credibilidade por aquilo que ela fez, desinteressadamente, em favor dos mais pobres de seu povo 11.
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9 – Fonte – Internet: www.actionaid.org.br/Default.aspx?tabid=148 em 05.01.2010.
10 – Fonte – Internet: www.direitos.org.br/index.php?option... Em 05.01.2010.
11 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 45.
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Diante do exposto leva a Igreja ao dever de defender os mais necessitados e injustiçados, para isso que ela foi constituída pelo Senhor e é o que pensa Boff quando questiona:
Em que se baseia este dever? (...) ‘No A T Deus se nos revelou a Si mesmo como o libertador dos oprimidos e o defensor dos pobres que exige dos homens a fé nele e a justiça para com o próximo’ (...) Deus só é encontrado no caminho da justiça. O Deus vivo não é um Deus de rezas, incensos e ascetismo. De Isaías 1:11-18, aprendemos que o que agrada a Deus não são sacrifícios e orações, mas ‘procurar o que é justo, socorrer o oprimido, fazer justiça ao órfão’ (...) O amar é o centro da mensagem bíblica, mas para ser verdadeiro ele supõe a justiça, 12.
A Igreja e aqueles que dela fazem parte se não se preocupam com o dever que a mesma tem para com a sociedade, ainda que dizem crer em Deus, negam na verdade essa fé que dizem ter, pois são adoradores de ídolos que é o dinheiro e o poder, por isso estão distantes de Deus e de sua vontade porque Deus se faz presente onde há justiça, amor e liberdade.
No Novo Testamento o dever da Igreja é lutar pela justiça, pois essa foi à razão pela qual Deus se encarnou em Jesus Cristo para levar o homem a compreender a sua relação com Deus a partir do correto relacionamento com os homens. “A verdade da relação para com Deus se mede pela verdade da relação para com os outros. Só está bem com Deus quem está bem em termos de justiça e amor com os demais homens” 13.
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12 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 47.
13 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 48.
7 A FUNÇÃO DA IGREJA: 20
A Igreja foi fundada por Cristo e em Cristo, mas houve uma ruptura entre Jesus e a Igreja inicial com a morte de Jesus, com o fracasso da unificação bem como a infidelidade dos Apóstolos e a dissolução da comunidade dos seguidores de Jesus em algumas partes onde o Cristianismo se expandiu.
Diante da tarefa primordial da Igreja que é divulgar as Boas Novas da Salvação, o Reino do Senhor para a transformação do mundo caótico em todos os tempos, a Igreja está acomodada e não tem percebido a situação em que o mundo vive daí uma posição de isolamento. Quando, porém, se posiciona o faz para apoiar o status quo. Daí ela ser co-responsável pela desgraça e a situação atual de dominação do capitalismo e dependência dos pobres aos ricos. Ela ensinou a pensar assim, pois a cultura do continente Latino Americano é Católica. A Igreja esteve acomodada por séculos não questionando, não protestando, nem denunciando os abusos e injustiças. O catolicismo no Brasil explorava as riquezas juntamente com os colonizadores e reis, portanto uma Igreja comprometida com os poderosos que tinha o índio como infiel, como não homens, como irracionais e bestiais. Mas a Igreja agora tem acordado para essa realidade que estamos vivendo no Continente América do Sul e tem procurado reparar o seu erro e pecado. A meta da Igreja é o bem-estar do homem e se não está promovendo o bem-estar, ela está falhando e pecando. Não basta ao homem e a Igreja conscientizarem-se dos instrumentos causadores de males e pecados ao próprio homem, mas é preciso procurar transformá-los tanto as instituição injustas como a homens. Mesmo que o homem já esteja liberto do pecado, ele não está livre de todas as opressões e de todas as formas de pecados. A igreja da qual o homem faz parte leva a libertação, porém ainda não estamos na glória. Estamos a caminha da glória. Portanto estamos sob a influencia do pecado, todavia a libertação deve começar acontecer agora. Uma das conseqüências do pecado foi que destruiu a harmonia do homem em geral: Do homem para com o homem e dos homens para com Deus. É por isso que o homem está sempre necessitando do perdão e em conseqüência disso que a Igreja sempre pede perdão a Deus pelos homens.
A Igreja só é Igreja enquanto os homens dela fazem parte e dão conta do apelo salvívico feito em Cristo e se reúnem em comunidade, professando a mesma fé, celebrando a
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mesma libertação e procuram viver o ensino a exemplo de Jesus Cristo. Como a Igreja-Instituição tem falhado nesse particular, as Comunidades Eclesiais de Bases tem surgido no lugar e substituído à Igreja, pois as Comunidades Eclesiais de Bases tem os mesmos elementos essenciais para o homem e as mesmas metas da Igreja-Instituição que é levar a todos os homens à plena comunhão com o Pai em Cristo Jesus. A Igreja como Comunidade surge como Sacramento Sagrado universal da salvação e transformação. É a Igreja que celebra a salvação universal.
Uma Igreja que nasce do povo como foi à Igreja do Novo Testamento. Cristo não quis uma Igreja Hierárquica que impõe as Verdades, os Dogmas, os Sacramentos a Liturgia e as Decisões, mas pretendia introduzir uma Igreja fraterna com participação na comunidade e a comunidade com participação na Igreja. Cristo não quis só uma única forma Institucional de Igreja. A Igreja Institucional está afastada dos propósitos do Senhor. Jesus quer uma Igreja justa, fraterna, carismática, que viva em comunhão e em pleno amor.
A função da Igreja que é o corpo de Cristo, portanto é dar continuidade a expansão ao Reino de Deus que faz do povo de Deus o instrumento de libertação do povo oprimido. A Igreja é o meio que Cristo usa para a transformação da sociedade, servir e salvar o homem através dos Sacramentos. Cabe a Igreja dar continuidade a causa libertadora que começou em Cristo, não só no âmbito pessoal, chamando as pessoas à conversão, mas também na esfera pública denominado de permanente transformação para um crescimento jamais possível de fixação. Para Boff
A igreja está quer queira quer não, incluída dentro de um contexto que a transcende. Qual será então a sua função? (...) Ela deve participar criticamente da arrancada global de libertação porque está passando a sociedade Sul-Americana. Como Jesus deverá de modo especial dar a atenção a esses sem-nomes e aos sem voz; deverá acentuar particularmente as dimensões seculares e libertadoras que a mensagem de Cristo encerra e ressalta adequadamente o futuro que ele também promete para esse mundo no qual está crescendo, entre o joio e o trigo. O Reino Futuro não para alguns privilegiados, mas para todos 14.
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14 – BOFF, Leonardo. Jesus Cristo Libertador. 1ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 285 p. p. 149.
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A Igreja é à continuação e a extensão do Reino de Deus, é o Corpo de Cristo, o Povo de Deus que deveria ser o instrumento de libertação dos oprimidos. Ela surgiu em lugar do Reino de Deus em conseqüência da recusa dos judeus a Cristo e ao próprio Reino que seria inaugurado e implantado com Cristo e em Cristo. Cristo não tinha em mente a igreja, nem pregou sobre a mesma, mas sobre o Reino. Quando Boff se refere à igreja, ele quase sempre tem em mente a Igreja Católica Apostólica Romana, com raras exceções se refere aos protestantes como Igreja e que faz parte do Cristianismo 15. A Igreja é um dos meios que Cristo usa para a transformação da sociedade que deve servir e salvar o homem.
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15 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 111-116.
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16 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 15.
17 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 15.
18 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 21.
8 OS PROBLEMAS DA IGREJA: 23
8.1 O Reducionismo Religioso: 24
(encurtamento da fé) enclausura a Igreja só na sacristia e na gerência do sagrado (...) ‘A Igreja não admite circunscrever a sua missão apenas no campo religioso como se se desinteressasse dos problemas temporais do homem’. A Igreja, portanto deve incluir em sua evangelização essencial o mundo com seus problemas e glórias 19.
8.2 O Reducionismo Político:
Que é um dos problemas, o encurtamento da missão da igreja em relação aos projetos temporais:
Como não está somente na sacristia não está também somente na praça pública. Ela vai à praça pública, anuncia, denuncia, se solidariza a partir da inspiração evangélica e de sua dimensão religiosa. Não fala politicamente da política, mas fala evangelicamente da política. Entende que a política e a luta pela justiça antecipam e concretizam o Reino de Deus que se encontra também nestas dimensões, embora não se extenue nelas; transcende-as, mas penetrando-as e assumindo-as 20.
A Igreja que deveria lutar e defender os direitos humanos dentro e fora dela, ela em si desrespeita esse mesmo direito humano o que levou Boff afirmar: “Há violações de direitos humanos no interior da Igreja” 21 como, por exemplo: O não direito de decisão dos leigos, dos pobres; o autoritarismo, o poder concentrado, a institucionalização e a discriminação. Ao fazer tais afirmações, Boff não tem a intenção em denegrir a Igreja, pois para ele ela é “santa”, mas precisa ser “purificada”. O que ele quer é que haja com coerência. Que quem fala em nome da Igreja sobre justiça precisa ser justo diante dos homens. Apesar de suas fraquezas a Igreja deve denunciar, combater as injustiças em um regime autoritário, antes pelo militarismo, agora pelo capitalismo. “A centralização das decisões gera inevitavelmente marginalização; e esta afeta direitos fundamentais concernindo à informação, à participação decisória naquilo que afeta a todos e às responsabilidades comunitárias” 22.
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19 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 49.
20 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 49.
21 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 60.
22 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 61.
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As mulheres são excluídas e consideradas “incapazes para quase todas as funções de direção na Igreja com raríssima presença nos secretariados romanos, nas comissões e Sagradas Congregações” 23, isso baseado na tradição e na história que se tornou doutrina, que por sua vez não se aceita em hipótese alguma a ordenação de mulheres ao sacerdócio porque as considera incapazes, o que é discriminação, preconceito e machismo que predomina na Sociedade Latina Americana. Nada, nenhum argumento justifica a exclusão da mulher dos serviços eclesiais quando o argumento é sustentado somente em tradições humanas e por causa da frouxa interpretação das Escrituras. Ele cita em nota de roda-pé L. Bouyer que afirma: “A religião da Bíblia, o Judaísmo, e ainda mais o Cristianismo proclamaram a igualdade fundamental da mulher e do homem, mas não no sacerdócio,” 24. E Boff encerra o pensamento de maneira categórica: Ou a igualdade de direito é universal, ou não poderá falar de direito de igualdade sem ser cínico ou ridículo. Cita também J. Ketzerverfahrem Neumann que assim se expressa: “Na Igreja não há nenhuma tradição humana e cristã que tenha sido adequada para processo seja da verificação de erros de fé, seja de defesa contra eles. Especialmente na Igreja Ocidental a ortodoxia sempre teve a primazia sobre a ortopraxia” 25. No passado a Igreja exercia a violência física contra os heréticos, mas isso pouco mudou, visto que a tortura física não existe mais, todavia ainda continua a psíquica. Quando há processo de julgamento eles se arrastam por tempo arbitrário, sem explicações e respostas as perguntas sobre esses processos fetos pelos processados. Se não bastasse a angústia e o silêncio para com o fiel, ainda há a marginalização que os processados sofrem por parte da Igreja que é uma tortura psicológica levando o teólogo a perturbações e até a morte física. Ao exercer o direito da Igreja ela tira o direito humano sagrado até mesmo por sociedades consideradas atéias. Os processos são arbitrários porque os textos são tirados do contesto bem como mal traduzidos. Além disso, o processado não tem acesso ao processo nem as atas atinentes a ele, sendo “o acusador, o defensor, o legislador e o juiz é a mesma Sagrada Congregação e as mesmas pessoas” 26. O acusado não tem direito a advogado, a recursos ou a outra instância, correndo tudo em segredo. O direito do acusado se restringe a responder o que
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23 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 63.
24 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 64.
25 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 66.
26 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 67.
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lhe é perguntado, vindo após a punição e ficando o acusado proibido de falar sobre tal assunto. Ao acusado só resta à alternativa de assinar sua própria condenação. Quando chamado a Roma, vai desprovido de amparo jurídico e sem um advogado de defesa. O que ele mesmo, Leonardo Boff sofreu em seu processo de proibição de todas as atividades religiosas e acadêmicas por um ano após ter escrito o seu livro “Igreja: Carisma e Poder” o livro básico de nosso trabalho.
Ele propõe que quando houver divergências doutrinários e teológicas no Brasil, que o julgamento seja em primeira instância pela CNBB; em segunda lugar: que as investigações sejam transparentes, formal e límpida. Que os promotores sejam isentos da instância julgadora bem como assegurado os direitos do acusado. Em terceiro lugar: Que o acusado desde o inicio tenha o direito de defesa. A história, os costumes, o mundo mudaram; a fé permanece, todavia ela precisa se adequar às novas realidades. Os grandes teólogos desde João, Paulo, os Apóstolos, Orígenes, Agostinho, Tomás de Aquino e tantos outros tiveram a coragem de se colocarem diante das perguntas de seu tempo buscando respostas para a fé de sua época. Não se deve violar os direitos essenciais e a dignidade das pessoas, principalmente pela instituição que tem o dever de instruir e defender os direitos da humanidade.
8.3 O Reducionismo na Formação de Opinião:
Não há como os membros da Igreja ajudarem a decidir assuntos pertinentes a mesma se lhes são negados as informações que formam opinião, pois as informações são restritas a um grupo restrito da Igreja por causa da hierarquia da mesma. Qualquer assunto que ameace a cúpula no poder, seja ele teológico, problemas sociais, doutrinário que são publicados na imprensa o articulista sofre as ameaças de deposição ou enfrenta processo doutrinário dos superiores, sofrendo um interrogatória que equivale ao judicial. Pelo fato de ser teólogo já é suspeito de heresia e a ignorância de parte dos bispos é substituída pelo autoritarismo que rouba a racionalidade, repetindo de maneira mecânica pronunciamentos publicados em Roma, levando à insegurança a cúpula e esta a prática da violência, rebaixando o acusado para a auto-afirmação deles. É preciso haver liberdade de expressão e de pensamento. Que cada um seja ouvido com espírito de diálogo garantindo a diversidade da igreja. Quando Boff trata da questão dos direitos humanos dentro da Igreja Católica Romana da qual ele faz parte, ele é
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contundente, claro e direto ao afirmar: “Com referência à doutrina, a prática da igreja vem sobrecarregada por um longo, persistente e manifesto cerceamento de direitos fundamentais da pessoa humana” 27.
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27 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 66.
9 OS DILEMAS DA IGREJA: 28
Uma Igreja que busca os seus próprios interesses ou os interesses daqueles da sociedade onde ela está inserida? Do ponto de vista de Boff a Igreja está voltada para si mesma, portanto egoísta que se identifica com o Reino de Deus, mas faz dela uma Igreja “eclesial, abstrata, idealista, espiritualizante e indiferente à trama da história” 28. Uma Igreja clerical com atuação somente no campo sagrado, com isso insensível aos problemas humanos. Pensando que a política é suja, portanto tem que ser evitada. Daí o melhor é a neutralidade e a indiferença em face da realidade social em que vivemos, dando a idéia de Igreja perfeita e com poder sagrado o que não o é, pois diz Boff: “Ela é simultaneamente justa e pecadora e sempre sujeita à conversão e à reforma” 29. Com esta visão ela se identifica com o Reino do Senhor Jesus, todavia fica alheia ao mundo que a cerca, pois se sente fora dele, ainda que em função dele. Para Boff a Igreja se vê como sendo ela o Reino de Deus aqui no mundo. Reino este se realizando mediante a mesma. Isso facilita o relacionamento da Igreja com os poderes do mundo visto que o poder da mesma está em poucas mãos, em um Grupo Hierárquico. Quem detêm o poder é opressor, injusto, centralizado que gera crise na igreja, pois aliada aos poderes totalitários ou autoritários perde o poder de profetizar, de falar da parousia e de evangelizar. Torna-se uma Igreja que não defende os direitos humanos em público e que se mete na política que é competência do Estado. Por outro lado ela se identifica com o mundo e projeta “uma imagem eclesial secularizada, mundana, disputando o poder entre os poderes deste século” 30. Entretanto, se a Igreja está centrada em si mesma, não interagindo com o Reino de Deus e com o mundo, faz com que ela pareça ser auto-suficiente, vitoriosa, uma instituição perfeita que duplica as funções que competem ao Estado, entretanto, deixando de ser portadora da salvação para os homens. A igreja há de fazer uma escolha: Ou se alia aos poderosos em detrimento dos fracos ou se alia aos fracos desagradando os magnatas! Uma Igreja que mantém sua estrutura Hierárquica Institucionalizada com o suposto poder espiritual que pensa ter, ou se abre para a comunidade, para que os leigos têm acesso ao poder e os poderosos perdem privilégios, ou continua uma Igreja distante da realidade onde ela está inserida.
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28 – BOFF, Leonardo. Igreja, Carisma e Poder. 3ª Edição. Petrópolis RJ, Vozes, 1982, 249 p, p. 16.
29 – BOFF, Leonardo. Igreja, Carisma e Poder. 3ª Edição. Petrópolis RJ, Vozes, 1982, 249 p, p. 220.
30 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 16.
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Na verdade a Igreja vive esse dilema e se vê em aperto em querendo ter mais poder fora dela, sem contudo distribuir e dividir o poder dentro dela. O que leva Boff afirmar que a igreja está organizada em três grandes corpos: A hierarquia que vai do papa até o diácono; os leigos que são os batizados que não participam da comunidade cristã; e os religiosos, que ficam entre os leigos e a hierarquia possuindo algo de ambos (...) Competência da hierarquia (...) Anunciar, denunciar, promover e defender a dignidade e os direitos humanos (...) solidarizar-se com os leigos e estimulá-los em sua criatividade (...) interpretar em cada nação as aspirações de seus povos, especialmente os anseios daqueles que uma sociedade tende a marginalizar (...) A hierarquia não possui competência técnica: não sabe dizer como fazer; possui uma competência ética: à luz do Evangelho pode dizer se é justo ou injusto, favorece a participação ou exclui. ‘O serviço da paz e da justiça é um ministério essencial da Igreja 31.
“Competência dos religiosos”32: Compete aos religiosos não se envolverem com a injustiça social; “despertar as consciências para o drama da miséria e para as exigências de justiça social do Evangelho e da Igreja (...) convidando para a aproximação dos pobres na sua condição de pobreza”33, deve evangelizar o político, contudo sem se envolver e se comprometer em política partidária.
“Competência dos leigos”34: Os leigos não é o prolongamento da ação da Hierarquia. Tem o seu lugar dentro da igreja. São simplesmente seculares. Agem em nome de Jesus Cristo. Sua ação é no mundo na promoção da justiça e do bem comum. Agem com justiça, não só denunciando a injustiça. “Quando os leigos se reúnem, fundam um movimento de Ação, Justiça e Paz, por si mesmos, fazem seus trabalhos, suas campanhas, como hoje em tantas comunidades cristãs, estão usando de um direito e exercendo um dever” 35, pois o leigo tem autonomia para tal sem ser preciso do aval de seu superior porque ele faz parte da Igreja. O leigo pode fazer parte da política partidária, mas a luz do Evangelho e da fé não deve se filiar a qualquer partido. O partido escolhido deve ser aquele que mais favorece ao pobre visto que a Igreja já fez a sua escolha pelos pobres, por uma sociedade mais fraterna e justa. Lutar pela justiça. Se envolver nos movimentos de sua Igreja. O que percebemos é que há um
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31 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 54-55.
32 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 55.
33 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 55.
34 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 55.
35 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 56.
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envolvimento maior dos leigos nas atividades da Igreja Católica nos últimos anos, liderando grupos familiares, encontros de casais, Comunidades Eclesiais de Bases e ministrando em velórios etc.
9.1 Uma Igreja Patológica em Mutação:
As perguntas a serem respondidas são: A origem do catolicismo se deu quando? O catolicismo tem, é uma continuidade da igreja, do Cristianismo primitivo? Por que o catolicismo entrou em decadência nos últimos séculos? O que é o catolicismo? Boff após analisar exaustivamente as questões levantadas pelos protestantes: Quando do surgimento do catolicismo, reconhecendo a contribuição que os mesmos deram para despertar a Igreja Católica do comodismo teológico, doutrinário e prática do Evangelho, considerando as teorias de Adolf von Harnack; Rudolf Sohm; Ernst Troeltsch; Ernst Käsemann e Heinrich Schlier que questionam a origem do catolicismo, a sucessão apostólica, a apostolocidade no ensino da verdade e pureza do Evangelho, continuidade histórica e doutrinária, bem como seus pressupostos que o Cristianismo e o Catolicismo tem uma relação intrínseca; que não existe Cristianismo sem o catolicismo; que a Bíblia é produto do catolicismo e o mesmo está sempre a serviço do Cristianismo 36; Boff concluiu que o problema do catolicismo é de eclesialogia em que na história se concretizou o Cristianismo no catolicismo e o catolicismo no Cristianismo institucionalizado, todavia a
mercê dos estudos exegéticos e dentro de uma visão mais estritamente histórica, tendem afirmar que a Igreja como instituição não estava nas cogitações do Jesus histórico, mas que ela surgiu como evolução posterior à ressurreição, particularmente com o processo progressivo de desescatologização 37.
Ele chega algumas conclusões quando afirma que:
a Igreja como realidade histórica é sinônimo de catolicismo. A Igreja ou o catolicismo é a tradição do Evangelho para a vida concreta dos que crêem, assim como os quatro evangelhos e a pregação apostólica também o eram. Igreja e catolicismo resultam da história da atuação do Evangelho em todos os setores da vida humana (...) Evangelho, bem entendido, não é sinônimo de Igreja. Mas também não pode ser entendido sem ela. (...) O catolicismo apareceu como um
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36 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 110-123.
37 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 123.
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princípio, princípio de encarnação do cristianismo na história. Ele é mediação do cristianismo. O problema fundamental reside em como pensar esta mediação. Por um lado ela é o próprio Evangelho concretizado e por outro não é o Evangelho 38.
Boff encontra contradições entre o Evangelho e a Igreja; entre a Igreja e o Cristianismo a ponto de afirmar que:
a igreja católica apostólica romana é por um lado a igreja de Cristo e por outro não o é (...) porque não pode pretender se identificar exclusivamente com a igreja de Cristo, porque esta pode subsistir também em outras igrejas cristãs 39.
Como vimos acima, Boff admite que haja outras igrejas cristãs além do catolicismo. O que é raro nos teólogos tanto Católicos olharem para os protestantes como cristãos autênticos, bem como os teólogos protestantes verem o catolicismo como Igreja cristã genuína.
Apesar de Boff reconhecer que há igreja cristã fora do catolicismo e perceber a contradição que há dentro do catolicismo: A Igreja de Cristo e a dos homens. A Igreja que se identifica com o Evangelho e o Evangelho que não se identifica com a Igreja, bem como o Cristianismo que não se identifica com o catolicismo e o catolicismo que não se identifica com o Cristianismo e de levantar a seguinte questão: “Que autoridade possui o catolicismo primitivo sobre o posterior?”40. Conclui que não há diferença entre ambos. Sai em defesa da Igreja a qual ele milita que o catolicismo é marco referencial e autoridade sobre as demais igrejas. Admite contradição dentro do Novo Testamento, porém alegando que isso faz parte do processo que caracteriza a Igreja que é diversa, mas única e não uma unidade. A Igreja precisa ter coragem para formar seus dogmas, formular sua mensagem para a comunidade para que a sociedade capta a fé para viver em amor e testemunhar da esperança. Que a Igreja deve denunciar aquilo que não coaduna com a realidade do Evangelho ou com a mensagem do Senhor, mas pondera o seguinte: “A afirmação dogmática é legitima e também necessária
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38 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 124.
39 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 124-125.
40 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 126.
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em razão de ameaças de heresias e de perversão da experiência cristã (...) A dogmatização exclusiva do texto é sempre uma forma patológica de uma verdade” 41. Admite que o Novo Testamento não é dogmático, que há até contradição teológica e doutrinária, pois isso não deve ser relevante para a Igreja, mas para a fé e a unidade em torno dessa fé. Ser Católico é aceitar e conviver com as deferentes correntes de interpretações.
9.2 O Catolicismo Romano Oficial e o Popular:
A sociedade Católica reconhece e valoriza a mediação tanto do clero como da Igreja entre Deus e os homens, através do catolicismo oficial que é a Liderança Hierarquizada. É piedoso o que caracteriza a fé. Sai em procissão, acende velas e venera os santos. Tem toda essa prática como Evangelho e como meio de salvação que é a diversificação da Igreja. Mas esse catolicismo popular não é reconhecido como oficial, não faz parte da elite e do poder. O catolicismo popular não é um desvio do oficial, é apenas diferente em suas práticas e maneira de ver a religião. Isso fica claro quando Boff cita J. Comblin em nota de roda-pé que diz:
A diferença entre o catolicismo dos clérigos e o catolicismo popular consiste apenas nisto, que os clérigos imaginam que seu cristianismo é puro e o único verdadeiro autêntico, e os outros não tem a problemática de ortodoxia, nem de autenticidade (...) As formas populares merecem tanto respeito quanto às formas oficiais. A conversão ao cristianismo não se fará por imposição a todos de um cristianismo oficial definido a priori pelos clérigos e sim pelo contato renovado com o Evangelho (...) Não devemos destruir o catolicismo popular 42.
Para Boff o catolicismo popular romano está ligado ao oficial através do clero, das doutrinas, dos santos e dos Sacramentos. Pode apresentar algum tipo de patologia diante de suas experiências religiosas que põem em perigo a identidade da Igreja que está em busca de segurança pendendo para práticas fetichistas e mágicas. Todavia toda essa diversidade faz parte da Igreja, pois a mesma é capaz de conviver e aceitar as diferentes manifestações religiosas. Todavia vemos a seguir o pensamento de Boff quanto ao que considera tradicional e tradicionalismo dentro da igreja.
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41 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 127-128.
42 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 142.
9.3 Mais Tradicional e Menos Tradicionalismo: 33
O catolicismo atual não é suficientemente católico-romano, no sentido da identidade descrita acima. Ele é por demais catolicístico e re-acionário, pouco fiel a sua grande tradição e obsessionado por suas tradições menores e recentes. Não é suficientemente tradicional e é demasiadamente tradicionalista 43.
Daí a dificuldade de se abrir ao catolicismo popular. O grupo pequeno detentor do poder se fecha impedindo que a Igreja seja dinâmica e atraente em suas atividades, por isso que surgiram os Grupos Familiares (encontros de casais), Comunidades Eclesiais de Bases etc, grupos voluntários que surgiram dentro das comunidades por causa do excesso de tradicionalismo. Surgindo dentro desses grupos o sincretismo religioso o que veremos a seguir.
9.4 A Favor ou Contra o Sincretismo Religioso?
O que é sincretismos do ponto de vista de Boff? Depende como os vêem se positivos ou negativos; verdadeiros ou falsos; como uma ameaça a ser evitada ou um processo normal e natural na igreja. O que é sincretismo? Quero me basear em uma nota de roda-pé que Boff faz referencia em seu livro: (Igreja: Carisma e Poder) que significa: “Palavra do grego arcaico para designar mesclar, misturar, harmonizando (doutrinas, filosofias etc)” 44.
Boff fala de vários tipos de sincretismos45. O sincretismo por adição que é a alternância de crenças, que caracteriza aquela pessoa que freqüenta vários cultos de práticas, crenças e doutrinas diferentes. Por acomodação: Foi o caso dos escravos dominados que tiveram que acomodarem suas crenças, suas entidades, seus ritos, suas festas e suas divindades aos santos católicos. Por mistura: Todo sincretismo implica em mistura de credos, crenças, deuses que trazem, às vezes, confusão. Por concordismo: É usar meios diversos na tentativa de se chegar a Deus. É querer harmonizar as diferenças religiosas para fazer uma religião universal. Criar uma religião que beneficie a todos, todavia fazendo dela uma religião superficial e arranjada. Por tradição: É utilizar elementos que lhes interessam: culto, tradições
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43 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 144.
44 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 146.
45 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 145-171
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de outras religiões para expor sua própria mensagem. Por refundição: A religião se abre ao processo para receber elementos de outras religiões, assimila, reinterpreta, redefine e infunde em seu sistema, podendo influenciar ou ser influenciada pelo meio em que vive. No Brasil isso é muito comum diante da diversidade de credos existentes de procedência africana, indígena e etc.
Para Boff, o Cristianismo está repleto de sincretismo religioso. Para o catolicismo o sincretismo só existia nas outras religiões, mas os estudos comprovam que o catolicismo que pretende ser o Cristianismo verdadeiro é repleto de sincretismo religioso tanto quanto as demais religiões. Boff cita P. Stockmeier que faz a seguinte afirmação: “o catolicismo configura um ‘sincretismo grandioso e infinitamente complexo’” 46, suas festas, seus ritos, suas tradições e seu conteúdo religioso. Nenhuma religião foi revelada por Deus pura, santa, sem influencias do meio em que vivia; Deus usou os homens com suas culturas, com sua personalidade, com suas emoções e com o seu grau de conhecimento. Uns mais intelectuais, outros menos. Para Boff tanto o Antigo como o Novo Testamento tem influencias culturais, filosóficas e religiosas de seu tempo. Cristo é puro, as religiões não! Para Boff o sincretismo faz parte da teologia, da fé cristã e da salvação universal que Jesus Cristo oferece aos homens através de sua cultura, religião, ritos, doutrinas, tradições, ética e do convívio social.
9.5 O Sincretismo é Verdadeiro ou Falso?
Dependerá de critérios. Critérios esses que estão intrínsecos nas religiões que podem levar a dois desvios: “O da religião sem fé ou da fé sem religião” 47. A religião fechada em si mesma é a demonstração de patologia da religião sem fé. A nível psicológico, a religião serve como amuleto para compensar as frustrações humanas e gerar falsa segurança. A religião patológica exerce a função psíquica e não se abre para as revelações divinas. A nível intelectual descamba para uma pretensa gnose querendo enquadrar a revelação divina em fórmulas e dogmas puristas. Do ponto de vista ético leva ao legalismo, farisaísmo buscando a justificação no esforço próprio e na prática das boas obras. Esse tipo de religião aniquila a fé, a liberdade, a revelação divina e suas ações são opressoras a consciência dos seguidores.
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46 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 151.
47 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 161.
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Patologia inversa. A fé que pretende ser pura, aberta a revelação divina, mas descarta a religião como desnecessária, reduzindo a fé a um individualismo inoperante descartando o sentimentalismo que há na religião, fazendo do fiel um desumanizado, gerando distorções como o descompromisso ético, religioso e social. Fé e religião, religião e fé precisam andar juntas. São inseparáveis!
Um dos critérios para que o sincretismo religioso seja verdadeiro é quando ele é incorporado na fé cristã. Quando deixa de ser o que era e passa a fazer parte do conteúdo da fé cristã. O que é chamado de conversão. Todavia poderá ocorrer o contrário, o cristão se converter ao paganismo, ao invés do pagão se converter ao Cristianismo que para Boff o Catolicismo e o Cristianismo, o Cristianismo e o Catolicismo formam uma unidade; portanto conversão seria aceitar os ensinamentos, os dogmas, a tradição e o catolicismo como verdade absoluta do Cristianismo; quando o cristão é que se converte ao paganismo esse sincretismo será falso. Para Boff o catolicismo é tão simpático ao sincretismo religioso e assimila-o de tal maneira que compromete sua identidade e a fé cristã. Já os protestantes, pondera Boff, comportam-se de maneira critica, depurando e rejeitando o sincretismo, todavia, sem base na Palavra de Deus 48, pois ele pensa que o sincretismo é bom e saudável para a religião quando afirma:
tudo aquilo que ajuda a liberdade, o amor, a fé e a esperança teologais, isso representa um sincretismo verdadeiro e encarna na história a mensagem libertadora de Deus (...) Um Cristianismo doutrinário não tolera o sincretismo, dogmatiza o próprio sincretismo (...) Toda cultura é boa para dentro dela testemunhar a salvação conseguida para todos por Jesus Cristo. Daí a necessidade de haver um Cristianismo yoruba, umbandista, ameríndio etc 49.
O verdadeiro sincretismo religioso exclui toda sorte de magia, fetichismo e politeísmo, pois não encontram fundamento ou base nas Escrituras e devem ser abolidas da vida cristã. As Escrituras são os critérios para avaliar se o sincretismo religioso é falso ou verdadeiro.
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48 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 165.
49 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 167-168.
36 9.6 A Igreja de Uma Classe Social ou Para Todas as Classes?
Perguntas que incomodaram João Huss e Martinho Lutero que precisam incomodar a igreja hoje: “Em que grupo se realiza a verdadeira igreja cristã? Como discernir a verdadeira da falsa igreja?” 50. Apesar de Boff deixar claro que a igreja já faz uma opção pelos pobres através do Concílio Vaticano II e das Conferencias de Medellín e Puebla, todavia ele também argumenta que a igreja verdadeira é aquela que é acessível a todas as pessoas, inclusive aos rudes. A verdade que a Igreja prega deve ser conhecida mais do que a própria Igreja. Boff ainda que questionador ferrenho e crítico do sistema Católico ele não consegue deixar de pensar como Católico quando se refere à catolicidade e a apostolocidade da igreja, concordando com o argumento da Igreja quando diz ser a única igreja verdadeira. O que fica claro é que a Igreja busca o que lhe traz mais vantagens e lhe interessa o que fica claro quando afirma: “Vejamos, rapidamente, como a Igreja se articulou ora com o bloco hegemônico ora com as classes subalternas”51, mas no decorrer da história o poder foi concentrando nas mãos de uma minoria sendo preteridos os pobres e os sem conhecimento ou cultura, o que não acontecia na igreja primitiva, pois todos participavam das decisões em assembleias.
Quando aprofundamos o estudo, a pesquisa, o conhecimento sobre o que é a Igreja Católica, como funciona do ponto de vista de Boff, católico por convicção e corajoso por obstinação em assumir e afirmar que a sua igreja é um campo religioso-eclesiástico que encerra em si uma inegável contradição: Por um lado se realiza historicamente nos quadros de um modo dissimétrico de produção simbólica, acolitando a sociedade capitalista, por outro o ideário básico convoca para um modo de produção simétrico, participado e fraterno. Porque a Igreja vive esta contradição, sempre é possível nela a irrupção do profeta e do espírito libertário que a faz se encaminhar na direção daqueles grupos que buscam relações mais justas na história e se organizam nos marcos de uma prática revolucionária. É o que ocorre presentemente com a Igreja nas bases 52.
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50 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 172.
51 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 178.
52 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 180.
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Boff consegue detectar com maestria os dilemas e os conflitos internos que sua Igreja vive. Ele vê os conflitos de interesses, de classes e em busca de poder, poder esse concentrado no papa, nos cardeais, nos bispos e nos sacerdotes que para ele apesar de trazer “a unidade, santidade, catolicidade e apostolicidade”53. A unidade que esconde alguns problemas se realiza na uniformidade da mesma doutrina, discurso, liturgia, ordenação eclesiástica e moral. Unidade essa que transfigura e oculta os conflitos sociais e intra-eclesiáticos o que Boff vem expor a seguir:
A unidade da Igreja vem definida como comunhão do povo com a hierarquia, mas o inverso quase nunca é pronunciado, comunhão da hierarquia com o povo. O discurso será um discurso unitário e ambíguo: unitário ocultando os conflitos que de si gerariam diversidade de discurso; ambíguo atendendo as várias demandas e conservando destarte o bloco coeso; o discurso parcializado introduziria a possibilidade de manifestação do conflito. Este discurso unitário e ambíguo geralmente se concentra em temas não-conflitivos, privilegia a harmonia, nega explicitamente a existência ou a importância da divisão de classes ou nega a legitimidade das lutas dos dominados em busca de sua liberdade seqüestrada, se inflaciona com apelos ao sobrenatural e à observância moral. A unificação das classes dentro de uma mesma Igreja é meramente simbólica com a função de favorecer sócio-politicamente às classes dominantes 54.
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53 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 180.
54 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª. Edição. Petrópolis, Vozes, 1982. 249 p. p. 181.
10 O FUTURO DA IGREJA: 38
“Que futuro é destinado a este modelo de igreja?” 55. O modelo atual está superado, saturado, rejeitado e precisa, portanto ser mudado. A Igreja precisa se libertar do tradicionalismo que faz com que a mesma se torne pouca simpática ao homem moderno e crítico, elaborando um novo modelo de fé para responder esse homem capitalista. O futuro da Igreja depende, está coligado ao destino da sociedade moderna. Ela precisa evangelizar o homem moderno a partir dos valores e da ótica própria da modernidade. Dependerá da relação da Igreja com a sociedade em que a mesma convocará os ricos a ajudarem e repartirem suas riquezas com os pobres, tarefa difícil e árdua, pois quem tem quer ter mais, pois esta é a mentalidade do homem moderno e capitalista, mas é preciso alimentar a esperança, ter consciência das críticas e denuncias quanto às distorções. A igreja necessariamente terá que fazer uma opção pelos pobres, pois são injustiçados e indefesos, mas ao mesmo tempo sensibilizar os ricos que precisam repartir as suas riquezas para atenderem as necessidades dos pobres. Se a Igreja lida com essas distorções dos direitos humanos e injustiça social, já a mensagem do Senhor Jesus incluía, promovia, convidava e garantia a liberdade aos seus seguidores, (Jo. 8:32; Tia. 1:25 e Gal. 5:1). Não basta modificar as consciências para mudar a estrutura da Igreja. Não bastam novas idéias e práticas diferentes, mas já é um caminho para uma nova visão e leitura da necessidade de mudanças. A igreja precisa pensar em “Fome de Deus: Sim! Fome de pão: Não!” 56.
A Igreja precisa viver o que prega e pregar o que vive! A fé que Tiago prega no capitulo dois em sua carta se não levar a ter um compromisso com a fome dos pobres, ela será estéril e morta. Uma fé sem compromisso é uma fé demoníaca que não livra ninguém do inferno. “A fome de Deus gera energias humanas e espirituais para o compromisso contra a fome de pão” 57. E essa energia precisa ser canalizada para ajudar aqueles que não tem como ajudarem a si mesmos.
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55 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª Edição. Petrópolis, Vozes, 1982, 249 p, p. 22.
56 – BOFF, Leonardo. E A Igreja Se Fez Povo. Edição Integral. São Paulo, Círculo do Livro, 1986, 226 p, p.19.
57 – BOFF, Leonardo. E A Igreja Se Fez Povo. Edição Integral. São Paulo, Círculo do Livro, 1986, 226 p, p.20.
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A história mostra que a fé sempre foi sensível aos pobres, aos ofendidos e se colocou tanto em defesa como para ajudá-los é o que Boff se refere a seguir:
Criou hospitais, escolas, organismos de assistência a todo tipo de carência. Houve épocas em que ela se associou aos que tinham para melhor ajudar aos que não tinham. É a longa história da caridade e da misericórdia (...) Por onde devem começar estas mudanças? Qual é o sujeito principal do projeto transformador? 58.
É a Igreja que nasce da ação do povo, nas Comunidades Eclesiais de Bases onde o pobre se levanta, se descobre a sua dignidade, o seu potencial, toma consciência da situação ao seu redor e se une para a sua libertação. É ali que se discutem os seus problemas que os afligem, onde se forma opinião. Ninguém pode negar o direito do cristão de pensar, de praticar sua fé no contexto social em que ele vive. Com certeza essa Igreja será uma Igreja popular; uma Igreja serviçal; uma Igreja do povo e para o povo. A Igreja que prioriza Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito é a Igreja que saberá a razão o porquê de ser Igreja. A Igreja precisa ser comunitária, solidária em torno de uma fé comum que enche o povo de ânimo, entusiasmo e trabalha em prol da própria Igreja 59. Para que a Igreja seja comunitária ela precisa ser miscigenada pelas classes sociais. Nessa Igreja há mais alegria, mais felicidade e mais auto-realização. O povo sente-se povo de Deus porque Deus o escolheu ou porque o povo escolheu a Deus. O mesmo sentimento que houve na igreja primitiva que não era novo povo de Deus, mas o povo de Deus verdadeiro. Havia uma identidade cristã (At. 24:5; 28:22). Um povo formado de todos os povos. O povo de Deus são aqueles que são fiéis. Quando o povo de Deus é excluído do poder da igreja, deixa de ser o povo de Deus para ser uma massa de fiéis. Para que a igreja seja constituída do povo de Deus esse povo precisa ter uma consciência, participação na vida, nas decisões da Igreja e comunhão em comunidade. Essa consciência, essa participação nas decisões da Igreja, bem como a comunhão em comunidade se dará quando o povo se reúne, se organiza em grupos e em Comunidades Eclesiais de Bases. É aí que nasce a igreja popular, fraterna e realizadora. A Igreja que nasce do povo para o povo. Essa Igreja tem características próprias:
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58 - BOFF, Leonardo. E A Igreja Se Fez Povo. Edição Integral. São Paulo, Círculo do Livro, 1986, 226 p, p. 21.
59 - BOFF, Leonardo. E A Igreja Se Fez Povo. Edição Integral. São Paulo, Círculo do Livro, 1986, 226 p, p. 45-46.
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Amar dentro dos conflitos de classes, esperar frutos que virão somente num futuro longínqua, solidarizar-se com as camadas oprimidas, obedecer asceticamente as decisões assumidas comunitariamente e, por fim, estar dispostos a dar a sua própria vida em fidelidade ao Evangelho e aos irmãos oprimidos 60.
A Igreja do futuro terá que nascer da fé do povo. De uma consciência que se precisa mudar e se estruturar para que a justiça reine socialmente. Uma Igreja que experimentará meios de evangelização e um deles são as Comunidades Eclesiais de Bases, lugar onde o religioso evangelizará, onde ele viverá a sua fé cristã, onde os leigos terão acesso aos Sacramentos, onde se distribuirá o poder que está centralizado, onde o povo expressa a sua fé de maneira espontânea e sagrada. A Igreja onde o povo exerce a democracia real. Onde o povo encontrará a “koinonia”, a profecia e a “diakonia”. Valoriza o pobre, não no sentido de carência, mas a falta de relevância na história. “Não se trata mais de uma Igreja para os pobres, mas de uma igreja de pobres e com os pobres” 61. Assim sendo a igreja se torna mais real, prática, justa, defensora dos direitos humanos, da justiça social e da libertação total do homem decaído. “Uma Igreja a altura dos desafios históricos” 62. Essa Igreja vai necessariamente redefinir o papel de seus líderes, o que é o Reino de Deus; vai criar novos ministérios para melhor servir.
Uma Igreja libertadora que penetra nos problemas das periferias das grandes cidades, que seja mais evangélica, mais serviçal para enfrentar os grandes desafios que a sociedade impõe, mais responsável e mais adulta no que pensa e quer. “Uma Igreja só pode se considerar adulta quando dispõe de uma reflexão séria que acompanha suas práticas” 63.
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60 - BOFF, Leonardo. E A Igreja Se Fez Povo. Edição Integral. São Paulo, Círculo do Livro, 1986, 226 p, p. 63.
61 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª Edição. Petrópolis, Vozes, 1982, 249 p, p. 26.
62 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª Edição. Petrópolis, Vozes, 1982, 249 p, p. 26.
63 - BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª Edição. Petrópolis, Vozes, 1982, 249 p, p. 31.
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS: 41
PRIMEIRA – A igreja deve denunciar com vigor a situação de injustiça, de opressão atual e as causas que as provocam, a ideologia de um progresso científico, tecnológico desmedido que escraviza os pobres. Todavia, a igreja tem sido acomodada diante da situação e quando se posiciona o faz para apoiar o status quo. Daí, no pensamento de Boff, ser a Igreja co-responsável pela injustiça social, pela pobreza, pela situação atual de dominação e dependência tanto da igreja para com os ricos, bem como dos pobres para com a igreja. A igreja ensinou o povo a ser passivo e pacifico, aceitando a pobreza, a miséria e a injustiça social como sendo normal, visto que a cultura do Continente Latino Americano é católica por formação. A igreja acomodou-se no decorrer da história com os privilégios desfrutados advindos do poder político não denunciando o abuso de poder e as injustiças cometidas contra os pobres e indefesos. O descaso foi tão grande que via os índios como infiéis, como não humanos e como irracionais. Entretanto, nas ultimas décadas a igreja tem se despertado para essa realidade que estamos vivendo no Continente Sul Americano e tem se preocupado em reparar o seu pecado. Ela tem buscado o bem-estar do homem através das Comunidades Eclesiais de Bases, formando opinião, conscientizando através das pastorais, dos movimentos que ela tem apoiado, entretanto, não basta ao homem e a igreja conscientizarem-se dos instrumentos causadores de males e pecados aos homens, é preciso transformá-los. Ainda que o homem esteja liberto, ele não está livre de todas as opressões e pecados. A igreja a qual esse homem liberto faz parte e que leva a libertação, ainda não entrou na glória, está ainda a caminho da glória, portanto está sob a influencia do pecado, todavia, a libertação deve começar enquanto aqui vive. O Senhor Jesus não prometeu libertação só para o futuro pós morte. Ele prometeu libertação para esta vida também e em (Jo. 8:32) o Senhor Jesus é claro quanto a isso. Uma das consequências do pecado foi que destruiu a harmonização do homem para com os homens e dos homens para com Deus. É por isso que o homem sempre está necessitando de perdão. É preciso mudar as estruturas sociais, inclusive da Igreja, para que os pecados sociais cessem.
SEGUNDA – A igreja deve anunciar a libertação na sua integridade que está além da história, porque o Reino de Deus não é um simples prolongamento deste mundo, ele será glorioso e institucionalmente diverso para tornar-se deveras a pátria divina do homem e a
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igreja é a responsável para difundir o Reino de Deus entre os homens visto que a igreja é o próprio Reino de Deus.
TERCEIRA – A igreja deve buscar estratégias para dar início a libertação já neste mundo, pois a escatologia não começa no fim do mundo, mas já está presente nos fatos históricos. Cristo veio para dar uma resposta adequada aos anseios dos homens oprimidos. Anunciando libertação do legalismo, do espírito de vingança, criando uma nova solidariedade e novos valores, trazendo um relacionamento verdadeiramente fraternal entre os homens. A libertação precisa acontecer principalmente no campo sócio-político, libertação do pecado, da opressão e da falta de liberdade dentro e fora da igreja.
QUARTA – A Proposta de Boff é de uma igreja nova, que nasce do povo para o povo, onde o povo seja ouvido e tenha poder de opinar e decidir sobre o destino de sua igreja. Uma igreja renovada através do Movimento Carismático, das Comunidades Eclesiais de Bases e se essa igreja que nasce da periferia, uma igreja do povo para o povo entender que precisa ser desobediente ao clero para ser obediente a missão, ao Evangelho, ao Espírito Santo e a Jesus Cristo, que seja desobediente. A igreja hierarquizada e institucionalizada é estéril, portanto não cumpre a missão dada pelo Senhor, de fazer do pobre injustiçado um cidadão do Reino de Deus, daí a necessidade da transformação da igreja ou de uma nova igreja que atenda os anseios do povo, ande com o povo e o povo ande com a igreja.
QUINTA – Boff reconhece e deixa claro que as igrejas do Novo Testamento eram diversas e de modelos diferentes. Algumas mais institucionalizadas, outras, porém mais carismáticas. Umas com o poder decisório mais centralizado nos presbíteros e nos bispos, outras com a participação maior do povo nas decisões. Esse modelo de igreja é o que Boff deixa claro em seus escritos que quer para a igreja a qual ele faz parte. Uma igreja mais democrática, congregacional, onde o povo que ele chama de fiéis e religiosos tenha o direito de opinar, de participar das decisões e do ruma da igreja juntamente com o clero, o que não acontece, não é consultado e quando consultado não se leva em consideração às considerações dos congregados, pelo contrário tem sido mutilado em seus direitos básicos como cidadãos.
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SEXTA – A eclesiologia de Boff é tipicamente católica e não poderia ser diferente, visto que toda a sua formação e convicções são católicas. Quando ele afirma que Catolicismo e Cristianismo estão interligados, tem uma relação intrínseca de tal maneira que um é a continuação, extensão do outro, isso se deve a sua convicção de que o catolicismo é a única igreja, religião que tem relação direta com os Evangelhos, com a igreja primitiva e com os pais da igreja, o que leva a concluir que Boff parte de pressupostos que as demais igrejas ou religiões não têm essa ligação, com a ressalva que ele reconhece que os protestantes praticam mais os ensinamentos dos apóstolos do que os católicos. Quanto a essa suposta ligação apostólica defendida por Boff é discutível, pois é uma ligação basicamente histórica e quase que exclusivamente com a igreja primitiva em Roma, já que essa ligação histórica não há com as igrejas como de Jerusalém, Antioquia e tantas outras fundadas pelo Apóstolo Paulo. Todavia não basta somente uma ligação histórica para fazer desta igreja a detentora da verdade do Evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ligação com o Novo Testamento, com as igrejas primitivas e com os pais da igreja precisa ser muito mais quanto aos princípios, quanto às verdades defendidas, quanto às doutrinas de Cristo ensinadas e quanto à pureza do Evangelho do que uma ligação simplesmente histórica. Olhando por esse lado, as igrejas protestantes ainda que não tenha a ligação histórica, todavia tem a ligação quanto à pureza e as verdades pregadas encontradas nos Evangelhos.
SÉTIMA – Boff afirma que a Bíblia é resultado da igreja católica e está a serviço do encontro da salvação em Jesus Cristo. Que a Bíblia está a serviço do encontro da salvação em Jesus Cristo isso é inquestionável. Que a Bíblia é resultado da igreja católica, essa afirmação é questionável, se não vejamos: A Bíblia é resultado da iniciativa e a ação de Deus desde a sua inspiração aos que a escreveram como resultado da revelação progressiva de Deus na história, revelação essa que começou antes da existência da igreja católica apostólica romana e o fechamento de seu cânon não dependeu somente da igreja, mas dos judeus também. Portanto não é resultado somente da igreja católica, mas da ação de Deus na história de seu povo. A Bíblia não é patrimônio de uma igreja ou de uma religião, ela é patrimônio universal, não só pelos milhares de anos de sua existência, bem como sua mensagem é extensiva a todos os humanos de todos os tempos desde que foi escrita. É questionável também quando ele dá o mesmo valor, equipara a tradição da igreja com a Palavra de Deus.
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OITAVA – Quando Boff diz que a igreja surgiu porque Jesus Cristo não implantou o Reino de Deus por causa da recusa dos judeus a Cristo e ao Reino de Deus, leva o leitor de Boff a concluir ou a questionar que a igreja não estava nos planos do Senhor Deus Pai e Deus Filho. Que a igreja surgiu por causa de um acidente, como um plano para substituir, socorrer o que não deu certo, o que falhou. Portanto Jesus Cristo não tinha conhecimento de causa e o porquê veio a este mundo. Isso contraria o que está escrito no Novo Testamento e a Própria palavra do Senhor Jesus que encontramos em (Mat. 3:2; 4:17; 10:37; 16:16-19; 18:17; João 19:30 e Atos 5:11). Queremos afirmar que o Senhor Jesus tinha conhecimento de causa, que Ele sabia que seria rejeitado pelos judeus desde quando começou o seu ministério terreno e que seria o inaugurador do Reino de Deus entre os homens, pois Ele era onisciente, portanto, sabedor do futuro que ainda não tinha sido revelado ao homem. Esse mesmo Jesus que veio implantar o Reino de Deus e implantou se não na nação judaica, mas o implantou na vida de todos quantos o aceitaram como o filho de Deus, como o Único e Eterno Salvador, a igreja estava nos planos do Senhor, sim! Igreja essa que não é o Reino de Deus, mas o Corpo de Cristo que tem como função primordial anunciar as maravilhas do Reino de Deus em Cristo Jesus.
NONA – A coragem e a sinceridade de um teólogo católico em questionar, discordar e apontar onde a sua igreja falhou e está falhando como igreja de Cristo em sua missão de anunciar a libertação que há em Cristo e na igreja, porque a mesma perdeu a visão do Reino de Deus pelos envolvimentos com os políticos, com os poderosos no decorrer da história do Cristianismo e ao escolher o modelo administrativo para a igreja do Império Romano, tornando-se hierarquizada e institucionalizada. Assim sendo, afastou-se, distanciando-se do povo que mais precisa da igreja que são os pobres em sua defesa diante das injustiças, sendo ela mesma uma das causadoras de injustiça. Boff se coloca como a voz dos sem voz e por isso pagou o preço por causa de sua sinceridade.
DÉCIMA – A santidade para a igreja está na obediência, na submissão, na humildade, na reverência total à Igreja (ser batizado ou religioso para servir à Igreja). É bem verdade que Boff faz referencia que essa não é a verdadeira santidade, pois que postula a criticar a relação de poder na igreja que está sujeita a violência, a processo canônico, até a excomunhão e isso jamais é característica da santidade na igreja. Para ele santidade não são obediência e submissão cegas à igreja, mas uma pureza de vida para com Deus. Quanto a isso temos que
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concordar com Boff, pois consideramo-o muito feliz nessa afirmação O que é ser santo do ponto de vista do Novo Testamento? Ser santo é ser sagrado, consagrado ou dedicado a Deus. É o que Jesus deixa bem claro quando fala para os fariseus da oferta no altar em (Mat. 23:16-20). É quando a pessoa conhece a Jesus Cristo pela conversão e O aceita como salvador e Senhor de sua vida; quando o Senhor Jesus Cristo o chama para fora do mundo como sistema pecaminoso para viver no mundo, porém agora para o Senhor. No momento que recebe o Senhor como seu salvador passa habitar nele o Espírito Santo que o faz santo. Ser santo é estar em uma busca constante de plena comunhão com o Senhor, o que o Apóstolo Paulo recomenda aos (Col. 3:1-12). É o desejo de ser puro para, ser obediente ao Seu Senhor.
DÉCIMA PRIMEIRA – Escrever sobre qualquer linha de pensamento de Boff é uma tarefa bastante difícil, pois há o risco de se cometer injustiça ou equívoco diante da riqueza de conteúdo e por ser ele um teólogo pensante, questionador, filósofo, de um conhecimento profundo e prático. Portanto corremos o risco de não alcançarmos os objetivos propostos. Além do tema que nos propomos tratar, A Eclesiologia em Leonardo Boff, fica como desafio para os leitores desta pesquisa explorar este e outros temas dentro do pensamento de Boff, tais como: A Teologia em Leonardo Boff; A Justiça social; A mulher e Sua Atuação na Igreja; A Obra do Espírito Santo na Igreja; A Autoridade Eclesiástica; A graça de Deus; O Marxismo na Teologia de Boff; A Utopia e as Implicações na Teologia de Boff. Em fim, espero que esta pesquisa se não enriquecer o conhecimento do querido leitor, que pelo menos sirva de incentivo para alguém ampliar e abordar outros temas desse grande teólogo que é Boff.
BIBLIOGRAFIA: 46
01 – BOFF, Leonardo. Igreja: Carisma e Poder. 3ª Edição. Petrópolis, Vozes, 1982, 249.
02 – BOFF, Leonardo. E A Igreja Se Fez Povo. Edição Integral. São Paulo, Círculo do Livro, 1986, 226 P.
03 – BOFF, Leonardo. Jesus Cristo Libertador. 1ª Edição. Petrópolis, Vozes, 1982, 285 p.
04 – BOFF, Leonardo. Eclisiogênese. 1ª Edição. Petrópolis, vozes, 1977, 113 p.
05 – BOFF, Leonardo. Paixão de Cristo Paixão do Mundo. 2ª Edição. Petrópolis, Vozes, 1978, 170 p.
06 – BOFF, Leonardo. O Evangelho do Cristo Cósmico. 1ª Edição. Petrópolis, Vozes, 1971, 212 p.
07 – BOFF, Leonardo. A Ressurreição de Cristo: A Nossa Ressurreição. 1ª Edição. Petrópolis, Vozes, 109 p.
08 – BOFF, Leonardo. A Graça Libertadora no Mundo. 2ª Edição. Petrópolis, Vozes, 1977, 273 p.
09 – BOFF, Leonardo. Teologia do Cativeiro e da Libertação. 3ª Edição. Petrópolis, Vozes, 1983, 255 p.
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11 – BOFF, Leonardo. Os Sacramentos da vida e a Vida dos Sacramentos. 1ª Edição. Petrópolis, Vozes, 1975, 80 p.
12 – BOFF, Leonardo. A Vida Religiosa e a Igreja no Processo de Libertação. 2ª Edição. Petrópolis, Vozes, 1976, 101 p.
13 – BOFF, Leonardo e Clodovis Boff. Da Libertação: O Teológico das Libertações Sócio-Históricas. 3ª Edição. Petrópolis, Vozes, 1982, 114 p.
14 – GUIMARÃES, Daniel. Teologia da Libertação. 1ª Edição. Rio de Janeiro, JUERP, 1984, 197 p.
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